Lady Gaga: depois do flop, cantora mostrou o talento no jazz e no country
Com seu terceiro álbum, "Artpop" (2013), cantora norte-americana conheceu o fracasso depois do estrelato, mas recalculou a rota e recuperou o status de diva pop
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Siga noDepois de estrear em modo grandioso com “The fame” (2008) e se consolidar com “Born this way” (2011), Lady Gaga – que se apresenta em Copacabana, no Rio de Janeiro, no próximo sábado (3/5) – se tornou uma das maiores estrelas do pop no século 21.
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Figurinos futuristas, letras sobre liberdade e um afiado senso de espetáculo fizeram dela um ícone. Mas toda estrela ascendente tem seu “segundo ato” – e, no caso de Gaga, ele veio com tropeços.
Lançado em 2013, o álbum “Artpop” prometia ser o projeto mais ousado da cantora: uma fusão entre EDM, soft rock e performance art. No entanto, a execução não acompanhou a ambição. A recepção da crítica foi dividida, os bastidores estavam conturbados, e a estratégia de divulgação parecia perdida entre ideias demais. Mesmo com o sucesso pontual de “Applause”, o álbum não convenceu.
Ali estava o primeiro flop real da carreira de Gaga. Segundo a Nielsen Soundscan, “Artpop” vendeu 259 mil cópias na estreia, uma queda de 78% em relação a “Born this way”.
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Em vez de lutar contra a maré, Gaga nadou para outra direção. Em 2014, surpreendeu ao lançar “Cheek to cheek”, álbum de jazz gravado com Tony Bennett (1926-2023). A escolha parecia arriscada, porém rendeu frutos: o disco estreou no topo da Billboard 200 e venceu o Grammy de Melhor Álbum Vocal de Pop Tradicional.
Intérprete
Mais do que conseguir reconhecimento, o novo trabalho mostrava que Gaga era uma artista multifacetada. Com afinação e carisma de sobra, ela provou que era mais do que uma performer visual: era uma intérprete de verdade, capaz de brilhar ao lado de um dos maiores nomes da música norte-americana. Foi um resgate de credibilidade artística – e um sinal de que não estava interessada em seguir fórmulas.
Em 2021, Gaga e Bennett repetiram a dobradinha de sucesso em “Love for sale”, desta vez com regravações de clássicos de Cole Porter. O renascimento foi além da música. O momento era difícil para a artista, que estava se recuperando de uma cirurgia no quadril e sofrendo de dores crônicas por causa da fibromialgia.
“Era como se eu estivesse morta. Mas ei muito tempo com o Tony [Bennett]. Ele não estava interessado em mais nada além da minha amizade e da minha voz”, declarou a cantora.
Bennett, por sua vez, lidava com os efeitos do Alzheimer, mas continuou a fazer shows e se apresentou com Gaga no Radio City Music Hall em 2021. Na época, a artista disse não ter a certeza, durante os ensaios, se Bennett se lembrava do nome dela. Contudo, sua memória não falhava nas letras das músicas.
Com o disco "Joanne", de 2016, Lady Gaga ou a abordar em suas letras temas íntimos e familiares
“Joanne”
Em 2016, ela lançou “Joanne”, talvez seu álbum mais pessoal até então. Inspirado na memória de sua tia falecida, o disco trocou batidas eletrônicas por violões, slide guitars e uma sonoridade country-folk. Ali ela exibiu uma Gaga sem mais vulnerável, mais real.
Faixas como “Million reasons” e “Joanne” revelaram uma artista interessada em despir-se de personagens para falar de dores familiares, fé e humanidade. Não era o tipo de álbum que dominaria as rádios, mas serviu como uma ponte entre sua história pessoal e o público.
Se “Joanne” foi introspectivo, “Nasce uma estrela” (2018) trouxe Gaga de volta ao centro das atenções – desta vez, no cinema. O álbum homônimo ao filme protagonizado pela cantora ao lado de Bradley Cooper foi um marco: “Shallow” ganhou o Oscar de Melhor Canção Original e ela também foi indicada como Melhor Atriz.
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Dois anos depois, Gaga voltou ao universo das pistas, com “Chromatica”, em que as parcerias com Ariana Grande, Blackpink e Elton John trouxeram brilho pop, enquanto a estética futurista e os temas de saúde mental e superação deram densidade à festa. “Chromatica” foi, ao mesmo tempo, uma celebração e um exorcismo – o ado de volta, mas sob novo olhar.
Caos controlado
No mês ado, Gaga lançou “Mayhem”, com faixas como “Abracadabra” e “Disease”, e o retorno à estética do dark pop. “Este álbum representa o que sou por dentro. É a Lady Gaga que vocês conhecem pelos últimos 20 anos. Para mim, é essa integração de quem eu sou na vida real e o que sou no palco”, declarou.
Contudo, foi em “Nasce Uma Estrela” (2018) que Lady Gaga se consagrou, protagonizando ao lado do também diretor Bradley Cooper o romance de muito sucesso, que lhe rendeu indicação ao Oscar de Melhor atriz. Mas foi a estatueta de Melhor Canção Original, Shallow, que a artista levou para casa.
Quando o álbum saiu, a faixa “Die with a smile”, em parceria com Bruno Mars, já havia recebido o Grammy de Melhor Performance Pop em Duo ou Grupo. “Meu 14º Grammy é bem especial. Sendo uma compositora, tudo o que quero é contar histórias que toquem o coração das pessoas”, disse ela.
“Contando essa história de amor com Bruno, é realmente uma parte da minha alma – amor é tudo o que precisamos agora. Obrigada, little monsters [codinome de seus fãs]. ‘Wherever you go that’s where I’ll follow’” (Aonde você for, é para lá que irei)”, disse em seu discurso, citando um trecho da música premiada.