Belo Horizonte foi o palco da pré-estreia da peça “O veneno do teatro”, em janeiro do ano ado. Em seguida, a montagem dirigida por Eduardo Figueiredo, a partir do texto do dramaturgo espanhol Rodolf Sirera, iniciou circulação nacional, para agora retornar ao “ponto de partida” nesta quinta e sexta-feira (22 e 23/5), às 21h, no Grande Teatro do Sesc Palladium.

“O veneno do teatro” marca o retorno de Osmar Prado aos palcos após um hiato de quase 10 anos. O ator contracena com Maurício Machado, que teve a ideia da versão brasileira para o texto escrito em 1978, encenado em mais de 60 países ao longo das últimas décadas.

Ao assistir à montagem espanhola em turnê pela Argentina, o ator se encantou pela dramaturgia e propôs a empreitada a Figueiredo, seu sócio em uma produtora.

O diretor pediu a cessão dos direitos a Rodolf Sirera, que prontamente assentiu. O o seguinte foi procurar Osmar Prado.

“É um nome que eu já tinha em mente, mas atores do porte dele são sempre muito ocupados, e o teatro demanda disponibilidade para ensaiar dois meses, circular, cumprir temporadas. Demoramos uns quatro anos para realizar o projeto, calhou de Osmar ter acabado de gravar 'Pantanal' quando o procuramos”, conta.

Prado ficou apaixonado pelo texto. “São dois personagens muito especiais, dois grandes presentes para bons atores, porque são papéis que propiciam interpretações intensas”, destaca.

“O veneno do teatro” é um suspense que coloca em cena o ator Gabriel de Beaumont (Maurício Machado), convidado por um excêntrico Marquês (Osmar Prado) para interpretar uma peça de sua autoria.

Psicopata

O Marquês, por meio de um jogo psicológico, a a controlar o ator. Depois de muitas surpresas, o personagem de Prado se revela um psicopata capaz de tudo para atingir seus objetivos.

Eduardo Figueiredo observa que apesar do clima tenso entre os dois personagens, há espaço para boas doses de humor e sarcasmo. Diz que o texto transita entre o popular e o erudito, com citações quase filosóficas em linguagem direta e simples.

O diretor destaca que a montagem brasileira traz a peculiaridade de ter a trilha sonora executada ao vivo pelo violoncelista Matias Roque.

Escrito três anos após o fim da ditadura de Francisco Franco na Espanha, o texto original se a em 1784, na pré-Revolução sa. A montagem brasileira situa a trama na década de 1920, em Paris.

“O embate entre os dois personagens poderia acontecer em qualquer época, em qualquer lugar”, pontua o diretor. Ele ressalta que subjazem nesse confronto temas que sustentam a atualidade da peça e a pertinência de novas montagens do texto escrito há quase 50 anos.

“O espetáculo trata, basicamente, de poder e civilidade, duas coisas que permanecem no centro das discussões nos dias de hoje. A que nível de crueldade o ser humano pode chegar? A peça aborda a questão da manipulação e outros signos de uma coisa maior, que tem a ver com o período em que o texto foi escrito, com os ecos da ditadura franquista”, explica Figueiredo, acrescentando que, por meio do personagem de Prado, a dramaturgia questiona o que é realidade e o que é ficção.

O grande desafio da direção, revela, foi criar base e ambientação para que a peça chegasse sem ruídos à plateia.

“A iluminação, a trilha, tudo isso é muito importante para criar o clima de suspense que o texto pede. Também trabalhamos muito para encontrar o tom dos personagens, mas é uma dupla fenomenal de atores. O público vai sair muito surpreso com o quanto esse espetáculo é potente, inteligente e com humor”, ressalta.

“O VENENO DO TEATRO”

Peça de Rodolf Sirera. Direção de Eduardo Figueiredo. Com Osmar Prado e Maurício Machado. Hoje e sexta-feira (22 e 23/5), às 21h, no Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Plateia 1: ingressos esgotados. Plateia 2: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia). Plateias 3 e 4: R$ 39,60 (inteira) e R$ 19,80 (meia). À venda na plataforma Sympla e na bilheteria do teatro.

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