Conceição Evaristo será Doutora Honoris Causa pela UFMG
A cerimônia de homenagem deverá ser no início de setembro, nas comemoprações de 98 anos da instituição
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Siga noA escritora belo-horizontina e atual ocupante da cadeira 40 na Academia Mineira de Letras (AML), Conceição Evaristo, receberá o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A informação foi confirmada ao Estado de Minas pela reitora da instituição, Sandra Regina Goulart Almeida. A escritora estará na capital mineira, neste sábado (3/5), para participar da Bienal Mineira do Livro, realizada no Centerminas Expo (Av. Pastor Anselmo Silvestre, 1495, 4º Andar, Bairro União).
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A decisão foi tomada durante reunião do Conselho Universitário da UFMG, realizada no final de abril. De acordo com a reitora, a concessão de títulos de Honoris Causa será uma das ações comemorativas do centenário da universidade, que será celebrado de setembro de 2026 a setembro de 2027. A UFMG foi fundada em 7 de setembro de 1927.
Embora ainda não tenha sido definida a data exata para a cerimônia de outorga do título a Conceição Evaristo, a previsão é que ela ocorra durante as comemorações dos 98 anos da UFMG, marcadas para 8 de setembro.
Na semana ada, a escritora também recebeu o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Ela foi a primeira mulher negra a receber o título pela universidade capixaba.
Nascida em uma família grande e pobre, Conceição começou a trabalhar cedo. Aos oito anos, era empregada doméstica. Concluiu o ensino escolar aos 25, ingressou no curso de letras e na sequência fez mestrado na área. Foi nessa época que estreou na literatura, publicando contos na série Cadernos Negros, editado pelo grupo Quilombhoje.
Em 2003, lançou “Ponciá Vicêncio”, seu primeiro romance. Com o sucesso da publicação, escreveu “Becos da memória” (2006), “Poemas da recordação - E outros movimentos” (2008), “Insubmissas lágrimas de mulheres” (2011), “Olhos d’água” (2014), “História de leves enganos e parecenças” (2016) e “Canção para ninar menino grande” (2018).
Por suas histórias recheadas de críticas sociais viscerais, ela venceu importantes prêmios como Jabuti (2015), Família da Liberdade (2007) e Ori (2007), tornando-se leitura obrigatória para quem pretende entender o protagonismo feminino, a discriminação racial e de gênero.
Na área acadêmica, desenvolveu o conceito de "escrevivência", quando fazia mestrado. Resultado de jogo entre as palavras “escrever” e “viver”, o conceito parte de um histórico fundamentado na fala de mulheres negras escravizadas que tinham de contar suas histórias para ninar os filhos dos senhores da casa-grande.
Em 2023, ela recebeu o Troféu Juca Pato de Intelectual do Ano pela União Brasileira dos Escritores (UBE), sendo a primeira mulher negra contemplada.