Zema volta a fazer acenos a Bolsonaro com presença em ato na Paulista
Governador de Minas Gerais intensificou gestos ao ex-presidente e confirmou presença em ato pela anistia dos condenados do 8 de janeiro de 2023
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Siga noBuscando se posicionar como uma alternativa viável para a direita nas eleições de 2026, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), volta a fazer acenos a Jair Bolsonaro (PL) e seus seguidores com presença em ato pela anistia aos condenados dos atos antidemocráticos do 8 de janeiro, neste domingo (6/4), na Avenida Paulista, em São Paulo.
Esta é a primeira vez que o chefe do Executivo mineiro participa de uma manifestação organizada pelo bolsonarismo desde fevereiro de 2024, quando na ocasião também esteve na Paulista ao lado de Bolsonaro. Desde então, Zema faltou a três manifestações organizadas pelo ex-presidente e seus aliados: 21 de abril de 2024, em Copacabana (RJ); 7 de setembro de 2024, na Paulista (SP); e no último 16 de março, também em Copacabana.
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O convite ao governador mineiro para o ato de hoje foi feito após ele publicar um vídeo se posicionando contra o julgamento da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, que ficou conhecida por ter pichado a frase “Perdeu, mané”, na estátua “A Justiça” que fica no Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Alexandre de Moraes pediu a condenação a 14 anos de prisão, mas o caso foi suspenso por um pedido de vistas do ministro Luiz Fux.
Após a manifestação, Zema teve um encontro com o presidente do PL em Minas Gerais, deputado federal Domingos Sávio (PL), que fez a ponte para a retomada do contato com Bolsonaro. Ao Estado de Minas, o parlamentar teceu elogios ao governador e disse que há uma identificação com os valores defendidos pelo PL e pelo bolsonarismo.
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“Eu fui parabenizá-lo e dizer que achava importante que todos nós, que temos essa consciência e exercemos uma liderança tínhamos que nos unir para combater essa injustiça. Não basta a gente achar que está errado, temos que fazer alguma coisa. E o governador Zema é um homem do bem, um grande líder, que traz as características que nos orgulham como mineiros, um governante honesto que está identificado com esses valores que o PL defende”, disse.
Para Sávio, o ato é importante para sensibilizar a sociedade brasileira para o que ele classifica como “injustiças” do Supremo ao julgar os atos do 8 de janeiro de 2023. Ele analisa que a participação de governadores é importante para dar o tom nacional a manifestação, destacando também a presença do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
“Não vai me surpreender se tivermos lá 10 governadores. Isso vira um ato nacional, não é uma questão pessoal, ou do bolsonarismo. (...) Nós não podemos deixar o assunto morrer. Tem senhoras com mais de 60 anos, condenadas há mais de 14 anos, senhoras que não têm antecedentes criminais”, afirmou Sávio.
Ao confirmar presença no ato, Zema disse ser favorável à anistia. A declaração do governador de Minas foi dada em coletiva de imprensa durante um evento do agronegócio em Brasília, onde na ocasião ele também teceu uma série de críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo preço dos alimentos. Assim como tem subido o tom contra a gestão petista nos últimos meses, ele tem feito manifestações em direção ao bolsonarismo.
Logo após a Primeira Turma do STF declarar Bolsonaro réu no julgamento da tentativa de golpe, na última quarta-feira (26/3), Zema saiu em defesa do ex-presidente e o classificou como "maior líder da oposição ao governo PT". "Espero que a justiça seja feita e que ele recupere seus direitos políticos", escreveu.
Na sexta-feira (28/3), Bolsonaro agradeceu o apoio. "Governador, muito obrigado pelas palavras, e deixo aqui também minha consideração e meu grande carinho por vossa excelência!", disse.
Fila é longa
Apesar de sinalizar a intenção de se candidatar em 2026, a fila na direita parece longa para Romeu Zema. Com Bolsonaro até o momento inelegível, Tarcísio de Freitas parece ter a preferência do campo para ser cabeça de chapa. Em outra frente, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), lançou sua pré-candidatura na última sexta-feira (4/4), e outros governadores aparecem na frente de Zema nas pesquisas, como Ratinho Júnior (PSD) do Paraná.
De qualquer maneira, Zema tem intensificado as agendas fora de Minas Gerais para apresentar os feitos do seu governo e tentar se cacifar como um candidato viável. Nos últimos 20 dias, o governador esteve em São Paulo, onde teve encontro com empresários e participou de fóruns; em Brasília, no chamado Cana Summit; e em Porto Alegre (RS), para o Fórum da Liberdade, Fórum Instituto Atlantos, e encontro com empresários.
Para Domingos Sávio, Romeu Zema tem força para uma candidatura majoritária, mas o importante é que a direita se mantenha unida. “O governador é um nome importante no processo político pela liderança dele, mas principalmente porque Minas é um estado estratégico. Se Bolsonaro, de fato, não conseguir ser candidato, nós temos que evitar que saiam três candidatos”, disse.
“Zema é um nome importante, que tem história e cacife para uma candidatura majoritária, e aí você tem a possibilidade de ser candidato a presidente ou vice-presidente. Acho que pelo peso de Minas, é natural que a gente pense em uma representação dentro de uma composição nacional. Mas sinto que Zema está preocupado em concluir bem o seu mandato, e contribuir para que o Brasil reencontre o caminho certo”, completou.