
“O mês de outubro é dedicado à conscientização sobre a importância de prevenir o câncer de mama. Mas muita gente ainda desconhece que cerca de 10% das mulheres com essa neoplasia estão propensas a desenvolver o câncer de ovário. A relação existe quando há alterações genéticas, principalmente nos genes BRCA1 e BRCA2, sendo que o assunto virou notícia quando a atriz Angelina Jolie, portadora dessa mutação, decidiu retirar a mama e ovários preventivamente. O câncer de ovário ainda é um grande desafio na ginecologia oncológica. A doença é silenciosa e de difícil detecção, sendo a terceira neoplasia ginecológica mais comum, atrás apenas do câncer de colo de útero e endométrio. Conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca), são registrados cerca de 6 mil novos casos anuais e aproximadamente 75% deles ocorrem em estágios avançados da doença.
A história clínica e familiar, a ultrassonografia transvaginal, a ressonância magnética e os marcadores tumorais no sangue, como o CA 125, são importantes para o diagnóstico do câncer de ovário. No entanto, não existem métodos efetivos para o rastreamento dessa neoplasia. Os tratamentos dependem da fase em que a doença é descoberta. A incidência é maior em pessoas acima dos 50 anos, mas pode ocorrer entre jovens. A cirurgia é uma ação importante no tratamento para a avaliação da extensão da doença e ressecção tumoral. Atualmente, existem avanços no tratamento, incluindo melhoramentos na quimioterapia, as terapias-alvo e a Hipec (quimioterapia hipertérmica intraperitoneal), além de drogas com indicação específica para aquelas mulheres com mutação nos genes BRCA 1 e 2. Os avanços científicos já permitem considerar o câncer uma doença crônica e perfeitamente tratável, eliminando o estigma de ‘sentença de morte’, principalmente no caso do câncer de ovário.
As evidências científicas comprovam que, quando existem mutações nos genes BRCA 1 e 2, cerca de 85% das mulheres podem desenvolver o câncer de mama e 50% podem ter câncer de ovário. Existem indicações específicas para se investigar a possibilidade do câncer hereditário, especialmente as mutações nos genes BRCA. A detecção de pessoas com essas alterações propicia o aconselhamento genético e a adoção de medidas preventivas. Os testes identificam candidatas a cirurgias redutoras de risco, incluindo a retirada programada de tubas uterinas e ovários, a mastectomia redutora de risco, assim como a indicação de tratamentos quimioterápicos individualizados. É essencial saber e reconhecer a existência dessa possibilidade de mutação para que, juntamente com o médico, seja possível tomar decisões mais assertivas sobre a saúde de cada um. A identificação desse tipo de câncer hereditário é fundamental para as políticas públicas, pois muda o manejo da doença ao permitir que pacientes e familiares em risco se beneficiem de medidas preventivas, resultando no aumento da expectativa de vida.”