A educação superior e o desenvolvimento do país
A qualificação é que vai credenciar os brasileiros e o Brasil a fazer parte do progresso que o mundo de hoje busca
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Siga noNa última semana, o governo federal publicou decreto com novas regras para o ensino superior na modalidade de educação a distância (EAD). O marco regulatório determina que nenhum curso de bacharelado, licenciatura e tecnologia poderá ser totalmente virtual. A mudança é positiva, já que leva ao estabelecimento de uma estrutura para as aulas presenciais, por parte das instituições, e também ao melhor aprendizado dos estudantes e, consequentemente, em qualidade maior. Mas muitas questões cruciais que envolvem essa fase acadêmica no Brasil ainda demandam intervenções, apesar de existirem há anos.
Nas duas pontas do novelo, o ingresso e a evasão continuam dando um nó na formação profissional no país, embolando o desenvolvimento. Afinal, as conquistas sociais – que vêm do o ao estudo – e o avanço econômico – derivado das ideias, da inovação e da competência – são pontos fundamentais para o crescimento de uma nação.
De acordo com o Mapa do Ensino Superior no Brasil, os números indicam que, de 2022 para 2023, o aumento nas matrículas foi de 5,6%, com o acréscimo concentrado na rede privada, que registrou um incremento de 7,3%. Segundo o Ministério da Educação (MEC), com base no Censo de Educação Superior, em 2023 havia 9,98 milhões de alunos em faculdades, centros universitários e universidades.
Porém, na busca para concretizar o sonho do diploma, a desistência é uma barreira a ser superada – em alguns cursos, a taxa chega a ultraar 60%, apontando a escassez de políticas robustas que favoreçam a permanência até a conclusão da formação.
A rede privada abre vagas e impulsiona a expansão do o, só que apresenta a dificuldade dos custos das mensalidades. A oferta pública, por sua vez, segue com capacidade limitada para receber toda a população. Nessa conta, quem perde é a parcela de brasileiros que precisa de financiamento para pagar os estudos.
Diante desse cenário, ações como o ProUni (Programa Universidade para Todos) e Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior) ganham importância. Iniciativas de auxílio, desde que desenvolvidas com critérios e submetidas à fiscalização ideal, precisam ser consideradas com a relevância que merecem na complexa realidade do ensino no Brasil.
A adequada distribuição das instituições pelo território nacional – criando mais polos em regiões carentes – é outra medida necessária, embora a possibilidade de EAD reduza justamente esse gargalo.
Em tempos de mudanças rápidas, relacionadas especialmente à forma como as tecnologias afetam o cotidiano das pessoas e o mercado de trabalho, a educação não pode ficar presa a moldes do ado. O investimento e a modernização são essenciais para o país, que, além dos desafios atuais, tem a superar uma histórica baixa escolarização superior.
A representatividade nas graduações está diretamente ligada ao desenvolvimento. A qualificação é que vai credenciar os brasileiros e o Brasil a fazer parte do progresso que o mundo de hoje busca: com sustentabilidade, ciência, inclusão e qualidade de vida. O país precisa assumir as deficiências do ensino superior com responsabilidade e comprometimento para não ficar de fora do desenho que se coloca para o futuro.