SEMANA SANTA

Lições de paz na Páscoa: iniciativas importantes em MG para dias melhores

Neste Domingo da Ressurreição, o dia mais importante do calendário da Igreja Católica, o EM mostra histórias de harmonia, superação, solidariedade e paz

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Caio Henrique escreve Páscoa no maior capricho. Em seguida, Kauanny Gabrielle, como se coroasse a festa deste Domingo da Ressurreição, deixa no quadro três letras fundamentais para a humanidade: PAZ. Não bastasse tanta sintonia em sentimento e nas palavras que se entrelaçam e parecem tão próximas, os dois desenham um coração. Depois, unem as mãos num pedido para todo o mundo de que não haja mais guerras, conflitos familiares, fome, injustiça, preconceito, violência. “O planeta precisa de mais silêncio”, acredita o menino, enquanto Kauanny vê urgência na busca da compreensão entre os povos.


Minutos depois, os dois colegas se encontram com Ana Clara, Luan e Alfabendjison, haitiano já chamado de Alfa, e, de mãos dadas, saúdam a paz e a Páscoa. Em questão agora de segundos, todos estarão reunidos, com balões brancos nas mãos e a alegria típica da criançada, numa dinâmica para mostrar que sem união coletiva não se chega a lugar algum. Observando a cena, impossível não notar que o mundo tem muito a aprender com a garotada. E aí vem a pergunta: O que cada um de nós faz pela paz?

 
Neste Domingo da Ressurreição, o dia mais importante do calendário da Igreja Católica, o EM mostra iniciativas importantes, no estado, para a busca de melhores dias – experiências que podem se estender a todo o planeta e seus mais de 8 bilhões de habitantes. “O caminho da paz a pela educação”, diz a psicóloga Flávia Alves da Rocha, coordenadora da unidade Vila Maria (Região Nordeste) da capital do Projeto Providens, ação social da Arquidiocese de Belo Horizonte, com 400 meninos e meninas de 2 a 14 anos, entre eles Caio Henrique Pereira Correia, de 11, e Kauanny Gabrielle, de 10. No total, o Providens atende mais de 2 mil crianças nas três unidades do Colégio Santa Maria Minas, oferecendo bolsa de estudo, uniforme e material escolar.


Para Maurílio Leit Pedrosa, gestor do Instituto Minas pela Paz, que completa 18 anos, a saída também está na educação, que “leva à dignidade humana”. Ele lembra o nascimento do instituto, em 2005, com ações iniciadas em 2007n a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), em BH. Cresceu e apareceu em trabalho para beneficiar milhares de pessoas, incluindo ações na Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac).


Já no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), há projetos voltadas para indígenas, direito das mulheres e capacitação de jovens e adolescentes, a exemplo da orquestra e coral infantojuvenil, responsáveis pela formação de novos profissionais no setor das artes. “Muitos deles não tiveram a oportunidade, na infância, de conhecer esse caminho para despertar o talento. Aqui, encontram condições para crescer com disciplina”, diz a analista judiciária Fernanda Alves, responsável pelas ações de comunicação da Orquestra Jovem e Coral Infantojuvenil do TJMG, que tem como coordenador o desembargador Wagner Wilson Ferreira.


Crianças unidas


Nenhum deles nasceu em berço de ouro, o que se traduz por três refeições, no mínimo, por dia, boa educação, tranquilidade para crescer em segurança. Inúmeras vezes, presenciaram conflitos familiares, desavenças domésticas, entre outros fatores de alto risco social para garantir uma infância tranquila. Vindos de área de grande vulnerabilidade social, os 400 meninos e meninas de 2 a 14 anos encontram um porto seguro no Projeto Providens, braço social da Arquidiocese de BH com atuação na Vila Maria (Jardim Vitória, na Região Nordeste), Taquaril (Região Leste) e Fazendinha (Aglomerado da Serra).


Segundo Flávia Alves da Rocha, coordenadora da unidade Vila Maria, trata-se de uma escola integrada, com ações voltadas para a socialização e a educação formal (na educação infantil), além de oficinas no contraturno das escolas. Cada criança e adolescente recebe refeições diárias (almoço, lanche e jantar, dependendo do horário em que ficar na unidade), e tem aulas de judô, capoeira, música e teatro.


