ruindade encenada

Por que 'o pior hotel do mundo' insiste em mentir em ser tão horrível?

 Se você decidir se hospedar lá, leve seu próprio travesseiro, um repelente e uma boa dose de paciência

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“Valha-me Deus, me tire daqui”. Quem nunca caiu em uma roubada ao reservar um hotel pela internet e chegar no local e descobrir que se trata de uma espelunca. Muitos, usam o recurso de fotos incríveis, bem produzidas, para ludibriar os futuros hóspedes. Mas tem gente que não aprende, bastaria conferir sites como TripAdvisor ou mesmo a nota do Google para evitar uma hospedagem de horrores.  

Se você já ouviu falar do autoproclamado 'o pior hotel do mundo', que, pasmem, não fica no Brasil, provavelmente está se perguntando: por que alguém abriria um lugar que se orgulha de ser uma catástrofe ambulante? Localizado numa esquina esquecida de Amsterdã, o Hans Brinker não é apenas ruim — ele eleva a ruindade a uma forma de arte. Mas será que essa fama de péssimo é genuína ou apenas uma jogada de marketing genial? Vamos mergulhar nessa bagunça com um olhar crítico e uma pitada de humor, porque, francamente, é o único jeito de sobreviver a essa história.

Mas o que torna o que torna o Hans Brinker tão “lendariamente” horrível? Primeiro, os fatos. O local, que opera como hotel e hostel desde os anos 1970, promete uma experiência “autenticamente horrível”. Quartos com colchões que parecem tábuas, papel de parede descascando como uma cebola, e um cheiro que mistura mofo com desespero. As avaliações no TripAdvisor são um show à parte: “A torneira jorrou algo que não era água”, escreveu um hóspede. Outro relatou que “o café da manhã era um pão amanhecido servido com um copo d’água morna”. E, pasmem, o Wi-Fi é cobrado à parte — e não funciona. 

Mas o que realmente chama atenção é a atitude do hotel. Em seu site, eles se vangloriam: “Não espere conforto, espere histórias!”. A equipe, liderada pelo excêntrico gerente que parece adorar a fama, responde críticas com sarcasmos como: “Lamentamos que você não tenha apreciado nossa estética pós-apocalíptica”. É quase como se eles quisessem ser odiados. E, de certa forma, estão conseguindo. 

 

A grande questão: é tudo uma mentira brilhante?

Aqui entra o lado crítico. Em um mundo onde hotéis lutam por estrelas no Google, por que o Hans Brinker investiria em ser o pior? A resposta está no marketing. O hotel não é apenas um lugar para dormir; é um meme vivo. Ele atrai curiosos, influenciadores e masoquistas que querem “experimentar o pior” para contar aos amigos. Uma busca rápida no X revela posts como: “ei uma noite no Hans Brinker e agora sei como é viver em um pesadelo. 10/10, recomendo!”. Outro usuário tuitou: “É tão ruim que é bom. Tipo um filme trash que você ama odiar”.

A suspeita é que o Hans Brinker exagera sua ruindade de propósito. Há relatos de que os quartos são “estrategicamente bagunçados” antes da chegada dos hóspedes, com manchas de tinta fresca disfarçadas de mofo. Um ex-funcionário, em um post anônimo no Reddit, alegou que o café da manhã amanhecido é, na verdade, pão comprado fresco e deixado ao sol por um dia para “autenticidade”. Se isso for verdade, o Hans Brinker não é apenas ruim — é um teatro de horrores cuidadosamente orquestrado. 

O paradoxo do “pior” que lucra

As pessoas pagam por experiências ruins porque elas rendem likes
As pessoas pagam por experiências ruins porque elas rendem likes Hans Brinker/Instagram

E aqui está o pulo do gato: o Hans Brinker está faturando. Muito. As diárias, que custam cerca de €25-€50 (um valor irrisoriamente baixo para Amsterdã), estão sempre esgotadas. Eles vendem camisetas com frases como “Eu sobrevivi ao Hans Brinker” e até um “kit de sobrevivência” com tampões de ouvido e uma máscara de dormir. O hotel também fechou parcerias com marcas de cerveja holandesas para eventos temáticos, como a “Noite do Caos”, onde os hóspedes pagam para dormir em quartos ainda mais bagunçados. 

Críticos apontam que esse sucesso é uma prova de que vivemos na era do “capitalismo irônico”. As pessoas pagam por experiências ruins porque elas rendem likes, views e stories no Instagram. O Hans Brinker não está apenas vendendo quartos; está vendendo uma narrativa. E, nesse sentido, sua equipe é menos hoteleira e mais um grupo de gênios do marketing disfarçados de vilões. 

Mas e os hóspedes? Eles merecem isso?

Nem todo mundo acha graça. Alguns hóspedes, especialmente os que caem na armadilha sem saber da fama do Hans Brinker, saem genuinamente frustrados. Uma análise de avaliações no Booking.com mostra que 20% dos comentários mencionam “falta de higiene real” e “condições insalubres”. Isso levanta uma questão ética: até que ponto é aceitável lucrar com a miséria alheia? Se o hotel está intencionalmente piorando a experiência para manter a fama, ele está brincando com a confiança dos clientes. E, em um setor onde segurança e conforto são prioridades, isso pode ser um tiro no pé a longo prazo.

A capital europeia que virou referência mundial em qualidade de vida

Pegadinha

O Hans Brinker Budget Hotel é um fenômeno fascinante. É ao mesmo tempo uma crítica ao turismo padronizado e uma armadilha para os que buscam autenticidade a qualquer custo. Se a ruindade é genuína ou encenada, pouco importa: o hotel conseguiu o que queria. Ele é falado, compartilhado e, acima de tudo, visitado. Mas fica o alerta: se você decidir se hospedar lá, leve seu próprio travesseiro, um nariz de palhaço e uma boa dose de paciência. Porque, no Hans Brinker, a única coisa garantida é que você vai sair com uma história — e, provavelmente, uma coceira misteriosa.

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