Caso da jovem que morreu em academia: pré-treino é seguro para o coração?
O caso de Mayara dos Santos, que faleceu após ingerir pré-treino, levanta alerta sobre os perigos do suplemento para pessoas com doenças cardíacas
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Siga noNa última segunda-feira (12/5), Mayara dos Santos, de 24 anos, sofreu um mal súbito durante um treino de musculação em uma academia na cidade de Bocaina, interior de São Paulo. Diagnosticada com cardiopatia, ela havia ingerido um suplemento pré-treino antes da atividade física. Mayara foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhada à Santa Casa de Bocaina, mas não resistiu à parada cardiorrespiratória.
Esse caso da jovem que morreu na academia reacendeu o debate sobre a segurança do uso de suplementos pré-treino por pessoas com doenças cardíacas.
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O que são suplementos pré-treino?
Suplementos pré-treino são produtos consumidos antes da prática de exercícios físicos, com o objetivo de aumentar a energia, o foco e o desempenho. Geralmente, contêm substâncias estimulantes que aceleram o metabolismo.
Embora populares entre frequentadores de academias, esses suplementos podem representar riscos significativos para pessoas com condições cardíacas pré-existentes.
Pré-treino é seguro? O que todos devem saber antes de consumir
Apesar da popularidade nas academias, os suplementos pré-treino nem sempre são seguros para todos os perfis de usuários. Com fórmulas que variam entre marcas, eles podem conter altas doses de cafeína, taurina, beta-alanina e outros estimulantes que impactam diretamente o sistema cardiovascular e nervoso.
O uso sem prescrição, especialmente por pessoas sedentárias, com histórico de pressão alta, insônia, ansiedade ou sem acompanhamento profissional, pode causar:
- aumento repentino da pressão arterial;
- palpitações ou taquicardia;
- náusea, tremores e insônia;
- irritabilidade e agitação;
- queda de rendimento físico após efeito rebote.
A Anvisa não recomenda o uso indiscriminado desses suplementos e orienta que qualquer consumo deve ser acompanhado por profissionais da saúde ou da nutrição. Além disso, o uso contínuo e sem pausas pode mascarar sintomas de sobrecarga física e induzir a treinos além do limite corporal ideal.
E para os cardiopatas, quais os riscos?
De acordo com especialistas, o consumo de suplementos pré-treino pode causar taquicardia, arritmias e até infarto, especialmente em indivíduos com doenças cardíacas.
A cafeína, presente em muitos desses produtos, pode aumentar a pressão arterial e a frequência cardíaca, colocando o coração sob estresse adicional durante o exercício. Em altas doses, pode facilitar a ocorrência de arritmias e outros eventos cardiovasculares graves.
Recomendações médicas e o que fazer em caso de mal súbito após uso de pré-treino
Pessoas com doenças cardíacas devem evitar o uso de suplementos pré-treino sem orientação médica. É fundamental consultar um cardiologista antes de iniciar qualquer suplementação, especialmente aquelas que contêm substâncias estimulantes.
Alternativas mais seguras incluem uma alimentação equilibrada, pré treinos mais seguros e a prática de exercícios físicos supervisionados por profissionais de saúde.
O que fazer em caso de mal súbito?
Em casos como o de Mayara, o tempo de resposta pode ser determinante entre a vida e a morte. Saber agir rapidamente diante de um mal súbito provocado, possivelmente, pelo uso de pré-treino e especialmente em cardiopatas, é essencial.
Veja o que fazer imediatamente
- Acione o SAMU (192) imediatamente: quanto mais rápido o socorro, maiores as chances de reversão do quadro;
- Verifique a respiração e pulso: se a pessoa estiver inconsciente e sem sinais vitais, inicie a R (Reanimação Cardiopulmonar);
- Evite dar água ou tentar mover a pessoa: isso pode agravar a situação, principalmente se ela estiver inconsciente;
- Informe ao socorro sobre o uso de suplementos: essa informação é crucial para o atendimento emergencial e pode influenciar nas condutas médicas.
Além disso, academias devem estar preparadas com protocolos de primeiros socorros e, idealmente, possuir desfibriladores externos automáticos (DEA) íveis.