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MG: caçambas geram polêmica e evidenciam descarte irregular de lixo

A retirada das duas caçambas que ficavam na principal entrada de Bambuí, no Centro-Oeste mineiro, reacendeu discussão

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A retirada de duas caçambas de lixo no trevo da BR-354, principal entrada de Bambuí, no Centro-Oeste mineiro, gerou polêmica entre moradores e evidenciou um problema antigo na cidade: o descarte irregular de resíduos e a falta de fiscalização.

Oito caçambas espalhadas por Bambuí foram criadas há mais de 10 anos com a promessa de atender principalmente moradores da zona rural, que não contam com coleta porta a porta. Mas, na prática, viraram verdadeiros depósitos de tudo: entulho, móveis velhos, animais mortos e até lixo hospitalar.

Para muitos, o argumento da zona rural não a de desculpa. “As caçambas só facilitam a vida da empresa que coleta o lixo. Dizer que é para a zona rural é balela. Quem mora lá não vai vir até a entrada da cidade pra jogar lixo. E quem tem casa na cidade, coloca o lixo na porta”, disparou uma moradora.

Segundo a prefeitura, não havia previsão contratual para recolher o que era deixado fora das caçambas. A empresa terceirizada se responsabilizava apenas pelo lixo dentro dos recipientes.

O restante ficava por conta do município, que precisava usar caminhões e máquinas pesadas, elevando os custos da limpeza fora das caçambas que custava, em média, R$ 103,50 por tonelada, valor arcado pelos cofres públicos. Ainda assim, o acúmulo de lixo ao redor deixava a cidade com aspecto de abandono, especialmente na entrada principal.

Demanda popular

A decisão de remover as duas caçambas do trevo partiu de demanda popular. “Apoio totalmente. Nunca entendi o porquê delas naquele lugar”, comentou uma moradora.

A medida está em fase de teste por 30 dias, segundo a prefeitura, que quer avaliar o comportamento da população nesse período. Se os descartes ilegais diminuírem, as caçambas não voltarão. Caso contrário, podem ser reinstaladas, mas com novas regras e fiscalização mais rígida.

Zona rural fica de fora


De acordo com a istração municipal, Bambuí gera cerca de 17 toneladas de lixo por dia útil. A coleta é feita de segunda a sábado, atendendo 100% das ruas da zona urbana com três coletas por semana em cada bairro.

A zona rural, no entanto, não é contemplada pelo serviço porta a porta. Para esses moradores, o único recurso são as caçambas estacionárias espalhadas pela cidade.


Para os moradores mais antigos, o problema se agravou com a falta de fiscalização. “Não tinha controle nenhum. Jogavam até animais mortos. Virou um lixão a céu aberto”, conta o serralheiro Silmar Pereira, de 58 anos.

O prefeito Firmino Júnior (PODE) reforça que o maior desafio está no comportamento da população. “Muitos moradores jogam lixo fora da caçamba. Isso causa sujeira, mau cheiro e atrai urubus logo na entrada da cidade. É uma questão ambiental e de imagem urbana”, afirmou.

Câmeras de vigilância

Como parte da resposta, a prefeitura vai instalar câmeras do programa Olho Vivo no local onde as caçambas foram retiradas, no trevo da BR-354. O objetivo é flagrar descartes irregulares. A instalação de câmeras em outros pontos da cidade também está prevista.

Além disso, uma campanha de conscientização será lançada durante a Semana Mundial do Meio Ambiente, de 1º a 5 de junho, com ações em escolas, redes sociais e comunidades.


A crise no manejo de resíduos vai além das caçambas. Um relatório da própria Prefeitura revelou que, entre 2017 e 2024, caixões, roupas e possíveis restos humanos foram enterrados de forma irregular no antigo lixão da cidade, desativado desde 2021. O caso está sob investigação do Ministério Público e pode configurar crime ambiental e vilipêndio de cadáver. 

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Apesar da aprovação de parte da população, há quem tema que, com menos caçambas, o lixo seja descartado às margens de estrada ou lotes vagos. “Tem que ter campanha, fiscalização e multa. Só assim o povo aprende”, resume a moradora Angélica Lopes.



*Estagiária sob supervisão da subeditora Celina Aquino
 

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