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Geração do Sol esquecido: a importância da vitamina D na juventude

O hormônio é essencial para a formação óssea, função imunológica e saúde neuromuscular, e a suplementação é recomendada até os 18 anos

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Houve um tempo em que ser criança era sinônimo de joelhos ralados, suor no rosto e banho de sol até o fim da tarde. Mas essa época ficou no retrovisor. Hoje, as infâncias são digitais, as adolescências são vividas sob luz artificial e a juventude cresce sem sol. E esse detalhe aparentemente inofensivo está custando caro à saúde física — e talvez até mental — de uma geração inteira.

O médico Gustavo de Oliveira Lima explica que a vitamina D, um hormônio essencial para a formação óssea, função imunológica e saúde neuromuscular, depende quase exclusivamente da exposição solar para ser sintetizado pelo corpo. Em resposta a esse novo comportamento social — em que crianças e adolescentes am cada vez mais tempo em ambientes fechados —, as diretrizes médicas foram atualizadas: a suplementação de vitamina D agora é recomendada até os 18 anos, e não mais apenas no primeiro ano de vida.

O novo raquitismo moderno: silencioso, mas devastador

A deficiência de vitamina D em jovens deixou de ser uma exceção clínica para se tornar um problema de saúde pública. Segundo especialistas, os quadros leves — mas recorrentes — de fadiga, dores musculares, dificuldade de locomoção e queda de desempenho escolar podem ter uma explicação mais simples (e negligenciada) do que se imagina: carência de vitamina D.

Os sintomas, muitas vezes interpretados como “coisas da adolescência” ou falta de disposição, podem ser os primeiros sinais de um corpo em desequilíbrio estrutural e funcional. A longo prazo, os riscos vão além do desconforto físico: há aumento na vulnerabilidade a infecções respiratórias, risco de osteopenia, deformações ósseas e desenvolvimento comprometido.

A deficiência também pode afetar a saúde mental, já que a vitamina D participa da modulação de neurotransmissores relacionados ao humor. Há estudos que correlacionam baixos níveis de vitamina D com quadros de depressão e ansiedade — especialmente entre adolescentes.

Antes, a suplementação era indicada apenas para bebês no primeiro ano de vida. Agora, com base em dados epidemiológicos preocupantes, a recomendação se estende para toda criança e adolescente até os 18 anos de idade. A medida visa não apenas prevenir o raquitismo, como também proteger o sistema imune em uma fase da vida marcada por crescimento acelerado e intensa demanda metabólica.

Essa atualização das diretrizes não surgiu à toa. Foi uma resposta direta à mudança de comportamento social que reduziu drasticamente a exposição solar da juventude — ao mesmo tempo em que aumentou o sedentarismo e o consumo de alimentos ultraprocessados, pobres em nutrientes e ricos em tudo o que o corpo não precisa.

Vitamina D: sol na pele, força nos ossos, escudo na imunidade

A vitamina D é produzida naturalmente pelo organismo por meio da exposição ao sol, mais especificamente à radiação UVB, que ativa processos bioquímicos na pele. Cerca de 90% da vitamina D que o corpo usa vem da luz solar. O restante pode ser obtido pela alimentação — mas, neste ponto, a dieta raramente dá conta sozinha.

Ao contrário do que muitos pensam, o uso de protetor solar não bloqueia completamente a síntese da vitamina D. Pequenas exposições diárias (entre 15 e 30 minutos, em horários adequados) já são suficientes para ativar a produção — desde que incluam áreas como braços e pernas.

Fontes alimentares: uma ajuda extra

Apesar de limitada, a alimentação também pode contribuir. Alimentos ricos em vitamina D incluem:

  • Peixes de águas frias e profundas, como salmão, sardinha e atum
  • Gema de ovo
  • Fígado bovino
  • Laticínios e cereais fortificados
  • Cogumelos expostos à luz solar

“Ainda assim, as quantidades presentes nos alimentos dificilmente suprem as necessidades diárias, especialmente durante o crescimento,” comenta Gustavo.

Sintomas de alerta na juventude

Pais, educadores e profissionais de saúde precisam estar atentos aos sinais, muitas vezes sutis, de que há algo errado. Entre os mais comuns:

  • Fadiga constante sem causa aparente
  • Fraqueza muscular e dificuldade para subir escadas ou caminhar longas distâncias
  • Dores ósseas ou nas articulações
  • Infecções respiratórias frequentes
  • Irritabilidade ou quadros de tristeza persistente

O diagnóstico é feito com um simples exame de sangue, que mede a dosagem de 25(OH)D. Com base nos resultados, o médico pode orientar a melhor forma de suplementação — que pode ser feita diariamente, semanalmente ou em doses mais espaçadas, dependendo do caso.

Prevenção começa no hábito: como driblar a deficiência

  • Tome sol de forma consciente: 15 a 30 minutos por dia, com braços e pernas expostos, preferencialmente antes das 10h ou após as 16h.
  • Inclua fontes alimentares de vitamina D na rotina: uma alimentação equilibrada fortalece o corpo como um todo.
  • Evite o sedentarismo: a saúde óssea também depende de estímulo físico.
  • Faça check-ups regulares: a deficiência pode ar despercebida por muito tempo se não for investigada.
  • Suplementação orientada por profissional: nunca se automedique. O excesso de vitamina D também pode ser prejudicial.

Estamos diante de uma geração que cresceu conectada, mas desconectada da luz que a sustenta. A deficiência de vitamina D na juventude é um reflexo de um estilo de vida que prioriza telas em vez de sol, alimentos rápidos em vez de nutrientes reais, e descuido em vez de prevenção.

A solução começa no básico: recolocar o corpo em contato com o que ele sempre precisou — luz natural, alimentação verdadeira e acompanhamento médico atento.

O médico orienta: “Vitamina D não é apenas um número em um exame de sangue. É um alerta sobre o que estamos deixando de viver e sobre o que ainda é possível recuperar, se dermos ouvidos ao que o corpo está pedindo.”

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