
O grupo criado em 12 de junho de 2019 tem Fabiana Conceição de Paiva, de 41 anos, como pioneira e coordenadora. Ex-auxiliar istrativa, divorciada e mãe de um adolescente de 15, ela se mostra feliz da vida no trabalho não só pelo retorno financeiro como pela dinâmica. “Cada dia é um dia diferente, sempre há uma história nova”, afirma a belo-horizontina residente no Bairro Vitória, na Região Nordeste capital. Nesta semana de homenagens pelo Dia Internacional da Mulher, a turma sabe que força e determinação movem o mundo e turbinam o trabalho.

Segurança
Mas como nem tudo são flores nem a vida é um mar de rosas, há “perrengues” a qualquer hora. “Ficamos atentas à segurança, ainda mais com essa onda de roubo de celulares. Em menos de 10 dias, fiquei sem dois aparelhos. Esse toque é importante, principalmente para quem está começando no aplicativo.” O dia a dia traz surpresas, e Fabiana não se esquece de quando foi furtada por uma ageira.“Tenho uma caixinha para guardar gorjetas, fica em local visível. Tinha acabado de colocar uma gorjeta ali, dada por uma ageira, quando atendi outra. Essa segunda, ao descer do carro, despistou, ou a mão na caixinha e saiu de fininho. Deixei o volante, perguntei se tinha pegado, ela negou. Nisso, a caixinha escorregou do seu corpo. Acabamos na polícia, e fiz um BO (Boletim de Ocorrência)”.
Esse caso não tira a alegria da motorista, que recebe muitos elogios dos clientes, e recebe de vez em quando um presente. “Uma vez, ganhei uma peça de picanha de um senhor. Foi muito bom, pois eu estava num dia cheio de atividades, teria que ir ao supermercado e depois voltar para casa. Valeu demais”, revela, certa de que, no seu “escritório sobre quatro rodas”, faz muito amigos.
Sonhos
O trabalho corrido não atropela os planos – e correr atrás dos sonhos é fundamental”, acredita Maria Ercília Palhares Araújo, de 30, moradora do Castelo, na Região da Pampulha. Motorista de aplicativo há dois anos e meio, ela já comprou seu carro, vai se casar em agosto e não tem do que reclamar do serviço. “A gente se expõe muito, mas existindo respeito, está tudo bem. Na verdade, respeito quem dá é a gente. Nunca ei por nenhuma situação de constrangimento.”Antes de começar a trabalhar, Maria Ercília, graduada em istração e com experiência em empresas de transporte, tinha apenas um medo: o da solidão. Com o tempo, no entanto, descobriu que a profissão de motorista tem dinâmica própria, há sempre uma novidade. Com o grupo das Guerreiras, fica melhor pois existe um canal de comunicação aberto.”
"Tamo juntas"
Se os “perrengues” surgem no caminho, Elizângela Nascimento, a Lili, de 34 anos, tira de letra. Moradora do distrito de São Benedito, em Santa Luzia (RMBH), a ex-assistente istrativa decidiu pegar no volante há três anos ao ficar desempregada. “Um avanço importante no nosso grupo está na troca de experiência e na colaboração. Já fui assaltada e tive ajuda de colegas na hora de ir à delegacia”, revela.O encontro mensal das motoristas se tornou um compromisso para Lili, pelo clima de integração, brincadeiras e narrativas das aventuras pelas ruas, avenidas, estradas. “Trabalho à noite e de madrugada, buscando ageiros em eventos, casas de shows etc.,então sou muito focada na segurança. Daí ser importante ouvir relatos das colegas. Só de saber que ‘tamo juntas’ traz bastante tranquilidade. Afinal de contas, somos todas Guerreiras do Asfalto”.