
Gavião Bueno só falou verdades
Tem razão também o Galvão ao chamar esse Galo de Cabuloso. Senão, como explicar tanta bola na trave, tanto gol perdido, o pênalti do Hulk
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Meu amigo, a entropia das coisas tem acelerado o andar do tempo, de modo que o domingo ado parece ter acontecido há mais de mês. Ainda assim, contrariando a urgência do melhor jornalismo, preciso voltar a essa vaca fria.
Você sabia que o cabuloso, segundo o Pai dos Burros, é aquele “que traz ou tem azar; azarento”? Informou um amigo atento: desde que assim ou a autointitular-se o arquifreguês, que tudo só dá errado por aquelas plagas. O longínquo domingo foi retrato disso: podiam jogar por 10 horas, teriam 850 escanteios e não fariam um gol nesse Galo Duro.
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Dizem que o Galvão errou tudo na transmissão do clássico, e mais se assemelhou a Gavião Bueno, o personagem do extinto Casseta & Planeta. Será? Sei não. O Galo Doido, consagrado em 2013, é hoje um arremedo daquele lá, suas linhas são estáticas e prefere-se o chutão ao meio-campo inexistente. Distante da malemolência encarnada por R49 e R10, é um Galo Duro, sim, o Galvão tem razão.
(Galvão, cá entre nós, de onde você tirou isso de Galo Duro tinha também o Brazino, o jogo da galera? Galvão, Galvão...)
Tem razão também o Galvão ao chamar esse Galo de Cabuloso. Senão, como explicar tanta bola na trave, tanto gol perdido, o pênalti do Hulk quarta-feira ada, as contusões em série? E a safada da SAF?
É preciso ser muito azarado, muito cabuloso mesmo, pra cair na mão de um bilionário que só sabe perder dinheiro, um banqueiro que constrói dívidas, um atleticano que não sabe o que é o Atlético. É muito azar, e não precisa ter olhos de águia para perceber que Gavião Bueno tem razão.
Nataniel foi um pouco estranho realmente, embora a origem do nome acolha todas as variantes de Natan’el, a tradução correta do hebraico. De qualquer forma, não tinha ninguém pra meter o bico e avisar o Gavião? Ainda assim, veja o estado de coisas: nem Galvão conhece uma das nossas melhores contratações.
Ademais, de fato tem muito arroz no tropeiro, assim como tem muita água no chope. Fica perdoado, pois, o Galvão e seu arroz tropeiro, parente, talvez, do arroz carreteiro servido no sul.
Ainda bem que tinha o Maringá na quarta-feira, infelizmente sem o Galvão para dar a real. Foi cabuloso, podia ter sido de 10 e o Cuello machucou. Pqp, senhores! Mas o Galo Duro, mesmo na base do chutão, fez um segundo tempo bem Doido.
O gol de Patrick lavou a alma dessa nossa gente emocionada, este escriba incluso. Sua história, cheia de percalços e polêmicas, lhe devolve agora a chance de uma redenção daquelas. Dedicou à mãe, Vânia, o primeiro gol como profissional. E deu suas duas camisas de jogo para a psicóloga Michele Rios e para a assistente social Neila Bittencourt, funcionárias do Galo. Primeiro gol, e foi o Galvão que narrou. Ao contrário do cabuloso, tá é com o fiofó virado pra lua.
E assim, precisamente nessa posição, hoje é dia de ganhar do Corinthians. Contra o qual este atleticano exilado em São Paulo desenvolveu sérias contendas, apesar da inevitável amizade com alguns indivíduos picados por essa mosca – que ainda hei de amassar com a minha raquete de pernilongo e a qualidade de Federer.
Considero um dever cívico derrotá-los! Hoje em baixa, com seus cartolas acusados até de ligação com o PCC, não nos esqueçamos dos bons tempos do apito amigo. E do pênalti na final de 1999, normalizado pela nossa história cabulosa, tão repleta de roubos, injustiças e azares monumentais, que alguns desses vão ficando pelo caminho.
Uma pena que não teremos o Gavião, apenas a Gaviões. O Gavião é bom pra falar algumas verdades. Quem sabe, em mais uma goleada, mais um gol do Patrick, não seríamos enfim um Timão? Talvez fizesse justiça à Massa, de longe a mais fiel de todas as fiéis. Celebraríamos com uma boa e merecida cachaça paulista, além de um cuscuz mineiro pra aguentar o porre de felicidade! Gaaaaaaalooo!!!
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