Ex-chefe da FAB a Bolsonaro: 'no dia 1º o senhor não será presidente"
Baptista Júnior disse ainda que então comandante do Exército ameaçou prender o então presidente, caso ele insistisse na tentativa de golpe
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Siga noO ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB) Carlos de Almeida Baptista Júnior confirmou nesta quarta-feira (21/5) que o ex-comandante do Exército general Marco Antônio Freire Gomes informou ao ex-presidente Jair Bolsonaro que poderia prendê-lo caso levasse adiante planos para se manter no poder após derrota na eleição de 2022.
“Falei com o presidente Bolsonaro: aconteça o que acontecer, no dia 1º o senhor não será presidente”, afirmou o ex-comandante da FAB durante depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (21/05)
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Baptista Júnior prestou depoimento por cerca de 1h30 como testemunha na ação penal sobre o golpe de Estado fracassado que foi tentado durante o governo Bolsonaro, conforme denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Questionado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, o ex-chefe da Aeronáutica disse saber da repercussão do depoimento do próprio Freire Gomes, que negou ter dado voz de prisão a Bolsonaro. Baptista Júnior, ainda sim, disse confirmar o alerta feito pelo colega, conforme já havia sido relatado à Polícia Federal (PF).
"Confirmo, sim senhor. Acompanhei anteontem a repercussão (do depoimento de Freire Gomes). Estava chegando de viagem. Freire Gomes é uma pessoa polida, educada, não falou com agressividade, ele não faria isso. Mas é isso que ele falou. Com muita tranquilidade, calma, mas colocou exatamente isso. ‘Se fizer isso, vou ter que te prender’", afirmou Baptista Júnior.
Em seu depoimento, nessa segunda (19/5), o ex-comandante do Exército disse que não teria mencionado a palavra prisão, mas somente alertado que o então presidente poderia ser "enquadrado juridicamente" caso levasse adiante alguma medida ilegal.
Baptista Júnior relatou ter participado de reuniões no alto escalonamento militar com o então presidente Jair Bolsonaro, que discutiu a instauração da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) como pretexto para uma ruptura institucional. E confirmou que em um desses encontros, o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, declarou que colocaria as tropas da força à disposição de Bolsonaro.
Baptista Júnior confirmou ainda a realização de uma reunião de tom golpista com Bolsonaro no Palácio da Alvorada, residência oficial dos presidentes da República, após o segundo turno das eleições de 2022, sobre "hipóteses de atentar contra o regime democrático, por meio de algum instituto previsto na Constituição".
Baptista Júnior acrescentou não ver contradição entre o seu relato e o de Freire Gomes, alegando que ambos confirmam o alerta feito a Bolsonaro, ainda que não tenha havido uma "voz de prisão" propriamente dita.
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Ao ser indagado novamente sobre o ponto, pelo advogado Demóstenes Torres, defensor do ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, Baptista Júnior afirmou mais uma vez que mantém o que disse no depoimento à PF. "Ele (Freire Gomes), com toda educação, disse ao presidente (Bolsonaro) que poderia ser preso sim, mantenho isso", reforçou.
A fala de Freire Gomes teria se dado em uma reunião realizada em novembro, após o segundo turno da eleição de 2022, no Palácio da Alvorada, quando os comandantes das Forças Armadas e o então presidente discutiam "análise de conjuntura" sobre o país.
Com Agência Brasil