Caso Monah Zein: novas imagens do depoimento da delegada são divulgadas
Em vídeo do depoimento divulgado nessa terça-feira (6/05), delegada afirma que há incoerência na acusação e questiona provas
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Siga noUm vídeo com o depoimento da delegada Monah Zein durante a audiência de instrução que ocorreu na última quarta-feira (30/4), foi divulgado nessa terça-feira (6/5) em um perfil no Youtube. No registro, Monah afirma que não deveria estar sendo julgada e que a “incoerência [da acusação] é muito grande”.
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A delegada responde pela tentativa de homicídio contra quatro policiais civis. No dia da audiência, o Fórum de Belo Horizonte divulgou que a ré usou “o direito constitucional de ficar em silêncio, apenas reafirmando que estava sendo perseguida dentro da Polícia Civil”. Apesar de não responder às perguntas da acusação nem da defesa, ela discorreu por cerca de 15 minutos sobre vários aspectos dos acontecimentos do dia 22 de novembro de 2023.
Ao ser questionada pela juíza Ana Carolina Rauen se tinha ciência do que estava sendo acusada, Monah Zein pediu a palavra para esclarecer informações sobre o inquérito: “Você me perguntou se eu tenho ciência do que estou sendo acusada, eu tenho. Não sei se a própria instituição tem essa ciência e os policiais têm ciência do que é para eles se colocarem como vítimas”.
Provas foram questionadas
A delegada afirmou, ainda, que as provas técnicas eram suficientes para mostrar que o que aconteceu não corresponde à narrativa das vítimas. Declarou também que em nenhum momento da gravação do vídeo que consta nas provas ela aparece ameaçando atirar nos colegas, mas, sim, pedindo que eles baixassem as armas.
“Esse vídeo, por si só, já era mais do que o suficiente para eu nem estar sentada aqui hoje, para nada disso ter acontecido. A gente fala que o depoimento de um policial tem presunção de veracidade e basta ver o que eu falo para eles e o que eles falam para mim”, declarou a ré.
Em determinado momento, ela confirma que solicitou uma licença médica para cuidar da saúde mental por estar sendo perseguida dentro da PCMG. No dia dos fatos, ela teria enviado uma mensagem em um grupo de aplicativo com outros policiais dizendo que eles só se preocupam com os colegas quando já é “tarde demais”.
Ela alega que há incoerência no depoimento dos policiais, uma vez que afirmaram que ela estava em surto, mas a operação que foi colocada em prática não era indicada para lidar com uma pessoa nesta situação. Monah questionou o fato de que, mesmo informando que estava sendo perseguida dentro da corporação, enviaram uma equipe da Polícia Civil e não de outra instituição, como a Polícia Militar, para lidar com a situação.
“Se o meu surto se externalizou em falas desconexas e mania de perseguição, como eles mandam o meu perseguidor para me salvar?”, aponta. “Que gestão de crise é essa que leva um negociador que não é da confiança da pessoa com quem você quer negociar? Que legitimidade eles tinham para estar ali das 9h até o momento dos disparos?”,completa.
No depoimento, ela conta que pediu aos colegas que estavam em sua porta para chamar a PM, que não foi atendido, e ligou para PCMG questionando porque eles estavam ali, solicitando que fossem retirados do local.
Por fim, Monah relatou que decidiu sair de sua residência armada e de forma rápida mas não agressiva, como foi acusada. A delegada decidiu não falar sobre o momento dos disparos, restringindo-se a pedir que as provas técnicas fossem analisadas.
Relembre o caso
No dia 22 de novembro de 2023 quatro policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) apareceram na porta do apartamento e a servidora fez uma transmissão ao vivo relatando a situação. No vídeo, Monah afirmou que vinha sofrendo episódios de assédio moral no trabalho e que, logo após o fim das suas férias, os “atos humilhantes, assediadores, bizarros, adoecedores” voltaram a acontecer. Aos mais de 700 espectadores, a delegada disse que apresentou denúncias sobre o que estava ando aos órgãos competentes, mas que nenhuma delas foi investigada.
Monah e os outros agentes discutiram no corredor do prédio e disparos foram feitos, dando início a uma negociação. A delegada ficou trancada dentro do apartamento por quase 30 horas e fez novos disparos de dentro do imóvel. Ela optou por sair de casa, foi sedada e presa, devido aos tiros feitos contra os agentes. Dias depois, Monah saiu da prisão após decisão da Justiça.
Na época, em coletiva de imprensa, o porta-voz da corporação, delegado Saulo Castro, explicou que os agentes foram até o endereço depois que a mulher enviou mensagens em um grupo de trabalho, o que gerou preocupação nos colegas.
“A delegada de polícia retornava das férias e enviou em um grupo mensagens que sugeria algo que pudesse levar a uma situação contra sua própria saúde. Colegas de trabalho vieram aqui para acolher a colega. A conversa não se desdobrou, ela estava mais exaltada, e julgamos necessário chamar a Core”, disse.
Apesar das afirmações de Castro, a delegada afirmou que “em nenhum momento” deu a entender que tiraria a própria vida. “Dei a entender que não voltaria para aquele purgatório. Eu apresentei denúncias na ouvidoria do Estado, na ouvidoria da Polícia, na corregedoria, no fiscal do MPMG”, afirmou.
Responsabilidade
O vídeo foi divulgado pelo perfil jaquepcmg no Youtube. Procurado a respeito da legalidade da divulgação, o TJMG informou que "o processo é público, mas a publicação no Youtube não foi feita pelo Poder Judiciário. O o às mídias do processo, como o interrogatório, é feito somente por quem está cadastrado no Processo Judicial Eletrônico (PJe). Portanto, a responsabilidade e possíveis consequências jurídicas é de quem publicou o vídeo em rede social."
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