
Além disso, o período de isolamento fez Marta ter um olhar diferente e mais atento para si mesma e as próprias necessidades. “A pandemia nos trouxe algumas lições. Devemos nos cuidar. E esse cuidado com a minha pele me fez ocupar um espaço que estava precisando ser preenchido e que faz o tempo ar”, afirma. “Estou feliz com os resultados. Nada foi agressivo.”
A médica dermatologista Thaís Bittencourt Teles explica que a melhora esperada com a reposição oral da proteína é discreta e difusa. “Considero que vale a pena a reposição de colágeno oral à medida que se entende a limitação do seu uso, diante da tendência genética individual de cada paciente e também dos hábitos de vida que podem estar acelerando ou retardando o processo. O que quero dizer é que, sozinha, a reposição de colágeno não faz milagres”, alerta a profissional.
“Já o uso injetável de alguns compostos atua mais intensa e focalmente no estímulo de colágeno da região aplicada. Chegam a aumentar as fibras colágenas em 50% a 60% após seis meses da aplicação. Tecnologias como ultrassom microfocado também têm sido cada vez mais usadas”, acrescenta.
QUATRO PERGUNTAS PARA... 2c6t39
Sayuri yuge, médica dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia
1 - Existem formas de prevenir a perda e a falta de colágeno? Como é possível repor?
Sim. Dependendo do objetivo, existem vários tipos de reposição de colágeno: colágeno específico para pele, cabelos e unhas, colágeno para as articulações (geralmente prescrito por ortopedistas e reumatologistas) e colágeno específico para os
músculos (ideal para atividade física). Geralmente, prescrevemos a reposição de colágeno e fazemos tratamentos
na pele que aumentam a produção da proteína local.
2 - É possível pessoas jovens já terem deficiência de colágeno? A partir de que idade a
suplementação é recomendada?
Pessoas jovens, geralmente portadoras de doenças raras, como condrodisplasias, osteogênese imperfecta e síndromes como Ehlers-Danlos, podem ter deficiência precoce de colágeno. A idade para iniciar a suplementação varia, após os 30 anos, mas o ideal é consultar a sua dermatologista ou nutricionista para avaliar a necessidade de reposição.
3 - A genética pode influenciar na presença ou na falta de colágeno?
Vários estudos têm demonstrado que a genética tem grande influência direta sobre a pele, afetando sua qualidade,
velocidade de regeneração e resistência ao sol, assim como a velocidade com que o colágeno é quebrado e produzido.
Esse fator reflete diretamente no envelhecimento da pele e dos demais órgãos.
4 - Qual substância é importante na produção do colágeno?
A vitamina C é vital para a produção de colágeno, ou seja, a deficiência dessa vitamina pode causar, também, deficiência na produção da proteína.
RAIO-X DO COLÁGENO Vários estudos demonstram que a genética tem grande influência direta sobre a pele, afetando sua qualidade e velocidade de regeneração (foto: naturwohl-gesundheit/Pixabay ) 321763
A palavra colágeno vem do grego kólla, que quer dizer cola em português. É uma proteína fundamental ao nosso corpo, que conta com mais de 20 tipos de colágenos diferentes. Está presente nos tendões e ligamentos e também ajuda a sustentar os órgãos, além de ser parte importante da estrutura dos dentes e ossos. Já na pele, ele dá resistência, elasticidade e firmeza, representando cerca de 70% do total de proteínas presentes.
* Diminuição gradual
Após os 30 anos, nosso corpo diminui a produção de colágeno naturalmente, mesmo em pessoas saudáveis. Por ano, perdemos cerca de 1%, e essa perda tende a piorar na menopausa, no caso das mulheres. Estudos demonstram que cerca de 30% do colágeno pode ser perdido nos primeiros cinco anos após a menopausa. Depois, o declínio é mais gradual, com redução de 2% ao ano, pelos próximos 20 anos.
* Sintomas
Os sinais da falta de colágeno no organismo incluem flacidez, no caso da pele, quando o nível da proteína já diminuiu bastante. Já a diminuição do colágeno nas articulações pode provocar dores articulares e perda de massa magra. O sistema osteomuscular também sofre com essa degradação, podendo evoluir para artrite e artroses.
* Prevenção
Os hábitos de vida, como exposição solar, tabagismo, ingestão de doces e de frituras, aceleram o processo de degradação das fibras colágenas, determinando o nosso envelhecimento extrínseco. Clinicamente, manifesta-se como rugosidade, perda de elasticidade, rugas finas, discromias. Logo, para prevenção à degradação do colágeno, devemos manter hábitos de vida saudáveis, controlando a exposição solar e tendo uma dieta equilibrada. Alimentos e suplementação ricos em vitamina C, silício orgânico e aminoácidos são positivos para a redução da degradação do colágeno.
Fontes:
Sayuri Yuge, médica dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, e Thaís Bittencourt Teles, médica dermatologista e dona da clínica Pelle Vitta
*Estagiária sob a supervisão da subeditora Sibele Negromonte