PROTESTO

Alunos da UFMG ocupam mais duas cantinas inativas da universidade

Conforme levantamento realizado por movimentos estudantis, apenas seis lanchonetes funcionam no campus localizado na Pampulha

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Alunos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) ocuparam mais duas cantinas inativas do campus nesta quarta-feira (14/5). Agora, as unidades do Centro de Atividades Didáticas 1 (CAD1) e da Escola de Música estão tomadas por estudantes, assim como a cantina do CAD2, que também estava desativada e foi ocupada em 6 de maio. A ação é em protesto à falta de lanchonetes na instituição.

Conforme levantamento realizado por movimentos estudantis, apenas seis cantinas funcionam no campus na Pampulha, em Belo Horizonte. 

“A gente entende que só a [cantina] do CAD2 não é suficiente, porque é um problema geral na UFMG”, afirma Mateus Ferraz, estudante de letras de 24 anos e militante do movimento estudantil Correnteza. O aluno da universidade conta que as cantinas do CAD1 e CAD2 nunca foram utilizadas como lanchonetes, e a da Escola de Música foi fechada há anos. 

“Quem sente fome, sabe que é muito ruim. É um absurdo a gente estar no país desse jeito, porque não é um problema só de dentro da universidade, mas é geral da nossa população. O aumento da fome é real. O Brasil é um dos maiores produtores de alimento do mundo, e os estudantes, que estão produzindo ciência e fazendo com que o país se desenvolva, estão ando fome”, enfatiza Ferraz. 

Cantina popular

O problema das cantinas inativas veio à tona com o fechamento da cantina da Faculdade de Letras (Fale) antes do início do período letivo deste ano, em março. No fim de abril, o espaço foi brevemente ocupado, mas liberado e seguido da ocupação da unidade no CAD2, onde foi improvisada uma cantina popular nomeada Edson Luís, em homenagem ao estudante morto pela ditadura militar no Rio de Janeiro e que lutou pelo direito à alimentação.

Segundo integrantes do movimento estudantil, a proposta da cantina popular é mostrar à Reitoria da UFMG que é possível istrar uma lanchonete de forma simples e menos burocrática. E com preços íveis para alunos que, muitas vezes, não têm condições financeiras para arcar com lanches fora do horário em que as refeições do Restaurante Universitário são servidas.

Conforme Ferraz, os próprios alunos se organizaram e compraram os salgados prontos para revenda. Foram os integrantes do movimento estudantil que se revezaram para levar equipamentos e utensílios para a cantina popular.

Prejuízos e alternativas

Há alunos da UFMG que reclamam da inexistência de uma lanchonete no local, enquanto outros contam que não sabiam da existência do espaço no CAD2, até então desativado. “Estou descobrindo agora. Consumia pouco (na cantina da letras), como grande parte dos alunos daqui, porque sempre foi muito caro. Mas acho uma iniciativa interessante fazerem a cantina aqui, sinceramente, por ser mais perto e mais ível”, relata o estudante de letras Vinícius Menezes da Fonseca, que considera consumir produtos no novo espaço.

A distância entre os prédios e as filas demoradas são os pontos mais criticados pelos estudantes. Alunos do CAD2 que escolhem ir até a lanchonete da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) têm enfrentado até 25 minutos de espera nas filas, devido ao aumento da procura. A situação tem feito com que eles escolham comer ou perder parte de suas aulas, uma vez que o intervalo entre elas, normalmente, é de 20 minutos.

Estudante de letras e integrante da União Nacional dos Estudantes (UNE), Luiza Datas destaca o agravante da situação durante o período noturno, uma vez que as cantinas fecham às 21h e as aulas podem terminar até 22h30. “A gente está vivendo uma crise porque o próprio bandejão da UFMG também não comporta o volume de estudantes e tem um horário limitado, então o que a gente tem procurado são formas dos estudantes se auto-organizarem e se alimentarem”, conta.

Atualmente, há grupos de venda de quitutes em toda a universidade, nos quais os próprios alunos vendem produtos, além de feiras realizadas em diferentes unidades. Outra medida criada foi o bandejão auto-organizado na moradia estudantil, no Bairro Ouro Preto, na Pampulha. 

Posicionamento e licitação

Com as novas ocupações, a UFMG reforçou a nota emitida anteriormente. A universidade informou que está ciente dos transtornos causados pela falta de cantinas e que tem buscado alternativas para viabilizar o funcionamento das lanchonetes. A busca por soluções tem sido realizada desde o retorno às atividades presenciais em 2022, após a pandemia de Covid-19, de acordo com a UFMG.

“À época, treze unidades tiveram os contratos rescindidos por interesse das contratadas diante do cenário de incerteza e dificuldades econômicas”, informou. Por isso, a instituição afirmou que a Pró-Reitoria de istração (PRA) abriu novos processos licitatórios a fim de reestabelecer o funcionamento das cantinas, mas “a grande mudança do comportamento de consumo da Comunidade Acadêmica após a pandemia acabou por provocar novas rescisões contratuais e pouca adesão aos processos licitatórios ao longo dos anos posteriores.”

A universidade ressaltou que, como instituição pública, só pode ceder seus espaços para uso comercial seguindo a lei de licitações e as demais normativas legais sobre o tema, inclusive sobre os valores a serem cobrados pelo uso. Ainda de acordo com a UFMG, foi solicitado à Fundação IPEAD, ligada à Faculdade de Ciências Econômicas (Face), um novo estudo técnico para a redefinição de valores a serem pagos como concessão remunerada de uso, com intuito de atrair interessados.

Além disso, informou que está aberto o edital de chamamento público para permissão de uso de espaços no campus por meio de food trucks.

Alugueis caros

Embora a UFMG tenha aberto uma nova licitação, es de cantinas no campus relatam problemas que, muitas vezes, os impedem de continuar oferecendo os serviços e produtos no campus. Na visão deles, o processo de licitação não é errado e a instituição segue à risca as regras do processo, mas muitos comerciantes não conseguem se manter no local, uma vez que o número de exigências e a instabilidade do lucro obtido na universidade podem prejudicar os estabelecimentos.

Segundo um que não quis se identificar, os aluguéis das cantinas podem ser mais caros do que os de comércios da Savassi, região considerada a mais cara da capital mineira. Além disso, é obrigatório que todos os funcionários sejam contratados e que não haja freelancers. No entanto, no período de férias, quando o movimento na universidade cai, é difícil bancar o quadro de contratados.

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“A vantagem é que dentro da universidade o público é garantido, não tem grandes preocupações. Por outro lado, se trabalha doze meses, fatura oito, porque tem férias e tem que manter a folha de pagamento, o aluguel... Dependendo do processo de licitação, durante as férias o aluguel cai, mas chegaram a fazer licitações cobrando o valor cheio, o que é impossível de pegar”, conclui.

*Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata

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