“Fazemos um trabalho pela paz, buscando a formação das crianças e adolescentes e lhes dando oportunidade, pois vêm de uma região de vulnerabilidade social”, explica Flávia. Com entusiasmo, ela diz que no próximo dia 26 será realizada a feira literária na unidade Vila Maria.


O rosto de cada criança traduz um sentido de futuro. E eles, meninos e meninas, sabem perfeitamente o significado das três letras que o mundo tanto pede. E anseia. O haitiano Alfabendjison Aldajuste, o Alfa, de 11, conhece bem as dificuldades adas pelos pais, ao emigrarem da terra natal, mas mantém o sorriso. Para ele, só há uma chance para a paz: um presente sem guerras.


Numa das salas da unidade Vila Maria, a turma eleva os braços e o pensamento diante do quadro que deseja Feliz Páscoa. É nesse momento que Caio Henrique Pereira Correia, de 11, avisa que o mundo precisa de silêncio, enquanto Kauanny Gabrielle Tomaz, de 10, faz coro às palavras de Alfa e espera que cessem as bombas, ataques de drones, como se fosse num videogame apocalíptico de mortes por fração de segundos, e matança na Ucrânia e na Faixa de Gaza, em Israel. Ouvindo os comentários, Ana Clara Caldeira de Sousa, de 13, se ampara na religião. “Precisamos de Deus para encontrar soluções”, diz com serenidade. E Luan Carlos de Souza Braga, de 10, não tem dúvida de que este mundo necessita mesmo é de alegria.


Reconhecida como uma das 100 melhores organizações não governamentais do Brasil, a Providens Ação Social Arquidicesana, com mais de sete décadas, reúne diferentes iniciativas para amparo aos mais pobres, além de idosos, enfermos e população em situação de rua e outras áreas onde é preciso estender a mão para reconquista da dignidade humana.


Dignidade, sempre!


Dignidade é a palavra fundamental nessa – e na nossa – história, destaca Maurílio Leite Pedrosa, gestor do Instituto Minas pela Paz, que chega à maioridade, em 2025, com 18 anos de atuação no estado. “Todas as ações com esse objetivo, a paz e a dignidade humana, devem ar necessariamente pela educação. Ela é a geradora de conhecimento, cultura e profissionalização com oportunidade de inclusão social para enfrentar violência e criminalidade.”


Pedrosa explica que milhares de pessoas, entre jovens e adultas, beneficiadas pelos projetos do Minas pela Paz, têm a chance de mudar o rumo de suas vidas e das famílias a partir da educação profissional em parceria com o Sistema S e outros representantes de relevância da sociedade civil. “O fomento à educação de qualidade, mesmo que tardia, contribui para formar cidadãos transformados e participativos de uma sociedade justa, inclusiva e cidadã”, observa o gestor da organização social.


Com a missão de promover a cultura da paz pela inclusão social, o instituto busca “transformar a vida de pessoas vulneráveis com objetividade, transparência e celeridade no alcance dos seus resultados”. Uma das maiores conquistas está no Disque Denúncia Minas pela Paz, número telefônico 181, que permite ao cidadão mineiro denunciar crimes e sinistros de forma anônima. O serviço é fruto da parceria com governo de Minas e polícias Militar e Civil e Corpo de Bombeiros. As ações com a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac), criando oportunidades de ressocialização para os internos e capacitação profissional.


Sons da oportunidade


Qual será o som da Paz? O Tribunal de Justiça de Minas busca essa resposta na Orquestra Jovem e Coral Infantojuvenil do TJMG, em atividade desde 2011. Segundo a analista judiciária Fernanda Alves, mais de 2 mil crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social aram pelos cursos e muitos já encontraram seu caminho na música, por meio da profissionalização.


Os aprendizes têm aulas de iniciação musical, canto, prática de orquestra, percussão e instrumentos como flauta doce, saxofone, violino, viola, violoncelo e contrabaixo acústico além de aulas de inglês. O objetivo da iniciativa é educar por meio de metodologias que promovam o desenvolvimento artístico e humano. A seleção dos alunos é feita após inscrições que são abertas anualmente.

