
"O professor é meu amigo. Mexeu com ele, mexeu comigo". Impulsionado por esse canto, centenas de pais e estudantes dos colégios Santo Agostinho Central (Avenida Amazonas) e Loyola saíram às ruas da Região Centro-Sul de Belo Horizonte, nesta terça-feira (22), para protestar contra o cancelamento da prova de português ocorrido no último dia 7. O exame contava com um texto do escritor Gregório Duvivier e foi apontado por outros pais como partidário e como tentativa de moldar os alunos ideologicamente.
O ato começou na porta do Santo Agostinho por volta das 17h. De lá, o público subiu até a Avenida do Contorno, onde o manifesto terminou em frente ao Loyola, com um abraço simbólico.
Um carro de som acompanhou os envolvidos.

A caminhada seguiu da Amazonas e chegou até a Contorno por meio da Rua Araguari. A estudante Manoela Vilas Boas, autora de uma carta de repúdio ao cancelamento da prova de português do Loyola, que teve centenas de s, estava presente à ocasião.
"A gente está aqui hoje em defesa da educação, da liberdade em sala de aula e dos professores, principalmente. Quando a gente recebeu a prova, nunca esperávamos que teria tanta repercussão. É uma coisa absurda", contou a adolescente de 17 anos.
Ela discursou para os presentes ao final do protesto e deixou claro a necessidade de debate entre os estudantes dos dois colégios. A adolescente defendeu, ainda, uma escola cada vez mais livre para um país mais justo, menos racista e sem homofobia.

"Esse jovens de 16 e 17 anos podiam votar ano ado. Então, eles têm condição de ler e interpretar um texto criticamente. Confiamos totalmente nos professores da escola", ressalta Gabriela Duarte, 50, mãe de um aluno do segundo ano do Ensino Médio do Loyola, justamente a turma que recebeu a prova com o texto de Duvivier.
O ato reuniu representantes do Santo Agostinho em razão de uma ação movida contra o colégio no ano ado. O documento pedia indenização aos alunos da 3ª à 6ª série do Ensino Fundamental pela escola adotar, supostamente, linha pedagógica baseado em “ideologia de gênero” nas salas de aula.
O caso teve início em julho do ano ado, quando 84 responsáveis por alunos enviaram uma notificação extrajudicial à Sociedade Inteligência e Coração (SIC), que é mantenedora das unidades do Colégio Santo Agostinho (BH, Contagem e Nova Lima), na pessoa de seu presidente, o frei Pablo Gabriel Lopes Blanco, e também de três diretores.
Escola sem partido 404f4p
O projeto de lei 274/2017, conhecido como Escola Sem Partido, também foi alvo dos protestos dos estudantes e pais nesta terça em BH.
O texto está em tramitação na Câmara de BH e ou em primeiro turno neste mês. Para o vereador Gilson Reis (PCdoB), presente ao protesto, no entanto, a matéria não deve ir a plenário neste ano.
"Para ir pro segundo turno, ele ará por três comissões. Cada uma delas pode ficar com o projeto por cerca de 100, 150 dias. Fora os requerimentos que você pode protocolar. Eu acredito que esse projeto terá muitas dificuldades", analisa.