Obras exaltadas em campanha podem ser legado de Fuad na prefeitura de BH
Obras realizadas durante o mandato reduzido foram foco da campanha pela reeleição e são destaque do trabalho deixado por Fuad para Álvaro Damião
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Siga noFuad Noman (PSD), morto na manhã desta quarta-feira (26/3), foi reeleito à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) em outubro do ano ado com uma campanha focada nas obras entregues em seu primeiro mandato e nas promessas de novas medidas na cidade. No embate com seus adversários na corrida pelo Executivo Municipal, o pessedista se esquivou dos debates ideológicos ao destacar sua experiência na gestão urbana e na entrega de intervenções no espaço urbano da capital mineira.
Fuad foi eleito em 2020 como vice-prefeito de Alexandre Kalil, então no PSD. O cabeça de chapa deixou o cargo em março de 2022 para concorrer ao governo estadual e a prefeitura foi assumida de forma definitiva pelo suplente. Entre obras iniciadas na gestão anterior e novos anúncios, intervenções no trânsito da cidade e para conter os riscos causados pela chuva se destacaram na agenda do Executivo Municipal.
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Além de ser marcado pelo ano em que assumiu a prefeitura em definitivo, 2022 foi também relevante politicamente para o período final de Fuad no comando da capital mineira. O prefeito subiu no palanque de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida presidencial e, com a vitória do petista, o apoio se tornou um trunfo para algumas das bandeiras centrais do mandato e campanha do pessedista.
Em 2023, com Lula no Planalto e Fuad como prefeito, a PBH acelerou o processo de municipalização do Aeroporto Carlos Prates e do Anel Rodoviário. A desativação do terminal com a construção de moradias populares no terreno e a gestão das estradas que cortam Belo Horizonte tornaram-se assunto comum em quase todas as entrevistas de campanha do pessedista.
Municipalizações
"Temos um bairro a ser construído, no antigo Aeroporto Carlos Prates, que também depende de recursos do governo federal para fazer 4.500 moradias. Então, já temos muita coisa para fazer, concluir obras, fazer o anel, fazer o novo bairro”, destacou Fuad em entrevista à GloboNews na segunda-feira (28/10), um dia após a vitória eleitoral.
O destaque dado ao terminal evidencia o esforço despendido pela PBH em desativar o aeroporto, municipalizar o terreno e construir um novo bairro na área. Em dezembro do ano ado, com Fuad já reeleito, a União aprovou a proposta da prefeitura para construir um novo bairro na área do aeroporto.
As obras no terreno e seus arredores deverão ser concluídas e caminhar com Álvaro Damião (União Brasil) no comando da capital. O projeto enviado por Fuad e aprovado em Brasília prevê a construção de um restaurante popular com horta agroflorestal; uma escola de educação infantil (EMEI), uma de ensino fundamental (EMEF), um Centro de Educação Integral (CEI), e um Centro de Aperfeiçoamento dos Profissionais de Educação (CAPE); uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e um Centro de Saúde (CS); e a instalação da Estação de Transporte Coletivo São José.
O último detalhe aprovado pela União foi a construção de 4,5 mil moradias populares, 70% delas de interesse social e 30% para livre comercialização. As casas devem ser construídas e distribuídas no âmbito do programa federal Minha Casa, Minha Vida. Para dar vazão ao aumento populacional previsto no projeto, também ocorrerão obras de mobilidade para interligar o terreno à Avenida Pedro II e ao Bairro Padre Eustáquio.
Em novembro do ano ado, antes da sequência de internações que o afastaram do cargo, Fuad foi pessoalmente a Brasília para reuniões com ministros de Lula e com duas pautas prioritárias na agenda: a cessão do terreno do Aeroporto Carlos Prates e a municipalização do Anel Rodoviário Celso Mello Azevedo.
A transferência do Anel Rodoviário ao município está prevista para acontecer ainda neste primeiro semestre. A intenção das negociações iniciadas por Fuad em 2023 é realizar obras de ampliação e melhoria de oito viadutos nas intersecções entre as rodovias e avenidas da capital mineira. As intervenções receberão cerca de R$ 63 milhões dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-3)
Enchentes
Outro destaque feito pelo prefeito em campanha foi o das obras inauguradas durante sua gestão para conter os riscos causados pelas enchentes na capital mineira. Boa parte das intervenções eram originárias do período em que Kalil comandava a capital. No primeiro mandato do ex-prefeito, Fuad foi secretário municipal de Fazenda e, no segundo, ou metade da gestão como vice.
