Jornalista, com MBA em Mídias Digitais e subeditor da Editoria de Turismo. Atua há 28 anos no jornal Estado de Minas onde ou por várias editorias: fotografia, EM Digital e Redes Sociais
O Hans Brinker não é apenas um lugar para dormir; é um meme vivo crédito: Hans Brinker/Instagram
“Valha-me Deus, me tire daqui”. Quem nunca caiu em uma roubada ao reservar um hotel pela internet e chegar no local e descobrir que se trata de uma espelunca. Muitos, usam o recurso de fotos incríveis, bem produzidas, para ludibriar os futuros hóspedes. Mas tem gente que não aprende, bastaria conferir sites como TripAdvisor ou mesmo a nota do Google para evitar uma hospedagem de horrores.
Se você já ouviu falar do autoproclamado 'o pior hotel do mundo', que, pasmem, não fica no Brasil, provavelmente está se perguntando: por que alguém abriria um lugar que se orgulha de ser uma catástrofe ambulante? Localizado numa esquina esquecida de Amsterdã, o Hans Brinker não é apenas ruim — ele eleva a ruindade a uma forma de arte. Mas será que essa fama de péssimo é genuína ou apenas uma jogada de marketing genial? Vamos mergulhar nessa bagunça com um olhar crítico e uma pitada de humor, porque, francamente, é o único jeito de sobreviver a essa história.
Mas o que torna o que torna o Hans Brinker tão “lendariamente” horrível? Primeiro, os fatos. O local, que opera como hotel e hostel desde os anos 1970, promete uma experiência “autenticamente horrível”. Quartos com colchões que parecem tábuas, papel de parede descascando como uma cebola, e um cheiro que mistura mofo com desespero. As avaliações no TripAdvisor são um show à parte: “A torneira jorrou algo que não era água”, escreveu um hóspede. Outro relatou que “o café da manhã era um pão amanhecido servido com um copo d’água morna”. E, pasmem, o Wi-Fi é cobrado à parte — e não funciona.
Mas o que realmente chama atenção é a atitude do hotel. Em seu site, eles se vangloriam: “Não espere conforto, espere histórias!”. A equipe, liderada pelo excêntrico gerente que parece adorar a fama, responde críticas com sarcasmos como: “Lamentamos que você não tenha apreciado nossa estética pós-apocalíptica”. É quase como se eles quisessem ser odiados. E, de certa forma, estão conseguindo.
Aqui entra o lado crítico. Em um mundo onde hotéis lutam por estrelas no Google, por que o Hans Brinker investiria em ser o pior? A resposta está no marketing. O hotel não é apenas um lugar para dormir; é um meme vivo. Ele atrai curiosos, influenciadores e masoquistas que querem “experimentar o pior” para contar aos amigos. Uma busca rápida no X revela posts como: “ei uma noite no Hans Brinker e agora sei como é viver em um pesadelo. 10/10, recomendo!”. Outro usuário tuitou: “É tão ruim que é bom. Tipo um filme trash que você ama odiar”.
A suspeita é que o Hans Brinker exagera sua ruindade de propósito. Há relatos de que os quartos são “estrategicamente bagunçados” antes da chegada dos hóspedes, com manchas de tinta fresca disfarçadas de mofo. Um ex-funcionário, em um post anônimo no Reddit, alegou que o café da manhã amanhecido é, na verdade, pão comprado fresco e deixado ao sol por um dia para “autenticidade”. Se isso for verdade, o Hans Brinker não é apenas ruim — é um teatro de horrores cuidadosamente orquestrado.
