
Hospital de BH realiza neste sábado cirurgias de endometriose infiltrativa
Procedimentos demandarão trabalho conjunto de duas equipes médicas
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Siga noO Hospital da Baleia realiza, neste sábado (8), um mutirão de cirurgias para tratar a endometriose infiltrativa, a forma mais severa da doença, que provoca dores intensas e pode levar à infertilidade. Neste primeiro dia, três pacientes serão submetidos às cirurgias. O mutirão será repetido ao longo do ano, beneficiando 60 mulheres que aguardam pelo procedimento.
Devido à gravidade e extensão dos casos, as cirurgias são consideradas de grande porte e exigem um nível elevado de especialização. Cada procedimento envolverá duas equipes médicas distintas, trabalhando de forma conjunta para garantir o melhor desfecho cirúrgico. A equipe de ginecologia, coordenada por Maurício Bechara, atuará lado a lado com a equipe de coloproctologia, sob a liderança de Juliano Alves Figueiredo.
As cirurgias demandam precisão e abordagem multidisciplinar para remover os focos da doença sem comprometer órgãos vitais. A adoção de técnicas minimamente invasivas permitirá uma recuperação mais rápida e segura para as pacientes.
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Endometriose infiltrativa
Uma em cada dez mulheres em idade reprodutiva sofrem de endometriose. Apesar da alta incidência, o diagnóstico ainda é uma grande preocupação, pois pode levar até dez anos para ser feito. Normalmente, a doença é associada a cólicas abdominais, já que ela é caracterizada pelo crescimento do tecido semelhante ao da parede uterina para fora do útero, causando dor durante e fora do período menstrual. O que pouca gente sabe, é que ela pode se estender para diferentes órgãos do corpo, alguns distantes do aparelho reprodutor.
De acordo com a Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva, a endometriose infiltrativa profunda ocorre quando o tecido semelhante ao endométrio invade estruturas mais profundas do corpo, como intestinos, bexiga e, em casos mais raros, os pulmões ou outros órgãos. Ao contrário das formas mais superficiais da doença, essa variante causa danos mais significativos aos órgãos envolvidos, podendo resultar em dor cíclica, dor pélvica crônica e infertilidade.
“Casos em que a endometriose ocorre em órgãos mais distantes do aparelho reprodutor não são tão comuns, mas podem acontecer. É uma condição que precisa de atenção. É possível que a endometriose não se limite apenas à superfície, mas que afete o interior do órgão. Este seria um tipo mais grave de endometriose, conhecida como endometriose infiltrativa profunda, que poderia impedir o bom funcionamento do órgão”, enfatiza o médico Patrick Bellelis, colaborador do setor de endometriose do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
Os sintomas incluem:
- Dores intensas durante o período menstrual, mas também podem ocorrer dores fora do ciclo menstrual, especialmente durante atividades como evacuar, urinar ou durante relações sexuais
- Complicações intestinais, como obstipação e, em casos mais raros, obstruções, ou problemas urinários, como dificuldade para urinar, obstrução ureteral e exclusão renal
O mais importante, segundo o especialista, é a mulher estar atenta aos sinais e procurar uma avaliação médica o quanto antes. “É muito comum a normalização de alguns sintomas, sobretudo as cólicas, mas este é um erro que acaba atrasando o diagnóstico. Ao procurar avaliação médica, serão feitos exames específicos, como ultrassom ou ressonância magnética, e a partir daí é indicado o melhor tratamento, que pode ser hormonal ou em alguns casos, cirúrgico. A endometriose pode causar dor em outras partes do corpo, na lombar e até mesmo no ombro, por isso, é fundamental ter atenção.”
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Diagnóstico
Diagnosticar a endometriose infiltrativa profunda é um desafio. Por isso, os exames de imagem, como ultrassonografias especializadas e ressonâncias magnéticas, são essenciais para identificar a profundidade e a extensão das lesões. Em muitos casos, o diagnóstico só é confirmado após uma laparoscopia, que permite uma visualização direta dos focos de endometriose e sua remoção.
O diagnóstico precoce é crucial para evitar que a doença se agrave, pois quanto mais a endometriose avança, maiores são os riscos de complicações.
Opções de tratamento
O tratamento da endometriose infiltrativa profunda deve ser individualizado, considerando a gravidade dos sintomas e os órgãos afetados. As opções de tratamento incluem:
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Medicamentos hormonais: são usados para controlar o crescimento do tecido endometrial e reduzir a dor. Anticoncepcionais, análogos agonistas de GnRH e outros hormônios podem ser prescritos.
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Analgésicos e anti-inflamatórios: ajudam a controlar a dor, mas não tratam a causa subjacente da endometriose.
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Cirurgia: em casos mais avançados, a cirurgia pode ser necessária para remover os focos de endometriose e restaurar a função dos órgãos afetados. A laparoscopia é a técnica mais utilizada para esse fim.