Fiemg vê taxação de Trump como 'oportunidade para indústria'
A Federação das Indústrias de Minas afirma que a decisão pode dar vantagem competitiva ao Brasil em relação a outros países
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Siga noA Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) afirma que a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar em 10% produtos brasileiros pode abrir oportunidades para a indústria nacional. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (2/4), data que ele chamou de "Dia de Libertação".
"Embora as tarifas de 10% sobre produtos brasileiros sinalizem um endurecimento das políticas comerciais americanas, a FIEMG entende que a medida também pode gerar uma vantagem competitiva para o Brasil em relação a outros países e, eventualmente, criar oportunidades para a indústria nacional", declarou a entidade.
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Nas taxações anunciadas hoje a diversos países, as tarifas mínimas foram de 10%, enquanto outras nações enfrentaram taxas ainda mais altas. Países considerados inimigos, como China e Vietnã, receberam tarifas de 46% e 34%, respectivamente. Nem mesmo aliados escaparam da medida: Taiwan foi taxado em 32%, Coreia do Sul em 25%, Israel em 17% e a União Europeia em 20%.
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A federação apontou que os principais setores da economia mineira afetados pelas tarifas serão o aeronáutico, madeireiro, etanol, agricultura e cobre, além do alumínio e do aço, que já haviam sido taxados em 25% anteriormente.
O setor automotivo mineiro também deve ser impactado diretamente, já que o estado exporta peças e órios para veículos. Apesar das tarifas anunciadas, a representante da indústria mineira afirmou confiar em negociações do governo brasileiro para preservar relações comerciais estratégicas.
No ano ado, a balança comercial entre os dois países favoreceu os americanos, que exportaram para o Brasil US$ 40,7 bilhões e importaram US$ 40,4 bilhões.
A medida de Trump busca corrigir o déficit de US$ 1,2 trilhão dos Estados Unidos com o restante do mundo. O presidente americano acusou outros países de "roubar" os EUA com tarifas altas e, por isso, adotou uma política de "reciprocidade".
A decisão foi apoiada pelo ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL), que declarou que a medida visa "proteger o país do vírus socialista". Segundo ele, o Brasil deveria abandonar as altas tarifas sobre produtos americanos.
Veja nota da Fiemg
A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) acompanha com atenção o anúncio feito nesta quarta-feira (2/04) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a imposição de novas tarifas comerciais a produtos de diversos países, incluindo o Brasil. Embora o anúncio de tarifas de 10% sobre produtos brasileiros represente uma sinalização de endurecimento nas políticas comerciais americanas, a FIEMG entende que também pode representar uma vantagem competitiva para o Brasil frente aos demais países e, eventualmente, uma oportunidade para a indústria nacional.
Além disso, a Federação reitera sua confiança na diplomacia comercial e no papel ativo do Brasil em buscar soluções negociadas, capazes de preservar empregos, investimentos e o equilíbrio da balança comercial, preservando as relações comerciais estratégicas entre os dois países.
Também é preciso entender se os produtos já taxados anteriormente pelo governo americano em 25%, como é o caso do aço, do alumínio e do setor automotivo, serão atingidos ou não pela nova taxação.
Entre os setores da economia brasileira e da indústria mineira que devem ser afetados pela medida estão:
- Siderurgia e metalurgia: o aço brasileiro, especialmente o semiacabado, é amplamente exportado para os EUA, sendo um elo complementar à cadeia produtiva americana. A imposição de 25% de tarifas sobre produtos siderúrgicos, já anunciadas anteriormente e agora, se acrescidas de 10%, afetarão diretamente a competitividade da indústria nacional.
- Aeronáutico: aeronaves da Embraer, produto de alto valor tecnológico e estratégico, compõem parcela significativa das exportações brasileiras. A medida pode comprometer a presença dos jatos regionais brasileiros no mercado americano.
- Madeira e derivados: os EUA são o segundo maior destino das exportações brasileiras do setor. Produtos como madeira perfilada e itens para marcenaria têm forte dependência do mercado norte-americano. Além disso, pastas químicas (celulósicas) à Soda ou Sulfato é o maior produto exportado pelo Brasil do setor de madeira, representando 41,5% das importações brasileiras dos EUA em 2023.
- Etanol: apesar da oscilação nas exportações, os EUA ainda figuram como segundo maior destino do etanol brasileiro, reforçando a relevância do setor na pauta exportadora.
- Commodities agrícolas: como café e carne bovina, que compõem itens sensíveis na relação bilateral.
- Cobre: apesar de os EUA não serem o principal destino do cobre brasileiro, qualquer alteração no mercado global impacta os preços e a cadeia produtiva interna.
- Alumínio: o Brasil ocupa a 17ª posição entre os fornecedores de alumínio dos EUA. No entanto, assim como o aço, o produto já havia sido taxado em 25% e pode ser impactado pela nova tarifação.
Setor automotivo: a medida pode repercutir negativamente sobre a produção nacional, especialmente em Minas Gerais, que é um dos principais exportadores de peças e órios para veículos para os EUA.
Em 2024, o Brasil exportou cerca de US$ 40,4 bilhões (12% das exportações) e importou US$ 40,7 bilhões (15,5% das importações) dos Estados Unidos. Com estes resultados, o saldo comercial com o país norte-americano foi praticamente nulo. No entanto, o superávit americano em relação ao Brasil foi acumulado em US$ 165,4 bilhões entre os anos de 2015 a 2024.