Operação policial em BH mira venda e compra de peças automotivas furtadas
Três representantes legais de comércio foram detidos, sendo um preso em flagrante e dois sob investigação
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Siga noAutores de furtos de veículos, comerciantes de peças roubadas ou furtadas e receptadores são alvo de operação conjunta realizada pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), Coordenadoria Estadual de Gestão de Trânsito de Minas Gerais (CET-MG) e Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG). Intitulada Quebra-Cabeças, a operação vistoriou 11 estabelecimentos em BH, localizou nove peças provenientes de furto ou roubo e deteve três indivíduos, representantes legais de três lojas distintas, todas interditadas. Um dos suspeitos foi preso em flagrante, e os outros dois serão investigados por meio de inquérito policial.
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O principal objetivo da ação foi garantir a regularidade das empresas de desmontagem e comercialização de peças usadas, combatendo as ilegais e fortalecendo as regulamentadas. As fiscalizações foram realizadas nos Bairros Jardim Montanhês, próximo à Avenida Dom Pedro II na Região Noroeste de BH, e no Tirol, no Barreiro.
Em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (15/5), Bruno Raslan, Diretor de Integração e Operações de Trânsito da CET-MG, afirmou que combater a ilegalidade nesse setor também envolve segurança e meio ambiente. Ele explicou que a regulamentação do desmonte de veículos exige das empresas “uma infraestrutura que impeça a contaminação do solo na desmontagem dos veículos, como fluídos, óleo e gasolina”, requisito que pode ser burlado pela atividade ilegal.
No caso da segurança no trânsito, Raslan explicou que é proibida a venda de peças usadas para segurança, como freios e airbags. Essa proibição também pode ser desrespeitada por comerciantes não regulamentados junto ao CET-MG.
Tecnologia usada
Para identificar peças provenientes de furto ou roubo, foi utilizado pela primeira vez um equipamento de diagnóstico veicular, novidade cuja viabilidade técnico-operacional está sendo testada pelas autoridades de trânsito em Minas Gerais. O equipamento, que ainda não foi adquirido, poderá ser utilizado também em blitz.
“Essa tecnologia consegue, a partir de uma conexão com os componentes e módulos eletrônicos do veículo — ou do veículo inteiro montado ou dos componentes separadamente — identificar as informações que estão gravadas nessa peça pelas montadoras de veículos. Identificando assim o chassi, e automaticamente a procedência ou a placa desse veículo, e com isso há o cruzamento de banco de dados que vai indicar se aquele veículo foi adquirido em leilão, se é um veículo que está baixado e já poderia ter sido desmontado ou que tem queixa de furto e roubo contra ele”, explicou Bruno Raslan.
Sobre o custo da tecnologia de diagnóstico veicular, Raslan disse que ainda não é certo, porque está sendo analisado e a quantidade poderia interferir. Para dar uma noção, ele contou que o preço de mercado de uma unidade do equipamento, junto com licença para operar por dois anos, seria cerca de R$180 mil.
Receptação e prevenção
Comandante do Batalhão de Trânsito da PMMG, o major Foureax destacou que não só o furto de veículos e a revenda de peças são crimes, mas a compra dos produtos provenientes, considerada receptação, também pode ser. “Só existe a subtração porque existe a compra”, corroborou o delegado Daniel Barcelos, chefe da Divisão Especializada em Investigação de Crimes de Trânsito da Polícia Civil (Deictran). O crime de receptação qualificada pode ter pena de 1 a 4 anos de reclusão e multa.
Para o consumidor se prevenir e evitar a compra de peças ilegais, Bruno Raslan orienta que o cidadão deve verificar no site da Coordenadoria Estadual de Gestão de Trânsito de Minas Gerais as empresas de desmonte que são credenciadas. Além disso, o comprador deve exigir a nota fiscal do produto.
Redução do crime
De acordo com o major Foureax, a quantidade de furtos e roubos de veículos em BH em março e abril deste ano diminuíram em relação ao mesmo período do ano ado. Em 2025, foram 730 em março e 802 em abril. Em 2024, foram 757 em março e 845 em abril. Essa queda é proveniente de ações policiais de fiscalização, que não necessariamente faziam parte da Operação Quebra-Cabeças, que estão sendo instaladas em pontos estratégicos da capital mineira, onde o crime é reincidente.
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Com a continuação de blitz para fiscalização e a possível compra do equipamento de diagnóstico veicular, a expectativa da polícia militar é que o número de furtos e roubos siga diminuindo.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Humberto Santos