Caso Stefany Vitória: laudos sobre possível abuso sexual são inconclusivos
A Polícia Civil de Minas Gerais informou que o avançado estado de decomposição do corpo da adolescente impediram um resultado conclusivo da perícia
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Siga noO corpo de Stefany Vitória, de 13 anos, foi encontrado no dia 11 de fevereiro já em estado de decomposição. O pastor João das Graças Pachola, de 54, confessou ter matado a menina e foi indiciado. A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) investigava se a adolescente havia sido vítima de abuso sexual na ocasião. Nesta quinta-feira (22/5), a corporação informou que os laudos tiveram resultado inconclusivo, “tendo em vista o avançado estado de decomposição do corpo.”
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João das Graças Pachola foi indiciado pelos crimes de feminicídio e ocultação de cadáver, com previsão de aumento da pena em função do meio cruel empregado no crime, a asfixia, e pela vítima ser menor de 14 anos. Caso ele seja condenado, a pena total pode chegar a 83 anos de prisão em regime fechado. O suspeito está detido desde o dia 12 de fevereiro. Atualmente, está no Presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves.
A suspeita de que Stefany havia sido vítima de violência sexual foi fortalecida pela descoberta de medicamentos para disfunção erétil, semelhantes ao viagra, dentro do carro no qual o pastor teria levado a adolescente para ser morta. Em março deste ano, os primeiros exames de perícia tiveram resultado negativo para presença de espermatozoides e Antígeno Prostático Específico (PSA), proteína produzida pela próstata e presente no sêmen. No entanto, naquela época, a Polícia Civil de Minas Gerais não confirmou que a menina não tivesse sofrido violência sexual e o porquê de ainda haver laudos pendentes.
O laudo do IML apontou que foram coletadas e analisadas amostras das áreas vaginal e perianal para verificar a presença de antígeno prostático específico. Apesar do resultado do exame não ter constatado a presença do PSA, o documento explicava que resultados negativos também podem ocorrer por fatores como: “variação de pH e temperatura; longo período entre a produção da amostra e a realização da análise; ausência de esperma na amostra; concentração em níveis abaixo da sensibilidade dos testes; presença de substâncias contaminantes e/ou interferentes”.
Além disso, o laudo afirmava que o resultado negativo não exclui a possibilidade da presença de células masculinas na amostra analisada. Já a ausência de espermatozoides não é suficiente para descartar a hipótese de abuso sexual.
Relembre o caso
Stefany desapareceu dois dias antes de seu corpo ser encontrado. A delegada Ingrid Estevam, da Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida, afirmou que a Polícia Civil foi procurada pela mãe da vítima por volta das 11h do dia 9 de fevereiro, para comunicar o desaparecimento.
Durante o depoimento, os policiais receberam uma denúncia relatando que uma "mulher" havia sido vista pulando de um carro na estrada da localidade conhecida como Lagoa do Tijuco, que fica perto da casa do pastor, no Bairro Metropolitano, em Ribeirão das Neves, na Grande BH. O motorista, posteriormente identificado como o pastor, desceu do veículo e, com violência, colocou a menina dentro do automóvel, seguindo em direção a Belo Horizonte pela BR-040. A polícia foi informada sobre a placa e o modelo do carro.
"Depois de pegar Stefany, tentar entrar com ela na área da lagoa e perceber que não aria despercebido, ele deu ré e seguiu para outro local, onde encontramos o corpo, conhecido como monte de oração. [...] Até o momento, tudo indica que ele agiu sozinho. Não há nenhuma linha investigativa que sugira a participação de outra pessoa", declarou a delegada.
À polícia, João das Graças afirmou que matou a adolescente depois de ela dar um tapa em seu rosto. O homem negou, no entanto, que tenha abusado sexualmente da vítima. "Ele contou que ficou nervoso, enforcou a menina e levou o corpo para a desova", disse Ingrid Estevam.
De acordo com o delegado Marcus Vinícius Rios, a descoberta de remédios para disfunção erétil no carro do pastor “é mais um elemento que nos faz entender que as intenções do investigado provavelmente em relação à Stefany eram as piores. Uma vez que é relatado nos autos que a relação conjugal dele já estava desfeita, e não haveria uma explicação para naquele dia estar portando este tipo de medicamento, então o que se entende é que alguma intenção sexual ele tinha no dia dos fatos”.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata