Benjamim Guimarães se aproxima do retorno
Prefeitura de Pirapora pretende reinaugurar o famoso barco a vapor em 1º de junho, mas eios pelo Rio São Francisco só devem ser retomados em novembro
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Siga noDepois de 12 anos parado e de ar por reforma, o histórico vapor Benjamim Guimarães será reinaugurado em 1° de junho, dentro das comemorações do aniversário de Pirapora. O anúncio foi feito pela Prefeitura da cidade do Norte de Minas e pela Empresa Municipal de Turismo (Emutur). No entanto, a embarcação ainda não voltará a realizar eios turísticos no Rio São Francisco, o que depende do nível do curso d'água e também de algumas burocracias. Assim, o mais provável é que volte a receber ageiros em novembro.
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O barco foi retirado da água e há cinco anos está “estacionado” em terra em um ponto próximo do porto de Pirapora, onde é feita a reforma da estrutura. Os serviços estão a cargo da empresa Indústria Naval Catarinense (INC), custeados pelo Ministério das Minas e Energia, por meio da Eletrobrás, com o custo de R$ 5,8 milhões, segundo a Prefeitura de Pirapora.
Trata-se da única embarcação movida a vapor a lenha, pelo sistema original com caldeira e roda-popa, ainda existente no mundo. Com capacidade para 140 ageiros, ela conta com 43,85 metros de comprimento; 7,96 metros de largura e o pesa 243 toneladas – com capacidade de carga de 66 toneladas.
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Com a reforma entrando na fase final, o retorno da embarcação à água tinha sido marcado para a próxima segunda-feira (28/4), mas a operação foi adiada. Na última quinta-feira (24/4), a empresa responsável pela reforma realizou a instalação de nova caldeira do vapor, movido a lenha, que precisa ar por testes antes de ser liberada para uso constante.
O presidente da Emutur, Elton Jackson Gomes da Mota, disse que a INC assegurou que vai entregar a estrutura completamente reformada à Prefeitura, “pronta para navegar”, em 26 de maio. Informou também que até lá, a companhia terá que colocar a embarcação dentro d'água. Só que, como o nível do Velho Chico está baixo, a empresa terá que solicitar à Cemig a liberação de mais água pela Usina Hidrelétrica de Três Marias, localizada 102 quilômetros acima de Pirapora.
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Atualmente, conforme informações da Cemig, o reservatório de Três Marias está com 83,6% da capacidade, com uma defluência (volume de água liberado) de 159,98 metros cúbicos por segundo. De acordo com Elton, seria necessária a liberação de maior volume pela hidrelétrica por dois ou três dias para aumentar o volume do curso d'água, alcançando um nível em Pirapora que proporcione condições para colocar o Benjamin Guimarães de volta ao leito do rio, uma operação complexa considerando o peso da estrutura.
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1913
foi o ano de construção do Benjamim Guimarães
2013
foi quando navegou pela última vez
R$ 5,8 Milhões
é o custo da reforma da embarcação
8
meses é o período total estimado para a restauração
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Elton disse que, após a conclusão da restauração e a “reinauguração” do vapor, as autoridades municipais vão solicitar à Marinha a vistoria na embarcação, visando a liberação para que a mesma volte a fazer os eios turísticos. Ele salientou também que será preciso acionar o Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes Terrestres (Dnit), a quem caberá sinalizar o Velho Chico, indicando os locais de navegação. Também será necessário fazer a limpeza dos canais de navegação.
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“A partir do dia 26 de maio, o Benjamin Guimarães estará totalmente reformado e em condições de navegar. Mas, ele vai precisar ar por uma vistoria da Marinha e da sinalização do rio pelo Dnit para voltar a fazer os eios turísticos”, afirma o presidente da Emutur.
Segundo ele, a previsão é que os eios do Vapor Benjamin Guimarães só voltem a ocorrer em novembro. Mas lembra que isso dependerá da situação do Rio São Francisco, que precisa ter um volume mínimo para viabilizar a agem de uma embarcação do tamanho do Benjamin Guimarães.
História
Tombado pelo Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o vapor Benjamim Guimarães foi construído em 1913, pelo estaleiro norte-americano James Rees & Sons, e navegou inicialmente pelo Rio Mississipi, no país de origem. Na sequência, veio para o Brasil, onde, por alguns anos, percorreu o Rio Amazonas, sendo transferido para o São Francisco a partir de 1920.
Na segunda metade da década de 1920, a firma Júlio Guimarães adquiriu a embarcação e a montou no porto de Pirapora, recebendo o nome de “Benjamim Guimarães”, uma homenagem ao patriarca da família proprietária da empresa. A partir de então, o vapor ou a realizar contínuas viagens ao longo do Rio São Francisco e em alguns dos seus afluentes.
O Benjamim Guimarães foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-MG) em 1985. A embarcação é carregada de muitas histórias de aventuras, desafios e até mesmo lendas. Os relatos de suas viagens muitas vezes incluem encontros com a natureza exuberante do Brasil, como tempestades repentinas que podiam ameaçar sua navegação ou os encontros com a fauna local.
Durante décadas, o vapor foi um importante meio de transporte para mercadorias e ageiros, conectando comunidades ribeirinhas e promovendo o comércio e a troca cultural. A cada viagem entre Pirapora e Juazeiro (BA), trecho de 700 quilômetros em que o Rio São Francisco é navegável, ele se tornava um elo entre o ado e o presente, transportando não apenas pessoas, mas também tradições e memórias.
Depois, a partir da década de 1980, o Benjamin Guimarães ou a ser usado para eios turísticos, com ponto de partida e de chegada em Pirapora. Com problemas em sua caldeira e outras avarias, em 2013 o vapor parou de navegar.
O processo de recuperação ficou muito tempo parado devido à falta de dinheiro e só foi viabilizado em setembro de 2024, pelo Ministério de Minas e Energia e pela Eletrobrás, com verba federal, do Programa de Revitalização dos Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas do Rio São Francisco e do Rio Parnaíba , após entendimento com o Iphan e com a Prefeitura de Pirapora. Agora, os fãs aguardam pela volta da embarcação ao São Francisco, do qual se tornou parte da paisagem.