DOENÇAS RESPIRATÓRIAS

Bebê morre após esperar atendimento em UPA em Betim

Com epidemia de doenças respiratórias, cidade na Grande BH já registrou quase 800 internações em 2025; recém-nascidos representam um em cada cinco casos

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Um recém-nascido de apenas um mês morreu, na manhã dessa terça-feira (27/5), após esperar atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Norte de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O bebê, como confirmou a Secretaria Municipal de Saúde de Betim nesta quarta-feira (28/5), deu entrada na unidade com sinais de insuficiência respiratória e sofreu quatro paradas cardiorrespiratórias

O drama da família começou às 8h25, quando a mãe procurou a UPA relatando que o filho apresentava sinais de síndrome respiratória. A ficha de atendimento foi finalizada poucos minutos depois, às 8h33, informou a prefeitura. Entretanto, cerca de 20 minutos após a chegada, a mãe percebeu que o bebê estava desfalecendo e o levou até a sala de classificação de risco. 

Nesse momento, conforme o registro, a enfermeira responsável constatou que a criança já estava em parada cardiorrespiratória e imediatamente a encaminhou à sala de urgência, onde foram iniciadas as manobras de reanimação. “Todas as manobras médicas necessárias foram realizadas, mas o bebê não respondeu às medidas”, informou em nota oficial. 

Em janeiro deste ano, outro bebê morreu no municipio por complicações respiratórias. O menino índigena de quatro meses foi diagnosticado com influenza B, adenovírus e rinovírus. Ele ficou internado por vinte dias no Hospital Regional de Betim e, posteriormente, foi transferido para o Centro Materno Infantil (CMI), no Bairro Espírito Santo, onde faleceu em 8 de janeiro, após receber diversos tratamentos. 

A tragédia lança luz sobre a delicada situação de saúde pública enfrentada pelo município, onde o avanço das doenças respiratórias pressiona o sistema de atendimento. De janeiro até 26 de maio deste ano, Betim contabilizou 796 internações motivadas por síndromes respiratórias, segundo dados do de Doenças Respiratórias da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), atualizado nesta quarta. 

As crianças de menores de um ano, como o bebê que morreu nessa terça, são um dos grupos mais vulneráveis à formas mais graves de doenças respiratórias. Em Betim, eles representam quase 20% do total de internações: ao menos 136 crianças com menos de um ano precisaram de hospitalização neste período. Já entre as crianças de 1 a 9 anos, o percentual sobe para 26,1%, com 208 casos registrados nessa faixa etária em Betim. 

Esse panorama se repete por todo o estado. Só em 2025, Minas Gerais já contabiliza 5.296 internações de bebês com até um ano e outras 6.565 de crianças entre 1 e 9 anos. A maioria dos casos envolve quadros de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), causados principalmente por vírus como o sincicial respiratório (VSR) e o rinovírus.

Em 3 de maio, uma bebê de apenas 1 ano e 4 meses morreu em decorrência de complicações causadas por bronquiolite e pneumonia, após ar três dias internada na UPA de Pedro Leopoldo, na Grande BH. Ela chegou à unidade com febre e sintomas gripais, mas, com a piora do quadro, a equipe médica solicitou a transferência para um leito de terapia intensiva na capital —não havia vagas disponíveis. Diante da gravidade, a criança foi entubada, mas acabou morrendo.

Em uma tentativa de aliviar a pressão sobre o sistema de saúde, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) ampliou a oferta de leitos infantis, abrindo 50 novas vagas em unidades de referência, como os hospitais João Paulo II —especializado em pediatria—, Júlia Kubitschek, Eduardo de Menezes e na Maternidade Odete Valadares, todos em Belo Horizonte.

Estado de emergência 

Diante do quadro epidemiológico que ameaça sobrecarregar a rede de saúde, Betim decretou estado de emergência em saúde pública em 16 de abril, duas semanas antes de o Governo de Minas também acionar o recurso. A medida, com validade inicial de 120 dias, possibilita a compra emergencial de insumos, medicamentos e equipamentos, além de permitir o reforço das equipes médicas nas unidades de atendimento.

Neste mês, o Governo de Minas anunciou a antecipação de R$ 8 milhões em rees estaduais destinados aos municípios que decretaram situação de emergência. Outros 25, além de Betim, já adotaram a medida, como resposta ao colapso da demanda hospitalar.

A decisão foi amparada também pelos dados do Boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que, em 3 de abril, já apontava para um aumento expressivo da circulação de vírus respiratórios, especialmente entre as crianças. 

No início do mês, Betim inaugurou oito leitos de tratamento semi-intensivo no entro Materno Infantil (CMI) destinados a bebês de até três meses em estado intermediário de gravidade. "Os leitos foram criados pela gestão municipal especialmente para acolher bebês em fase de recuperação de situações críticas ou que necessitem de cuidados superiores aos da enfermaria, mas que ainda não demandam e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI)", destaca a nota do Executivo municipal. 

Além disso, segundo a prefeitura, o CMI já havia ampliado sua capacidade com a abertura de quatro novos leitos de UTI Pediátrica, totalizando dez vagas para atendimento intensivo de crianças até quase 14 anos.

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Como parte da estratégia para conter o avanço da influenza, um dos principais vírus responsáveis pelo aumento dos casos de doenças respiratórias no estado, o município também iniciou neste mês a vacinação de alunos do ensino fundamental da rede pública. Mais de 1.500 crianças já foram imunizadas, mas a cobertura entre os jovens de 6 a 14 anos ainda está baixa, em torno de 34,64% até a última sexta-feira (23/5).

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