Padre Reginaldo Manzotti vai levar 40 mineiros para conhecer o novo papa
Com o início do Conclave na próxima quarta (7/3), o nome do sucessor de Francisco pode ser definido antes da viagem de peregrinação para Europa, com 178 pessoas
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Siga noDiante da tela de TV, a aposentada mineira Marciana Alvarenga, de 83 anos, acompanha as últimas notícias do início do Conclave, no Vaticano. Desde a morte do papa Francisco, no feriado de 21 de abril, a moradora da cidade de Nova Era vive o luto da perda do Santo Padre, com pesar e ansiedade. Com viagem programada para Europa, em 3 de junho deste ano, o sonho dela era poder ver o franciscano, que de acordo com Dona Naná, como é conhecida, ”deixou um legado de amor, simplicidade e compaixão com os mais humildes. Agora, a minha expectativa nessa primeira viagem ao exterior, é a de conhecer o novo papa. Desejo que ele continue com as obras de Francisco, que tanto se aproximou dos ensinamentos de Jesus Cristo – o de amar uns aos outros”.
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Dona Marciana viaja com outros 177 peregrinos, sendo 40 de Minas Gerais, na excursão de peregrinação junto ao padre Reginaldo Manzotti, por 14 dias na Europa, no roteiro Caminhando com Maria – ando por Fátima (Portugal), Roma, Florença, Verona e Milão ( Itália), Lucerna ( Suíça) e Paris (França). O religioso, com mais de 20 viagens por destinos sagrados como a Terra Santa ( Israel e Jordânia) auxilia os viajantes-fiéis em um eio de devoção, com muita oração, palavras de conforto e de acolhimento aos ensinamentos de Jesus.
Com outras viagens já executadas com o Padre Reginaldo, a mineira de Belo Horizonte, Marilene Amormino, de 68 anos, elogiou a organização das excursões internacionais. A peregrina lamentou a morte de Francisco e espera com ansiedade que o novo papa seja escolhido: “recebi com muita tristeza a notícia da morte do nosso papa. Infelizmente, a ida à Roma, em junho, não será a mesma sem a presença dele. Mas, independentemente de quem tenha sido escolhido, nos sentiremos acolhidos e mais próximos de Deus, com certeza! Pois quem vai conduzir a escolha do nosso novo Papa será o Espírito Santo, que estará presente no coração de cada cardeal. Assim cremos’, emociona.
Santo Padre
A morte inesperada de Francisco pegou padre Reginaldo Manzotti de surpresa. Tanto ele, quanto todos que planejavam poder visitá-lo em Roma, lamenta a despedida do pontífice: “a comunidade católica do mundo inteiro está em oração e luto pela partida do Santo Padre, o Papa Francisco, que nos deixa um legado de amor, misericórdia e proximidade com os mais pobres e marginalizados. Ele foi um verdadeiro pastor com o cheiro das ovelhas, como ele mesmo dizia, um homem que tocou corações com sua simplicidade, firmeza e coragem profética”.
Padre Reginaldo afirma que, agora, o catolicismo vai viver o tempo do Conclave, com fé e confiança na ação do Espírito Santo: “ o que esperamos do novo Papa é que ele continue a missão de Cristo no mundo com sabedoria, humildade e discernimento. Que seja um homem de oração, atento aos sinais dos tempos, capaz de dialogar com o mundo moderno sem perder a fidelidade ao Evangelho. Precisamos de um Papa que una, que construa pontes e que fortaleça a fé do povo de Deus, especialmente em tempos de tanta divisão e desafios éticos e espirituais. Rezemos para que os cardeais, reunidos em Conclave, sejam iluminados e abertos à vontade divina. A Igreja é de Cristo, e ele nunca a abandona. Seguimos firmes, confiando que o novo sucessor de Francisco será escolhido segundo o coração de Deus”.
Peregrinação
Em junho deste ano já estava programada a peregrinação pela Europa, com uma parada em Roma, para o Pentecostes. Com a morte de Francisco, a expectativa do Padre Reginaldo e dos visitantes é que eles possam ser os primeiros brasileiros a conhecer o novo papa. “De fato, essa peregrinação marcada para junho ganha agora um significado ainda mais especial. Já íamos com o coração preparado para celebrar o Pentecostes, mas, com a eleição de um novo Papa se aproximando, há uma expectativa ainda maior: a possibilidade de estarmos entre os primeiros brasileiros a ver, ouvir e receber a bênção do novo Santo Padre”, observa.
De acordo com o Padre Reginaldo, a expectativa é de muita emoção, gratidão e renovação espiritual. “Que essa viagem seja um testemunho vivo da catolicidade da nossa fé, uma Igreja que é una, santa, católica e apostólica, e que, mesmo diante da partida de um Papa tão amado como Francisco, continua firme, guiada pelo Espírito Santo. Que possamos voltar dessa peregrinação ainda mais fortalecidos na missão de evangelizar com amor, coragem e alegria!”, comemora.