Amsterdã, a capital dos Países Baixos, é uma cidade muito famosa por seus canais pitorescos, arquitetura histórica e rica vida cultural. Conhecida como a "Veneza do Norte," é um centro de arte, abrigando o Museu Van Gogh e a Casa de Anne Frank. Confira os principais pontos turísticos da região: C messier/Wikimedia Commons
Museu Van Gogh (Van Gogh Museum) - Descrição: Inaugurado em 1973, o Museu Van Gogh abriga a maior coleção de obras de Vincent van Gogh, incluindo mais de 200 pinturas e 500 desenhos, oferecendo uma profunda visão da vida e obra do artista - Localização: Praça dos Museus (Museumplein) - Referências Históricas: Vincent van Gogh, um dos pintores mais influentes da história, viveu entre 1853 e 1890 Txllxt TxllxT/Wikimedia
Casa de Anne Frank (Anne Frank Huis) - Descrição: Este museu, inaugurado em 1960, preserva o esconderijo onde Anne Frank escreveu seu famoso diário durante a Segunda Guerra Mundial. O local é um poderoso memorial ao Holocausto - Localização: Prinsengracht 263-267 - Referências Históricas: Anne Frank viveu escondida aqui de 1942 a 1944 Ank Kumar/Wikimedia Commons
Rijksmuseum - Descrição: Fundado em 1800 e reaberto após uma grande renovação em 2013, o Rijksmuseum é o museu nacional dos Países Baixos, com uma vasta coleção de arte e história, incluindo a icônica pintura "A Ronda Noturna" de Rembrandt - Localização: Praça dos Museus (Museumplein) - Referências Históricas: O museu abriga obras desde a Idade Média até o Século de Ouro Holandês Marco Almbauer/Wikimedia Commons
Vondelpark - Descrição: Inaugurado em 1865, o Vondelpark é o parque mais famoso de Amsterdã, popular entre moradores e turistas para eios, piqueniques e eventos culturais ao ar livre - Localização: Distrito de Oud-Zuid - Referências Históricas: Nomeado em homenagem ao poeta e dramaturgo holandês Joost van den Vondel Expatiatrix/Wikimedia Commons
Jordaan - Descrição: Originalmente um bairro operário do século XVII, Jordaan é agora uma área chique e artística, conhecida por suas ruas estreitas, cafés charmosos, galerias e mercados de pulgas - Localização: Oeste do centro de Amsterdã - Referências Históricas: O bairro foi fundado em 1612 como parte do plano de expansão de Amsterdã Jonik/Wikimedia Commons
Heineken Experience - Descrição: Localizada na antiga fábrica da Heineken, inaugurada em 1867, a Heineken Experience é um museu interativo que oferece uma visão dos 150 anos de história da cervejaria mais famosa da Holanda - Localização: Stadhouderskade 78 - Referências Históricas: Heineken é uma das cervejarias mais antigas e renomadas do mundo Ank kumar/Wikimedia Commons
Canais de Amsterdã (Grachten) - Descrição: Construídos durante o Século de Ouro Holandês no século XVII, os canais de Amsterdã são um sistema de 165 vias fluviais que circundam a cidade e são Patrimônio Mundial da UNESCO desde 2010 - Localização: Ao redor do centro da cidade - Referências Históricas: Os canais foram construídos para facilitar o transporte e drenagem, moldando o desenvolvimento urbano de Amsterdã Dmitry Djouce/Wikimedia Commons
Praça Dam (Dam Square) - Descrição: Esta é a praça central de Amsterdã, estabelecida no século XIII, onde a cidade começou a se desenvolver - Abriga o Palácio Real, a Nova Igreja (Nieuwe Kerk) e o Monumento Nacional - Localização: Centro de Amsterdã - Referências Históricas: A praça foi o ponto de encontro para muitos eventos históricos, incluindo protestos e celebrações Txllxt TxllxT/Wikimedia
Museu Stedelijk - Descrição: Inaugurado em 1895, o Museu Stedelijk é um dos principais museus de arte moderna e contemporânea da Europa, com obras de artistas como Picasso, Mondrian e Warhol - Localização: Praça dos Museus (Museumplein) - Referências Históricas: O museu desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento e exibição de arte moderna nos Países Baixos Txllxt TxllxT/Wikimedia Commons
Oude Kerk - Descrição: A igreja mais antiga de Amsterdã, construída em 1306, é um marco histórico no bairro da Luz Vermelha, conhecida por seu impressionante teto de madeira e vitrais - Localização: Oudekerksplein 23 - Referências Históricas: A Oude Kerk foi central para a vida religiosa e social de Amsterdã durante séculos Basile Morin/Wikimedia Commons
Museu Hermitage Amsterdam - Descrição: Uma filial do Museu Hermitage de São Petersburgo, inaugurada em 2009, exibe exposições temporárias de arte e história russa e europeia - Localização: Amstel 51 - Referências Históricas: O edifício onde o museu está localizado era originalmente um asilo para idosos construído em 1681 Txllxt TxllxT/Wikimedia Commons
Bloemenmarkt - Descrição: Fundado em 1862, o Bloemenmarkt é o único mercado de flores flutuante do mundo, com uma vibrante seleção de flores, bulbos de tulipas e plantas - Localização: Singel Canal - Referências Históricas: As flores, especialmente as tulipas, têm uma longa e significativa história na cultura holandesa Véronique Mergaux/Wikimedia Commons
