Bienal Mineira do Livro reúne autores de Portugal, Cuba, Angola e Brasil
Evento começa no sábado (3/5), em BH, com 300 escritores convidados e homenagem a Guimarães Rosa. Programação vai até 10 de maio
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Siga noNo encontro que celebra a diversidade de vozes, escritores de Angola, Cuba, Portugal e Brasil se reúnem para compartilhar histórias, experiências e visões de mundo na Bienal Mineira do Livro. O evento começa no próximo sábado (3/5) e segue até 10 de maio, no Centerminas Expo, localizado no Bairro União, em Belo Horizonte.
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Entre os convidados internacionais se destacam o angolano Ondjaki, a cubana Teresa Cárdenas e as portuguesas Luísa Coelho e Ana Isabel Milhanas Machado, cuja literatura está profundamente enraizada em questões sociais, afetivas e históricas.
Seja pelo lirismo – em alguns casos pelo humor – ou pela visceralidade, esses autores retratam a vida cotidiana em seus respectivos países com especial atenção às periferias e aos excluídos.
Identidade negra
Ondjaki, por exemplo, destaca a força da identidade negra, aspecto que também atravessa a escrita de Teresa Cárdenas. Já Luísa Coelho se dirige ao público infantojuvenil com ternura, enquanto Ana Isabel Milhanas recorre à reconstrução crítica da memória lusitana, demonstrando que a língua portuguesa é múltipla, viva e capaz de abarcar diversas realidades.
Esta ideia é uma das principais propostas da Bienal, que adotou o lema “Viver é plural. Ler é plural”. Será homenageado Guimarães Rosa, aclamado por se empenhar na criação de neologismos e em explorar a ligação do português arcaico com a palavra falada no sertão mineiro.
“A língua tem que ser das pessoas. Os autores têm que deixar os leitores se identificarem com o que está escrito e com a maneira como aquilo está escrito”, afirma Ana Isabel Milhanas.
Autora dos livros de poesia “Azul e verde”, “Apeadeiro sul” e “O sol em maio”, a portuguesa está lançando “Mosaicos”, coletânea de contos dela e de conterrâneos. Vai participar da mesa “Margens das línguas em português”, na próxima segunda-feira, ao lado de Ondjaki e do compositor Celso Adolfo.
Organizada pela Câmara Mineira do Livro (CML) em parceria com a HPL Eventos, a Bienal deste ano tem curadoria da jornalista e editora Leida Reis. A programação reúne cerca de 300 autores – incluindo escritores independentes e quadrinistas – e pouco mais de 100 editoras.
Entre os brasileiros convidados estão Conceição Evaristo, Fabrício Carpinejar, Carlos Herculano Lopes, Humberto Werneck, Paula Pimenta, Daniella Zupo, Jacyntho Lins Brandão, Rogério Tavares, Maria Esther Maciel, Ana Elisa Ribeiro e Luiz Giffoni, entre outros.
Em oito dias de debates, estarão em pauta a obra e o estilo de Guimarães Rosa, a literatura como ferramenta de combate ao racismo, o conceito de “escrevivência” desenvolvido por Conceição Evaristo, a formação de jovens leitores, o mercado editorial brasileiro e políticas públicas de incentivo à leitura, entre outros temas.
Fome de livro
Prevista para setembro do ano ado, a Bienal foi adiada para 2025 por questões financeiras e comerciais. O evento enfrentou dificuldades nos últimos tempos: a edição de 2022, por exemplo, foi a primeira após um hiato de seis anos.
“O adiamento do ano ado só aumentou a fome”, brinca Fabrício Carpinejar. O poeta gaúcho radicado em Belo Horizonte participará da mesa “Perdoar não é ficar junto: é também se despedir”, em 9 de maio. “A Bienal Mineira do Livro é mais que um evento: é a culminância de todas as feiras literárias que acontecem ao longo do ano em Minas, reunindo o mercado editorial e oferecendo programação ampla para os leitores”, afirma.
Carpinejar acredita que nunca houve momento tão próspero para o surgimento de novos selos editoriais.
“Temos as editoras universitárias, como a UFMG, a Edufu (Editora da Universidade Federal de Uberlândia) e a PUC Minas, que publicam obras científicas e literárias; a Mazza Edições, com seu compromisso histórico com a literatura afro-brasileira; a Autêntica, que vai da produção acadêmica à literatura infantojuvenil, consolidando-se como uma das principais editoras do estado; a Dimensão, forte na área educacional e nos materiais didáticos e paradidáticos; a Scriptum, abrindo espaço para novas vozes; a Miguilim, com edições artesanais de raro capricho gráfico; e a MRN Editora, incentivando a leitura entre crianças e adolescentes”, enumera o poeta.
“E, claro, a Fósforo Editora – uma das grandes surpresas dos últimos anos –, que combina literatura contemporânea nacional e estrangeira, ensaios e obras de não ficção, com curadoria extremamente cuidadosa”, acrescenta.
Vale-livro
A organização espera receber 300 mil pessoas. “Teremos 15 mil alunos da rede municipal de Belo Horizonte e 1,5 mil educadores. Da rede estadual, serão 90 mil alunos e 9 mil educadores. Todos esses alunos vão ganhar vale-livro que dará a eles poder de escolha. Assim, vão ler aquilo em que tiverem interesse e, desse modo, desenvolverão o prazer pela leitura”, afirma o coordenador-geral da Bienal, Felipe Mayrink.
A partir deste ano, haverá nova contagem para a realização da próxima Bienal, prevista para 2027. Contudo, para que Belo Horizonte não fique órfã de eventos do gênero, Mayrink antecipa que, nos anos pares, serão realizadas edições do Salão do Livro Infantil.
BIENAL MINEIRA DO LIVRO 2025
• De sábado (3/5) até 10 de maio. Centerminas Expo (Avenida Pastor Anselmo Silvestre, 1.495, 4º andar, Bairro União).
• Atividades diárias a partir das 10h, divididas em três turnos: das 10h às 14h, das 14h às 18h e das 17h às 22h.
•Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), à venda no site da Bienal Mineira do Livro, onde a programação completa estará disponível.