“Com a graça de Deus, essa peregrinação ganhou um novo e profundo significado: além de ser uma viagem de fé e oração, podemos dizer que estaremos, sim, levando peregrinos do Brasil para conhecer aquele que será o novo sucessor de Pedro. É um privilégio e uma responsabilidade espiritual muito grande. Não vamos apenas ver o novo Papa com os olhos do corpo, mas acolhê-lo com os olhos da fé e do coração. Vamos em nome de muitos brasileiros que não podem estar fisicamente lá, mas que estarão unidos a nós em oração. Levamos as intenções de todo um povo, a esperança de uma Igreja viva e missionária’, emociona Padre Reginaldo
Mensagem aos mineiros
Na excursão religiosa, os 178 fieis vão percorrer templos dedicados à Maria, mãe de Jesus. São lugares sagrados em Portugal, Itália, Suíça e na França. Destinos de oração e fortalecimento da fé na caridade representada pela mãe de Jesus. Padre Reginaldo tem um recado aos peregrinos que estarão junto com ele nessa jornada de louvor: “quero dizer a cada um de vocês que esta peregrinação não será apenas uma viagem turística, será uma verdadeira experiência de fé, uma oportunidade única de aprofundarmos nosso encontro com Deus, com a Igreja e com nossos irmãos na caminhada. A vocês, especialmente aos 40 mineiros que vêm dessa terra tão cheia de fé, devoção e hospitalidade: sintam-se acolhidos com carinho. Minas Gerais tem um lugar especial no meu coração e sei que vocês levam consigo a doçura do pão de queijo, mas, acima de tudo, a doçura da alma mineira, que reza, canta e serve com amor. Rezem para que essa seja uma peregrinação de cura, de paz e de renovação. E ao voltarmos, que sejamos como os discípulos no caminho de Emaús: com o coração ardente e os olhos abertos para reconhecer o Senhor em tudo”.
Para a farmacêutica Claudinéia Faustino, que acompanha a mãe Marciana na viagem, recebe com leveza as palavras do Padre Reginaldo: “desde o início, sabíamos que essa viagem de peregrinação à Europa seria mais que um eio turístico por cidades encantadoras. Fico feliz em poder acompanhar a minha mãe ao Vaticano, acompanhá-la nas celebrações Pentecostes e visitar igrejas históricas em Fátima, Florença, Milão e Paris. Vamos com os corações esperançosos de sermos os primeiros mineiros que terão a oportunidade de conhecer o novo papa. Depositamos nele a esperança que seja um guardião que fará da Igreja Católica, um pilar de bondade e caridade aos que tenham fé em Jesus Cristo”, conclui.
Três perguntas para Padre Reginaldo:
Quantas viagens já realizou e qual foi a mais marcante?
Já estive na Terra Santa cerca de 11 vezes. Cada uma dessas experiências foi única, mas todas com um mesmo propósito: levar a Palavra de Deus, fortalecer a fé dos fiéis e também ser fortalecido por tantos testemunhos de amor, dor e superação.
Se eu pudesse destacar uma como a mais marcante, sem dúvida seria a peregrinação à Terra Santa. Estar nos lugares onde Jesus nasceu, caminhou, sofreu, morreu e ressuscitou é algo que toca profundamente a alma. Celebrar a Eucaristia às margens do Mar da Galileia, rezar no Santo Sepulcro ou caminhar pela Via Dolorosa... não há palavras que expressem o que isso significa para um sacerdote e para qualquer cristão. É como se as páginas do Evangelho ganhassem vida diante dos nossos olhos.
Fale um pouco do que foi e sempre será o papa Francisco e o legado que ele deixará para a humanidade
O Papa Francisco foi, e sempre será, uma luz profética para o nosso tempo. Seu pontificado ficará marcado na história da Igreja como um verdadeiro testemunho de amor, misericórdia e compromisso com os mais pobres. Ele não apenas falou do Evangelho, ele o viveu, com gestos concretos de simplicidade, acolhimento e coragem.
Francisco nos ensinou que a Igreja deve estar em saída, indo ao encontro das periferias, não só geográficas, mas existenciais. Que não devemos julgar, mas acolher. Que a misericórdia é o rosto mais belo de Deus. E que a fé, quando autêntica, gera pontes, não muros. Foi um Papa do diálogo, da paz, da ecologia integral, e da ternura, especialmente com os que sofrem.
Mesmo partindo para a eternidade, Papa Francisco continua presente em cada gesto de compaixão, em cada comunidade que se abre aos necessitados, em cada voz que se levanta pela justiça e pela paz. Ele foi, verdadeiramente, um sinal vivo do Bom Pastor entre nós. Que Deus o acolha em Sua infinita misericórdia.
O senhor chegou a conhecer o papa Francisco e qual sentimento viveu nesse encontro?
Sim, tive a oportunidade de conhecer pessoalmente o Papa Francisco durante uma visita ao Vaticano. Foi um encontro breve, mas significativo. O que mais me impressionou foi sua atenção e simplicidade. O Papa Francisco deixa a imagem de um líder espiritual ível, humano e profundamente comprometido com o essencial do cristianismo: o cuidado com o outro, a justiça social e a centralidade de Cristo.