Trinidad e Tobago avalia uso de 'força' contra barcos venezuelanos não identificados
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Siga noTrinidad e Tobago anunciou na quinta-feira (5) que avaliará o uso de "força letal" contra qualquer embarcação não identificada que entre em suas águas procedentes da Venezuela e aconselhou os migrantes venezuelanos que residem em seu território a retornar para seu país.
A primeira-ministra Kamla Persad-Bissessar, que assumiu o cargo em abril, fez os anúncios como parte de uma ofensiva contra o país vizinho ao rebater as declarações sobre a detenção de um cidadão de Trinidad por um suposto plano "terrorista" contra o governo de Nicolás Maduro.
"Buscarei aconselhamento para que a Guarda Costeira use a força letal contra qualquer embarcação não identificada que entre (...) a partir da Venezuela", disse a chefe de Governo em uma entrevista coletiva.
Na quarta-feira, o ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, anunciou a detenção de um trinitário, que ele acusou de integrar um grupo de "terroristas" que queriam entrar na Venezuela com planos desestabilizadores.
"Não são apenas colombianos que estão entrando por Trinidad, também estão entrando mercenários de Trinidad. Ele está detido, respeitando seus direitos humanos, e faz parte de um grupo de terroristas que queriam entrar na Venezuela", disse Cabello, sem revelar detalhes.
Maduro havia denunciado um dia antes a incursão do grupo com "um lote de armas longas".
Persad-Bissessar, no entanto, afirmou que as autoridades de Trinidad e Tobago não viram "evidências que sustentem os comentários" e considerou as declarações de Cabello como uma "ameaça".
O pequeno arquipélago de 1,4 milhão de habitantes fica a apenas 10 quilômetros da Venezuela. Quase 60.000 migrantes venezuelanos chegaram às ilhas.
O arquipélago começou a receber migrantes venezuelanos a partir de 2013 devido à grave crise econômica em Caracas, que viu seu PIB encolher 80% em uma década. Segundo a ONU, quase sete dos 30 milhões de habitantes deixaram a Venezuela.
A primeira-ministra de Trinidad e Tobago também afirmou que o governo revisará sua abordagem em relação aos migrantes venezuelanos que residem atualmente no país. No discurso, ela afirmou que os crimes que envolvem cidadãos da Venezuela "continuam aumentando".
"Aconselho os migrantes venezuelanos que estão aqui que, por favor, comecem a retornar ao seu país", acrescentou.
Trinidad e Tobago saiu em meados de abril do estado de emergência declarado em dezembro de 2024 pela violência das gangues.
Segundo dados oficiais, em 2024 foram registrados mais de 600 homicídios, muitos deles relacionados a grupos criminosos. O número é superior ao registrado em 2023.
Um relatório do Departamento de Estado americano indicou que a taxa de homicídios de 37 por 100.000 habitantes tornou Trinidad e Tobago no sexto país mais perigoso do mundo em 2023.
pb-ba/es/fp