Por Patrícia Espírito Santo

A reação da diretora de uma multinacional sa durante reunião com sua equipe de gerentes se tornou assunto do cafezinho de toda a empresa por vários dias. Tudo porque ela foi enérgica e agressiva ao chamar a atenção de todos sobre os números e metas que estavam abaixo do desejado e esperado. "Ela falou alto, deu soco na mesa, esbravejou. Deu piti, chilique”, disseram seus subalternos.
Dias depois quis conversar com um dos gerentes sobre o ocorrido. Queria saber qual a leitura ele havia feito da forma como ela se manifestara, visto que os dois mantêm um relacionamento amigável e franco. Apesar da diferença entre as posições hierárquicas ocupadas por ambos, ele não se viu obrigado a colocar panos quentes. "Achei que você poderia ter ado seu recado, dado sua bronca sem precisar ser agressiva".
Mal acabou de se posicionar ouviu aquilo que, segundo ele, não precisava ter ouvido, mas que retratava fielmente a realidade. "Você está dizendo que eu deveria ter me portado como uma chefe mulher e não como os chefes homens com os quais vocês estão acostumados", o questionou.
agens como essa podem ser muito bem aproveitadas para reflexão e questionamentos sobre nossa própria forma de pensar e ver o comportamento do outro. Pessoas são facilmente desmoralizadas por atitudes que são consideradas normais quando seus atores são agentes que historicamente ocupam posição de poder.
Um homem chorando é interpretado como sensível, já uma mulher costuma ser tachada de manhosa e fraca. Um chefe abrutalhado, que fala palavrões, pode não ser venerado, mas também não é ridicularizado. É bravo e grosseiro, mas não arranca risadas pelas costas de todo o grupo na hora do café. Na maioria das vezes é temido.