SAÚDE

Doenças respiratórias levam BH à emergência

Prefeitura publica decreto para facilitar enfrentamento à escalada de casos graves de viroses e já reforça vagas pediátricas

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A Prefeitura de Belo Horizonte decretou ontem situação de emergência em saúde pública devido ao crescimento de atendimentos e internações, na rede municipal, de casos de Síndrome Respiratória Agudas Graves (SRAG). O decreto é válido por 180 dias e pode ser prorrogada caso a situação persista. Os municípios de Contagem e Betim, na Grande BH, já tinham adotado medida semelhante, pelo mesmo motivo. O secretário de Saúde de Minas Gerais, Fábio Bacchereti, informou que o estado também deve fazer uso de um decreto para facilitar a contratação e expansão de leitos. Entre as medidas adotadas pelo poder público para enfrentar a situação está a abertura de novos leitos e a ampliação da vacinação de gripe para todos os públicos.


A escalada das doenças respiratórias se repete país afora. O boletim InfoGripe, divulgado pela Fiocruz, mostra mais uma vez aumento da circulação do vírus sincicial respiratório (VSR), que segue provocando o crescimento expressivo de casos de SRAG e hospitalizações entre crianças pequenas no país. A SRAG pode ser provocada por várias outras viroses, como a influenza, rinovírus e COVID-19. A rede particular de saúde no estado também alerta para um crescimento de atendimentos de urgência e internações entre idosos nas últimas duas semanas.


De acordo com a PBH, com a publicação do decreto é possível receber mais recursos dos governos federal e estadual, reforçar a contratação de profissionais, ampliar o horário de funcionamento de unidades de saúde, abrir novos serviços para atendimento da população e ter mais agilidade no processo de compra de equipamentos, insumos e medicamentos.


O Executivo municipal ressalta que já conta com um Plano de Enfrentamento das Doenças Respiratórias que é implantando gradativamente mediante aumento de casos e maior demanda por atendimento. O plano foi ativado, e a PBH abriu 30 novos leitos de enfermaria pediátrica, sendo 20 no Hospital Odilon Behrens e dez no Hospital da Baleia. Outra ação já implantada pelo município é o reforço no quadro de pediatras nas Unidades de Pronto-Atendimento. Nas UPAs que contavam com dois pediatras no plantão noturno, agora serão três especialistas.

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A PBH informou que a publicação do decreto e a implementação das ações previstas no plano foram necessárias devido ao aumento no número de atendimentos a pacientes com quadros respiratórios nos centros de saúde e nas UPAs nas últimas semanas. Em março, foram 42.435 atendimentos. Em abril, 63.217.


Também foi registrado aumento nas solicitações de internação hospitalar, especialmente para leitos pediátricos. Considerando a semana epidemiológica correspondente ao período de 23 a 29 de março, segundo a PBH, houve 69 solicitações para internação de crianças menores de 1 ano. Já na semana epidemiológica de 20 a 26 de abril, este número ou para 196.

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O aumento também ocorreu entre as crianças de 1 a 4 anos. Na mesma semana epidemiológica de março, foram 50 solicitações, já na de abril, 82. “No momento estamos vivenciando um aumento na gravidade dos casos com demanda por leito hospitalar, especialmente entre as crianças. Por isso, nossas ações prioritárias estão direcionadas à abertura de leitos pediátricos e reforço no atendimento voltado para as crianças.”, afirma o subsecretário de Atenção à Saúde, André Menezes. A PBH destaca ainda que continuará acompanhando o cenário e, caso necessário, outras medidas podem ser adotadas, como a ampliação de horário de unidades de saúde e a abertura de novos serviços.


Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de BH, de janeiro a abril deste ano, foram 187.058 pacientes atendidos por questões respiratórias. Na tarde de ontem, Valéria Barbosa Oliveira aguardava atendimento para o neto, com sintomas gripais, na UPA Leste. Ela diz que chegou à unidade de saúde às 14h e reclamou da demora para a triagem. “Está muito cheio. Ontem procuramos a UPA de Venda Nova, não conseguimos antendimento. Fomos para a do São Benedito, em Santa Luzia, e só fomos atendidos às 21h. Ele está com muita febre e problemas respiratórios.”

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MINAS E BRASIL

A capital se junta aos municípios de Betim e Contagem, que já tinham emitido decretos pelos mesmos motivos, em 16 e 28 de abril, respectivamente. Diante da situação na Grande BH, o secretário de saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, afirmou que o estado também pode adotar a mesma iniciativa.


“Há uma expectativa de Minas decretar emergência, para facilitar não só a contratação, mas o o a recursos emergenciais. O governo federal tem um recurso emergencial para a abertura de novos leitos de CTI e o estado tem para abertura de leitos clínicos de enfermaria. Para ar esses recursos extraordinários, é necessário o decreto de emergência”, explicou.


Ontem, a Fiocruz divulgou um novo boletim InfoGripe que, mais uma vez, alerta para um cenário de aumento da circulação do vírus sincicial respiratório (VSR), o que provoca o crescimento expressivo de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e internações entre crianças pequenas.


