
A operação-padrão adotada pelos auditores da Receita Federal, desde 27 de dezembro, começou a causar transtornos ao transporte de cargas nos estados, com possíveis prejuízos ao abastecimento de produtos no Brasil. Essa mobilização busca pressionar o governo a regulamentar o pagamento de um bônus de eficiência à categoria e foi deflagrada após o anúncio de reajuste salarial apenas para servidores da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e do Departamento Penitenciário Nacional.
O protesto por reajuste já se estendeu por outras carreiras da elite do funcionalismo, como os servidores do Banco Central (BC) e os auditores do Trabalho. Sob pressão, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, concordou em se reunir com representantes dos servidores, na próxima terça-feira. Mesmo assim, há uma paralisação geral marcada para o próximo dia 18.
No Porto de Santos, em São Paulo, a liberação do trigo vindo da Argentina sofreu atrasos na alfândega por causa da operação-padrão dos auditores. Na Região Norte, segundo o governador de Roraima, Antônio Denarium (PP), mais de 800 caminhões carregados com diversos tipos de mercadorias estavam parados, ontem, na fronteira com a Venezuela, na capital, Boa Vista, e em Manaus.
O Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco) de Santos informou que, até ontem, 95% dos 20 cargos de chefia da alfândega local tinham sido entregues, incluindo os de delegado e de delegado-adjunto.
O presidente do sindicato, Elias Carneiro Júnior, anunciou que está marcada para hoje uma reunião da entidade com os auditores de Santos para discutir formas de tornar a mobilização ainda mais rigorosa.
"Nós vamos fazer uma reunião para que a gente possa acirrar o movimento e aumentar a intensidade da operação-padrão. O que isso quer dizer? Nós vamos aumentar o percentual de amostragem e conferência. Em vez de conferirmos 100 contêineres, como a gente faz atualmente, por amostragem, nós vamos conferir 200 contêineres totalmente", disse o sindicalista. "Claro que isso aí acaba por atingir a liberação da carga, principalmente de importação, porque os procedimentos ficam mais lentos."
Carneiro Júnior observou que a opepração só não está atingindo produtos prestes a vencer, principalmente perecíveis e medicamentos. "Estamos no Brasil inteiro acirrando, principalmente nos portos secos. Nós vamos, aqui, acompanhar o mesmo caminho e acirrar, possivelmente, a partir de segunda-feira, enquanto o governo não ceder e não cumprir o que foi acordado em 2016." Ele se refere à promessa do Executivo de regulamentar o bônus de eficiência.