
De acordo a pesquisa “Bidirectional associations between COVID-19 and psychiatric disorder: retrospective cohort studies of 62 354 COVID-19 cases in the USA”, a probabilidade de se ter um diagnóstico de qualquer doença psiquiátrica após a confirmação de infecção pelo novo coronavírus é de 18,1%. Os casos mais frequentes são de transtornos de ansiedade, em média 12,8%, seguidos de transtornos de humor, sendo a depressão a mais comum. Ainda, demência e insônia aparecem com alto potencial.
Christiane Carvalho Ribeiro, psiquiatra de ligação no Hospital Dr. Célio de Castro, explica que, nesse cenário, há uma série de fatores de risco para a saúde mental. “Pode haver traumas associados ao adoecimento ou morte de pessoas próximas, sintomas psiquiátricos decorrentes da infecção ou do uso de altas doses de corticoesteroides e, também, estresse induzido por distanciamento social, consequências econômicas, alterações na rotina e/ou nas relações afetivas”, aponta.
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Não à toa, um outro estudo, também realizado nos Estados Unidos, esse feito pelo National Institutes of Health, parte do Departamento de Saúde e Serviços Humanos do país, aponta o estresse – sensação de se estar sobrecarregado, fora do controle e incapaz de lidar com a situação – proveniente do período como um grande potencializador para o aparecimento de distúrbios maiores e futuros.

"Uma pandemia é um contexto que promove medo e insegurança de forma generalizada, mesmo que inconscientemente. E o estresse é uma resposta do corpo a situações de ameaça e emergência” 2l241y
Jaqueline Bifano, psiquiatra
“Uma pandemia é um contexto que promove medo e insegurança de forma generalizada, mesmo que inconscientemente. E o estresse é uma resposta do corpo a situações de ameaça e emergência. A questão é que, no contexto em que estamos, não há uma ameaça isolada, que chega e se desfaz. As incertezas com relação ao futuro funcionam como uma ameaça constante na mente das pessoas, e isso pode gerar estresse crônico”, explica a psiquiatra Jaqueline Bifano.
Nesse cenário, quando o estresse atinge um nível patológico, a pessoa sofre impactos em sua vida de diversas formas. “O estresse crônico está, inclusive, relacionado à inflamação do corpo. E a inflamação está ligada a uma série de problemas de saúde, como patologias do coração, câncer, artrite e doenças mentais. Numa avaliação mais simplificada, a pessoa a a viver como se estivesse sob constante ameaça, em estado de alerta, e isso gera a sobrecarga do corpo em vários sentidos.”
*Estagiária sob supervisão da editora Teresa Caram