NEMO Science Museum - Descrição: Inaugurado em 1997 em um edifício projetado pelo arquiteto Renzo Piano, o NEMO é um museu interativo de ciência, popular entre famílias e crianças - Localização: Oosterdok 2 - Referências Históricas: O museu está localizado no porto de Amsterdã, uma área com rica história marítima Ank Kumar/Wikimedia Commons
Leidseplein - Descrição: Uma das praças mais movimentadas de Amsterdã, famosa por sua vida noturna, teatros, cafés e a presença constante de artistas de rua - Localização: Centro de Amsterdã - Referências Históricas: A praça tem sido um centro de entretenimento desde o século XIX Yozza/Wikimedia Commons
Rembrandt House Museum (Rembrandthuis) - Descrição: A antiga casa e estúdio do mestre pintor Rembrandt van Rijn, onde ele viveu de 1639 a 1656. O museu foi inaugurado em 1911 e exibe suas obras e gravuras - Localização: Jodenbreestraat 4 - Referências Históricas: Rembrandt é considerado um dos maiores pintores da história da arte europeia. Bysmon/Wikimedia Commons
Red Light District (De Wallen) - Descrição: O bairro mais famoso de Amsterdã, conhecido por suas vitrines iluminadas em vermelho, tem uma história que remonta ao século XIV. Hoje, é uma área regulamentada e culturalmente significativa - Localização: Centro de Amsterdã - Referências Históricas: De Wallen é um dos distritos mais antigos e preservados da cidade APK/Wikimedia Commons
Artis Royal Zoo (Natura Artis Magistra) - Descrição: Fundado em 1838, o Artis é o zoológico mais antigo dos Países Baixos, com belos jardins, aquário, planetário e mais de 900 espécies de animais - Localização: Plantage Kerklaan 38-40 - Referências Históricas: O zoológico foi estabelecido durante o auge do colonialismo holandês, refletindo o interesse da época pela fauna exótica Dejonkheer/Wikimedia Commons
Begijnhof - Descrição: Um dos segredos mais bem guardados de Amsterdã, o Begijnhof é um pátio tranquilo e histórico, fundado no século XIV, que serviu como residência para as Beguinas, mulheres religiosas que viviam em comunidade sem votos monásticos - Localização: Próximo à Praça Spui - Referências Históricas: A capela e as casas no Begijnhof são alguns dos edifícios mais antigos da cidade Jean-Christophe BENOIST/Wikimedia Commons
A'DAM Lookout - Descrição: Inaugurado em 2016, o A'DAM Lookout é um mirante panorâmico no topo da Torre A'DAM, oferecendo vistas espetaculares de Amsterdã e atividades como o balanço sobre o precipício - Localização: Overhoeksplein 5, no lado norte do rio IJ - Referências Históricas: A torre foi originalmente construída nos anos 1970 e serviu como sede da Shell antes de sua transformação em um centro de entretenimento Quahadi/Wikimedia Commons
O paradoxo do “pior” que lucra
As pessoas pagam por experiências ruins porque elas rendem likes Hans Brinker/Instagram
E aqui está o pulo do gato: o Hans Brinker está faturando. Muito. As diárias, que custam cerca de €25-€50 (um valor irrisoriamente baixo para Amsterdã), estão sempre esgotadas. Eles vendem camisetas com frases como “Eu sobrevivi ao Hans Brinker” e até um “kit de sobrevivência” com tampões de ouvido e uma máscara de dormir. O hotel também fechou parcerias com marcas de cerveja holandesas para eventos temáticos, como a “Noite do Caos”, onde os hóspedes pagam para dormir em quartos ainda mais bagunçados.
Críticos apontam que esse sucesso é uma prova de que vivemos na era do “capitalismo irônico”. As pessoas pagam por experiências ruins porque elas rendem likes, views e stories no Instagram. O Hans Brinker não está apenas vendendo quartos; está vendendo uma narrativa. E, nesse sentido, sua equipe é menos hoteleira e mais um grupo de gênios do marketing disfarçados de vilões.
Mas e os hóspedes? Eles merecem isso?
Nem todo mundo acha graça. Alguns hóspedes, especialmente os que caem na armadilha sem saber da fama do Hans Brinker, saem genuinamente frustrados. Uma análise de avaliações no Booking.com mostra que 20% dos comentários mencionam “falta de higiene real” e “condições insalubres”. Isso levanta uma questão ética: até que ponto é aceitável lucrar com a miséria alheia? Se o hotel está intencionalmente piorando a experiência para manter a fama, ele está brincando com a confiança dos clientes. E, em um setor onde segurança e conforto são prioridades, isso pode ser um tiro no pé a longo prazo.
O Hans Brinker Budget Hotel é um fenômeno fascinante. É ao mesmo tempo uma crítica ao turismo padronizado e uma armadilha para os que buscam autenticidade a qualquer custo. Se a ruindade é genuína ou encenada, pouco importa: o hotel conseguiu o que queria. Ele é falado, compartilhado e, acima de tudo, visitado. Mas fica o alerta: se você decidir se hospedar lá, leve seu próprio travesseiro, um nariz de palhaço e uma boa dose de paciência. Porque, no Hans Brinker, a única coisa garantida é que você vai sair com uma história — e, provavelmente, uma coceira misteriosa.