Famosa por concentrar diversos bares e restaurantes, além de estabelecimentos comerciais de outros segmentos, a Rua Alberto Cintra, no Bairro União, na Região Nordeste de Belo Horizonte, está em obras. Uma intervenção da Copasa, que realiza a reposição de tubulação entre Rua Maura e Avenida Cristiano Machado, deixará parte da via interditada até setembro próximo. E esse prazo, de cerca de cinco meses, até a conclusão dos trabalhos, está causando preocupação entre os comerciantes locais. 

 
Elen Cristina Santos Ferraz diz que a obra, que ocorre bem em frente à hamburgueria Meatz, onde ela trabalha como gerente, já está causando impacto aos comerciantes, principalmente para aqueles do ramo alimentício. Ela reclama do barulho, do mau cheiro proveniente da tubulação de esgoto e, principalmente, da poeira.
 
"Uma pessoa se sentar para comer em um lugar mais arejado, onde está entrando poeira, é desconfortável demais", explica. "Em alguns momentos a gente até evita colocar os porta-sachês (nas mesas) porque, quando a gente vai olhar, está cheio de poeira, porque acumula mesmo, e as pessoas ficam insatisfeitas", complementa.
 
Na loja vizinha, ocupada pelo Bar Sô Pedro, as reclamações são semelhantes. "Atrapalha a gente a trabalhar, nosso cliente sente o mau cheiro", relata o gerente Adilson Assis Piropo. "Para nós, é perda de 30% da clientela. Nossos clientes são fiéis, nosso trabalho é muito bom, mas não tem como correr disso, infelizmente", conclui. 
 

Via está em obras pela terceira vez

Piropo destaca que a Copasa já havia feito outras obras na rede de esgoto da Rua Alberto Cintra e que as seguidas ações na via prorrogam o período de perdas para o negócio. "É a terceira vez dessa obra, não tem como trabalharmos assim", desabafa.
 
 
Eunice Rodrigues dos Santos Parreiras, sócia em uma franquia da rede La Bolaria, situada bem em frente ao local onde o tapume da obra foi montado, está trabalhando com as portas da loja fechadas para evitar a entrada da poeira.
 
Ela acrescenta outra reclamação: a impossibilidade de estacionar em frente ao comércio devido aos trabalhos da Copasa. "Não temos consumo no local, mas precisamos das vagas rotativas para os clientes, e realmente está dificultando bem para a gente", lamenta. 

A impossibilidade de estacionar em frente ao comércio também é um obstáculo para os comerciantes de uma unidade da Cacau Show, situada no mesmo local. "A rua fica fechada, o trânsito fica impedido e os clientes deixam de vir à Alberto Cintra e vão a outras (lojas da) Cacau Show por causa do estacionamento, do trânsito", pontua Tatiane Cleres, proprietária da unidade. 
 
 

A empresária explica que tem um grande volume de produtos para vender durante a páscoa, período importantíssimo para o ramo dos chocolates, e que a obra transcorre justamente durante esse período. "Eu preciso de um grande volume de clientes na loja, e esses clientes não vêm", lamenta. Por fim, assim com o vizinho do Bar Sô Pedro, ela também salienta que está ando por essa situação pela terceira vez. 


Até mesmo comerciantes que não são do ramo de alimentos dizem sofrer com os impactos da obra. 
É o caso de Ana Sílvia Repolês Guimarães Ferreira, funcionária da Green, que vende purificadores de água. "O comerciante fica com a porta aberta, mas não a ninguém. Não tem jeito de vender assim", desabafa. "Fede muito, o trânsito fica um caos, porque eles fecham a metade da rua; ontem (terça, 8/4), fecharam a rua inteira", diz. 
 
 
A vendedora é mais uma que reclama das constantes intervenções na tubulação de esgoto da via. "Eles abrem o buraco ali, falam que vão arrumar e, depois, fecham", conta. "Vamos ver se, dessa vez, eles realmente resolvem", espera Ana Sílvia.
 
  

Frequentador

Para o aposentado Sebastião Vargas da Silva, de 78 anos, que reside a cerca de um quarteirão da obra e segue frequentando os bares e restaurantes da Rua Alberto Cintra, a intervenção, apesar dos inconvenientes, é necessária. "Moro aqui na região há muito tempo, ava aqui e isso tudo era terreno baldio. Hoje está tudo construído: o pessoal vai construindo sem saber como está a infraestrutura", lembra.
 
 
"Os comerciantes vão sofrer um pouquinho, igual a todo mundo que mora em uma cidade, porque as obras públicas causam problemas: isso é normal", pondera o aposentado. "Se a Copasa está intervindo, vamos bater palmas para ela: espero que faça isso o mais rápido", opina.
 
 
 

Intervenção da Copasa tem objetivo de substituir interceptor de esgoto já existente por um novo túnel, com 190 metros de extensão

Marcos Vieira /EM/D.A.Press

O que diz a Copasa

Consultada pela reportagem a Copasa informou que as intervenções realizadas anteriormente na Rua Alberto Cintra eram "manutenções pontuais e paliativas, para reduzir o risco aos motoristas e pedestres que transitavam pelo local. As intervenções foram necessárias devido ao mau uso da rede, que resultavam em extravasamentos de esgoto e abatimentos na via".
 

Ainda de acordo com a Copasa, a obra atual consumirá investimentos de cerca de R$ 3 milhões e tem o objetivo de solucionar o problema de maneira definitiva, já que o interceptor já existente será substituído por um novo túnel, com 190 metros de extensão, que terá o mesmo traçado da estrutura já existente.
 
A companhia também informa que cerca de 48 mil pessoas são atendidas pelo interceptor e que a troca da tubulação, que foi implantada no local em meados de 2007, permite uma melhoria da operação e da qualidade do atendimento à população.

O gerente de Expansão da Região Metropolitana de Belo Horizonte da Copasa, Douglas Macedo, esclarece que as intervenções visam garantir maior longevidade e durabilidade das tubulações. "São obras que vão substituir um trecho de rede que está obstruído desde outubro de 2024. A renovação desta tubulação traz benefícios para a operação do sistema, com a eficácia da coleta, e para a população, ao evitar extravasamentos de esgoto na via", afirma. 

Trânsito

Além das queixas referentes aos próprios negócios, os comerciantes reclamaram do trânsito na Rua Alberto Cintra. Como uma das faixas está interditada pela obra da Copasa, os motoristas precisam desviar pela contramão, o que gera um gargalo e torna o fluxo confuso.

Quando a reportagem esteve no local, a sinalização era precária. "O trânsito fica um caos", sintetiza Ana Sílvia, da Green. Para Tatiana Cléris, da Cacau Show, o obstáculo não só dificulta o tráfego como traz riscos de acidentes.

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Consultada pela reportagem, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que foi implantado um desvio no local e que "as orientações sobre a sinalização foram readas aos responsáveis pela obra, que devem implantá-las conforme determinado".

Ainda segundo a PBH, "em função das reclamações, uma equipe técnica da BHTrans irá ao local para verificar a conformidade; se forem encontradas irregularidades, os responsáveis serão notificados".

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