Segundo a instituição, o aumento de casos ocorre em estados das regiões Centro-Sul, Norte e Nordeste do país, alcançando níveis de incidência que variam de moderado a muito alto. A análise também destaca o aumento da mortalidade de idosos por influenza A. O estudo é referente à semana epidemiológica 17, de 20 a 26 de abril.


A pesquisadora Tatiana Portella, do Programa do Processamento Científico da Fiocruz destaca que, nesta semana, os cientistas seguem observando, em diversos estados, a tendência de aumento de internações por SRAG associado ao vírus influenza. Apenas em Mato Grosso do Sul, no Amazonas e no Pará essas internações atingem níveis de incidência de moderado a muito alto. Nos demais estados, o número de novas internações por influenza, principalmente entre os idosos, ainda permanece baixo.


O levantamento mostra um sinal de aumento nas tendências de longo prazo, que corresponde às últimas seis semanas. Tatiana ressalta que esse cenário é reflexo da manutenção do aumento de SRAG por VSR em muitos estados do país e do início de crescimento dos quadros graves por influenza A.


“Temos observado um aumento de hospitalizações das crianças, desde o final de março, por vírus sincicial respiratório (VSR). Agora, começamos a observar o aumento das internações por influenza, inclusive uma alta na mortalidade em idosos por influenza, no país. Em Minas, não temos observado elevação das hospitalizações, por enquanto. Mas essa alta de casos em crianças pequenas por VSR”, explica.


O boletim mostra ainda que 18 das 27 capitais apresentam incidência de SRAG em nível de alerta, risco ou alto risco, com sinal de crescimento na tendência de longo prazo. Belo Horizonte está entre elas.


“Em BH, esse risco de alerta é por causa desse crescimento dos casos de SRAG nas crianças. A influenza ainda não apresentou aumento expressivo em Minas, pelo menos não em casos graves, que é o que monitoramos.”


Apesar disso, a pesquisadora afirma que é um sinal de alerta. “A temporada do VSR começa no final de março, início de abril. Agora é que começamos a observar o aumento da influenza. Mas é preocupante essa incidência moderada no estado. A tendência é que nas próximas semanas, com o aumento dos casos de influenza, a incidência dos quadros graves continue aumentando no estado.”


VACINA, ETIQUETA
E MÁSCARAS


Por conta da circulação desses vírus respiratórios sazonais, a pesquisadora destaca a importância de alguns cuidados. “O principal é reforçar a vacinação porque os casos graves de influenza no estado ainda estão baixos. Então, quanto mais pessoas se vacinarem, menor o número de hospitalizações. Além de alguns cuidados como a etiqueta respiratória. Se as pessoas estiverem com algum sintoma de resfriado ou gripe, o ideal é que elas usem máscaras, além de não tossir ou espirrar próximo de outras e lavar as mãos.” É recomendável ainda o uso de máscaras em postos de saúde e locais de grande aglomeração. “Geralmente, as pessoas procuram atendimento médico e a chance de se infectar no centro de saúde é maior.”


Em BH, a rede privada de saúde também alerta para aumento na procura por atendimento de casos de doenças respiratórias. Segundo a Unimed-BH, uma comparação entre as semanas epidemiológicas 16, de 13 a 19 de abril, e de 17, de 20 a 26 de abril, a procura por atendimentos de urgência cresceu mais de 65% entre a população idosa. No mesmo período, as internações hospitalares dessa faixa etária aumentaram 32% na rede assistencial da cooperativa. Diante desse cenário, a empresa informa que adotou medidas emergenciais para ampliar a assistência aos clientes. Entre elas estão a ampliação de leitos em parceria com hospitais da rede credenciada, a abertura de 24 novos leitos de internação no Hospital Unimed – Unidade Betim, reforço nas equipes médicas e aumento da capacidade dos pronto atendimentos da rede própria.


Ainda como estratégia de prevenção à gripe, o governo de Minas decidiu ampliar, no último sábado (26/4), a vacinação contra a doença para toda a população com idade acima de 6 meses. A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) também adotou a mesma medida a partir de ontem (30/4). O imunizante está disponível em todos os 153 centros de saúde da cidade, no Serviço de Atenção à Saúde do Viajante e em sete postos extras. Os endereços e horários de funcionamento podem ser consultados no portal da PBH.


Neste ano, a capital antecipou o início da Campanha de Vacinação contra a gripe para 31 de março. De acordo com a PBH, já foram aplicadas mais de 202 mil doses de vacina. Desse total, cerca de 161 mil foram istradas para pessoas dos grupos prioritários definidos pelo Ministério da Saúde para cálculo de cobertura vacinal, que são as crianças de 6 meses a 5 anos, 11 meses e 29 dias, idosos com 60 anos ou mais e gestantes. Até o momento, a cobertura vacinal está em 24,1%, ainda longe da meta estabelecida pelo Ministério da Saúde que é de 90%.

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