Entre o início do ano eleitoral de 2024 e a votação em outubro, Fuad teve ao menos 15 agendas públicas destinadas à visita de intervenções da prefeitura na estrutura da cidade, de acordo com levantamento do EM. A maior parte das vezes em que o prefeito deixou o gabinete para vestir o capacete de obras foi em medidas para enchentes.
Entre as medidas destacadas pelo prefeito em seu plano de governo estão as conclusões do canal paralelo ao Ribeirão do Onça para evitar inundações na Avenida Cristiano Machado; das obras nos córregos Lareira e Marimbondo para evitar enchentes no encontro das Avenidas Vilarinho e Doutor Álvaro Camargos; e a implantação de uma bacia de detenção contra os impactos de chuvas na Avenida Tereza Cristina.
Fuad deixa para Damião as obras em andamento nos córregos Olaria e Jatobá no Barreiro; as melhorias no sistema de macrodrenagem do Ribeirão Pampulha; de dois reservatórios profundos para contenção de inundações nos córregos Vilarinhos e Nado; além da implantação de 60 jardins de chuva na bacia do Córrego Nado.
'Meu padrinho são minhas obras'
“Tirando os dois candidatos que são da mídia e trabalham na imprensa há muitos anos, nenhum dos outros candidatos é mais conhecido do que eu. Mas temos que considerar que estou há dois anos e cinco meses só no governo e eu me dediquei muito ao trabalho e sem propaganda pessoal nesses últimos dois anos. Porque nós saímos de uma pandemia, de uma crise e eu precisava trabalhar pela cidade. Agora chegou a hora da campanha e tenho que me apresentar. Preciso mostrar para as pessoas que quem fez as obras foi o prefeito Fuad. Então muita gente não me conhece, mas está começando a conhecer e a nossa campanha é uma campanha propositiva. Não vou atacar ninguém. Nossa proposta é essa, eu não tenho padrinho. Meu padrinho são as minhas obras”.
A frase foi dita por Fuad em entrevista ao Estado de Minas em setembro, em um contexto de campanha ainda incipiente quando o principal desafio do prefeito era tornar-se conhecido do belo-horizontino. Mesmo com os trabalhos eleitorais ainda começando, o foco nas obras como trunfo do prefeito na corrida pela recondução já aparecia como ponto de destaque no discurso.
Antes de chegar à PBH ao lado de Kalil em 2016, Fuad fez carreira como economista no Banco Central e como consultor do Fundo Monetário Internacional (FMI) no governo de Cabo Verde. Sua experiência na gestão do Executivo além da área financeira começou no governo tucano em Minas Gerais, quando chefiou a Secretaria de Transporte e Obras Públicas; e a pasta extraordinária da Copa do Mundo de 2014 durante a gestão de Antônio Augusto Anastasia (então no PSDB).
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A estratégia de citar a ampla experiência como contraponto aos seus concorrentes décadas mais jovens se fortaleceu ao longo da campanha, bem como a de citar as obras realizadas em seu curto período à frente da PBH. Especialmente no segundo turno, quando enfrentou diretamente o deputado estadual Bruno Engler (PL), o prefeito arraigou seu discurso na defesa de resultados práticos em detrimento do debate ideológico.
Na semana que antecedeu o segundo turno e em meio a polêmica causada pela divulgação de trechos de seu livro “Cobiça”, Fuad concedeu uma entrevista à a TV Alterosa e ao Estado de Minas, em que dobrava a aposta em sua campanha mais técnica e menos agressiva.
“Viemos fazendo uma campanha desde o primeiro momento igual. Quero apresentar minhas obras, dizer que não tenho padrinhos, quero mostrar o que estamos fazendo, o que já fizemos e o que podemos fazer. Espero continuar desse jeito porque a população de Belo Horizonte quer trabalho e obras, não brigas e confusões”, afirmou em 24 de outubro, três dias antes do segundo turno.