Bertha Maakaroun
Bertha Maakaroun
Jornalista, pesquisadora e doutora em Ciência Política
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Chapéu alheio, uma graça inesgotável

Zambelli não comove nem Jair Bolsonaro nem o bolsonarismo raiz. Deverá perder o mandato sem ter os antigos amigos a lhe velar o caixão

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Pelas mídias digitais, o balão de ensaio foi lançado por Gilson Machado Neto (PL), ministro do Turismo e Cultura do ex-presidente Jair Bolsonaro: “Eu quero dizer que o presidente recebeu na outra campanha R$ 17 milhões, mas já gastou em um ano R$ 8 milhões, já começou a desidratar, é por isso a nossa preocupação, a gente vai deixar o presidente desidratar?”. A “outra campanha” foi em 2023.


Não apenas Gilson Machado Neto a o chapéu do Pix em nome de Bolsonaro. Também a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) apela aos seguidores por doações, com o argumento de que seriam necessárias para custear multas judiciais: foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão e ao pagamento de R$ 2 milhões em danos morais coletivos por sua participação em um esquema de invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2023.


À Justiça Eleitoral, Carla Zambelli declarou patrimônio de R$ 150.556,75 em 2022, quando concorreu à Câmara dos Deputados. Zambelli pede Pix e expõe nas redes o seu ponto: “Fui condenada a pagar multas milionárias (...) Não tenho como arcar sozinha com isso”. E procura socializar as consequências de seus atos, em defesa de Bolsonaro e às suas narrativas: “Essa é uma batalha por todos nós.” Mas Zambelli não comove nem Jair Bolsonaro nem o bolsonarismo raiz. Deverá perder o mandato sem ter os antigos amigos a lhe velar o caixão.


A situação financeira de Jair Bolsonaro parece bem mais robusta. Em 2023, arrancou de seu nicho de apoiadores R$ 17,2 milhões em contribuições para apoiá-lo em sua defesa da acusação de participação na trama golpista. Tanta bonança não ou desapercebida de seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, que em seu depoimento ao STF desabafou infeliz: “Todos se deram bem, ficaram milionários”.


Além do que Bolsonaro angariou em contribuições via Pix, o rendimento mensal supera R$ 100 mil. A origem é sempre o estado: são duas aposentadorias – R$ 12 mil como capitão reformado do Exército e R$ 46 mil como deputado federal – e a presidência de honra do PL, que lhe rende outros R$ 46 mil. Também a esposa, Michelle Bolsonaro, presidente do PL Mulher, recebe R$ 46 mil da legenda – recurso público destinado ao fundo partidário. Como empreendedor, Bolsonaro e família se lançaram em outros negócios que exploram a “marca”. Da política, Bolsonaro não pode reclamar. Às custas da política ele integra o seleto nicho de 1% dos brasileiros mais ricos.


O ex-presidente também geriu bem a sua família: os quatro filhos fazem a vida na política; as duas primeiras esposas fizeram incursões e investidas na política partidária e eleitoral; e a atual, Michelle Bolsonaro, depois da fundamental atuação entre evangélicos no pleito de 2022, vai concorrer em 2026 ou ao Senado ou à Presidência da República. Durante os 27 anos em que foi deputado federal, Bolsonaro aprovou dois projetos de lei e alavancou um sem-número de controvérsias, entre as quais a defesa do fuzilamento de Fernando Henrique Cardoso, da ditadura militar e do fechamento do Congresso Nacional.

Alcançou a presidência da República em 2018 quando três grandes ondas se juntaram no tsunâmi.
De um lado, o sentimento da antipolítica e antissistêmico se fortalece no ambiente do lavajatismo, que envolve uma sociedade em desalento e frustrada com expectativas de bem-estar não cumpridas pelo estado brasileiro. De outro, a latência de uma cultura patriarcal, violenta, de rejeição à pauta identitária, gestada sobretudo no ninho do fundamentalismo religioso.


Abraçando as duas primeiras, a explosão da tecnopolítica e de novos atores aliados à lógica da extrema direita global que tem por meta substituir estados nacionais em uma nova ordem planetária. Bolsonaro deu rosto aos fenômenos sociais que emergem no caso brasileiro e abriram o país à era de discursos reacionários, da apologia à violência e, como se viu, a uma tentativa de golpe de estado em julgamento. Uma sociedade polarizada, radicalizada e em pé de guerra convém a Bolsonaro. Nela, ele sempre poderá recorrer ao Pix.

 

 

Marcha a Brasília

Mais de 3 mil prefeitos mineiros e representantes dos municípios estarão nesta terça-feira (20/5) em Brasília na XXV Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios. O evento, promovido pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), reúne prefeitos e prefeitas do país inteiro, e acontecerá até o dia 22, no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB). A Associação Mineira dos Municípios (AMM) manterá estande que, além de apoio aos prefeitos, vai apresentar a gastronomia e aspectos da cultura mineira.

 


Com a bancada

Em reunião coordenada pelo presidente da AMM, o prefeito de Patos de Minas, Luís Eduardo Falcão (sem partido), prefeitos irão se encontrar com os deputados federais e senadores mineiros. Segundo Falcão, são três pautas prioritárias: a extensão automática da reforma da Previdência aos municípios, para garantir mais equilíbrio nas contas públicas; o aprimoramento das regras de pagamento de precatórios, para que municípios tenham mais previsibilidade; e a substituição do indexador da dívida previdenciária municipal, que hoje penaliza muito as finanças dos municípios.

 


Referendo

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais determinou a suspensão de edital da Cemig que leiloou quatro usinas hidrelétricas para a Âmbar, do grupo J&F. Em dezembro de 2024 a Âmbar arrematou por R$ 52 milhões as usinas Marmelos, em Juiz de Fora; Martins, em Uberlândia; Sinceridade, em Manhuaçu; e a PCH (pequena central hidrelétrica) Machado Mineiro, em Águas Vermelhas. A decisão do juiz Ricardo Sávio de Oliveira, da 1ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias, é do dia 15 de maio. Ele acatou o argumento de que o leilão desses ativos representou comercialização de parte da empresa e, nesse sentido, deveria ter sido aprovado em referendo popular, como prevê a Constituição estadual e pela Assembleia. A Cemig vai recorrer da decisão.

 


Luz para todos

Em reunião nesta segunda entre Cemig, a empresa vinculada ao Ministério das Minas e Energia, ENBPar (Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional S.A) e o deputado estadual Ricardo Campos (PT), foi acertado o cronograma para a execução de 196 ligações, que vão beneficiar mais de mil famílias de ribeirinhos, quilombolas e assentados que não têm o à energia elétrica. O convênio entre Cemig e o governo federal foi firmado em outubro de 2024. As obras serão realizadas ao longo de 2025 e em 2026.

 

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Assédio

Audiência pública na Comissão de Segurança Púbica da Assembleia Legislativa tratará, nesta terça-feira, de denúncias de abuso de autoridade e assédio moral cometidas contra policiais penais da 8ª Região Integrada de Segurança Pública, em especial os lotados no Presídio de Governador Valadares e na Penitenciária Francisco Floriano de Paula, no mesmo município do Vale do Rio Doce. A reunião foi solicitada pelo presidente da comissão, deputado Sargento Rodrigues (PL).

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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