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No final de 2022, foram 1,5 mil novas candidaturas com atendimento para 418 alunos. “Muitos deles poderiam ter trilhado outro caminho e têm aqui uma oportunidade de mostrar o talento. É mesmo uma via de Justiça e Paz por meio da música”, diz Fernanda, responsável pelas ações de comunicação da orquestra e do coral. No TJMG, há projetos voltadas também para indígenas, direito das mulheres e outros.

Uma chance para toda a humanidade

Você, caro leitor, já pensou no que faz pela paz? Quando está ao volante, nas ruas da sua cidade, ou entra, sem paciência, num centro público de saúde. No estádio, aprova a selvageria em campo e nas arquibancadas, no momento em que jogadores de futebol se desentendem e o “pau quebra” na torcida? Na semana ada, aqui no EM, escreveu muito bem a juíza do Juizado Especial Cível de Belo Horizonte, Beatriz Junqueira Guimarães, presidente da Primeira Turma Recursal Temporária do Tribunal de Justiça de Minas Gerais: “O futebol é parte da alma brasileira (...) Mas o que era para ser festa, tem se tornado palco de cenas de barbárie”.


São muitas atitudes e comportamentos, no dia a dia, que levam à violência, às brigas em família, desavenças no trabalho, discussões em vias públicas e agressões verbais e físicas. O repórter recorreu a ensinamentos de grandes personalidades, entre os que estão na ativa e outros que já partiram deste mundo. E ouviu homens e mulheres comuns que deram sua opinião. No final, não custa lembrar o beatle e pacifista John Lennon (1940-1980), que, numa das suas canções, pediu “uma chance para a paz”.

Então, Feliz Páscoa para todos nós, repórteres e leitores!

“Dê uma chance à paz”


John Lennon, Músico e pacifista

 

Madre Tereza de Calcutá (1910-1997)
Madre Tereza de Calcutá (1910-1997) AE – 10/10/1997

“A paz começa com um sorriso”

 

Madre Tereza de Calcutá (1910-1997), religiosa albanesa que devotou a vida no socorro aos pobres e doentes

  

Antônio de Paulo Soares, de 60 anos, operador de empilhadeira, residente em Betim, na Grande BH

Antônio de Paulo Soares, de 60 anos, operador de empilhadeira, residente em Betim, na Grande BH

Edésio Ferreira/EMD.A Press


“Construir a paz significa valorizar a vida. Sem dúvida, a existência humana é o mais importante. Amar o próximo é fundamental”

 

Antônio de Paulo Soares, de 60, operador de empilhadeira, residente em Betim, na Grande BH

Albert Einstein (1879-1955), cientista

Albert Einstein (1879-1955), cientista

Reprodução

“A paz é a única forma de nos sentirmos realmente humanos”

Albert Einstein (1879-1955), cientista

Fernanda de Fátima dos Santos, de 30, técnica de enfermagem

Fernanda de Fátima dos Santos, de 30, técnica de enfermagem

Edésio Ferreira/EM/D.A Press

“Procuro não aceitar provocações, pois há muitos conflitos, gente brigando. Trabalho na área de saúde e vejo cenas em que é preciso ter muita Paciência. Aliás paz + ciência”

Fernanda de Fátima dos Santos, de 30, técnica de enfermagem

 

Martin Luther King Jr. (1929-1968)

Martin Luther King Jr. (1929-1968)

Arquivo/EM/D.A Press

“Não é suficiente dizer que não devemos travar uma guerra. É necessário amar a paz e sacrificar-se por ela”

 

 

Martin Luther King Jr. (1929-1968), ativista político, líder contra a descriminação racial nos Estados Unidos

Marcelo Tito, militar, com a filha Mariana, de 8 meses

Marcelo Tito, militar, com a filha Mariana, de 8 meses

Edésio Ferreira/EM/D.A Press

“Construir a paz é se colocar no lugar do outro, sentir empatia, rezar e amar a Deus”


 

Marcelo Tito, militar, com a filha Mariana, de 8 meses

“O mais perfeito ato do homem é a paz. E por ser tão completo, tão pleno, em si mesmo, é o mais difícil"

Mahatma Ghandi (1869-1948), líder do movimento pela independência da India

“No trânsito, procuro não buzinar muito, não exercitar a violência. Evito discussões, pois às vezes, com a palavra certa, você desarma uma pessoa que quer brigar”


Flávio Lúcio Silveira, de 49 anos, morador de Ibirité, na Grande BH

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