Defesa Civil isola parte de rua onde 8 casas podem desabar em BH
Parede de casa interditada desabou no Bairro Primeiro de Maio nessa quarta-feira. Imóveis estão interditados desde fevereiro e 21 moradores precisaram sair
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Siga noA Defesa Civil de Belo Horizonte esteve nesta sexta-feira (18/4) na Rua Cesena, no Bairro Primeiro de Maio, na Região Norte da capital, para fazer uma intervenção a fim de evitar o tráfego de veículos pesados na via. Foram concretados quatro tubulões, ligados por fitas sinalizadoras, no local onde oito casas estão interditadas desde fevereiro. O objetivo é reforçar a sinalização na via, que já estava fechada.
Agora, apenas veículos leves podem ar pela lateral da rua, uma tentativa de evitar uma tragédia maior com a possibilidade de desabamento dos imóveis. Na manhã dessa quarta-feira (16/4), a parede de uma das casas caiu. A estrutura no quarto do imóvel 3A desabou, e a lateral da casa ficou tomada por entulho.
Célia Aparecida, vizinha das casas interditadas, fala sobre a situação que, para ela, deveria ser resolvida de forma definitiva. "Eu acho que eles deveriam demolir. Desde fevereiro essa situação e eles não resolvem nada, não desligaram nem a energia. Vai que essa casa cai. Todo mundo vai correr perigo. Agora pelo menos vai melhorar um pouco, porque não vai descer caminhão pesado, como caminhão de lixo, que descia direto. Deu uma melhorada até ver o que eles vão resolver", declara.
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Ainda assim, a moradora conta que a Defesa Civil de Belo Horizonte diz que um desmoronamento pode acontecer a qualquer momento. "Tem hora que falam que vai cair de frente, outra hora que vai cair de lado, ou em efeito dominó. Pode ter gente ando na hora. A gente nunca sabe o que pode acontecer".
Após vistoria na quarta-feira, o órgão já havia reforçado sobre o isolamento preventivo da área, por motivos de segurança. Os oito imóveis localizados nos números 3 (A, B e C), 6, 31 (A, B e C) e 41, estão interditados desde fevereiro de 2025. A Defesa Civil informou que os moradores foram orientados e notificados a manter o isolamento total dos imóveis, a fim de evitar riscos à própria vida e à de terceiros.
A Defesa Civil compareceu à rua nos dias 6, 10 e 14 de fevereiro, quando realizou vistorias preventivas nos imóveis. Por motivo de segurança, parte da via foi parcialmente interditada em 14 de fevereiro, e, em todas essas ocasiões, segundo o órgão, os moradores foram instruídos a manter o isolamento total dos imóveis, evitando situações de risco.
A Defesa Civil esteve mais uma vez no local em 20 de março, e novas vistorias identificaram a evolução de trincas e rachaduras, abatimento do asfalto e processo erosivo. Na ocasião, a sinalização de interdição foi reforçada. Os moradores também foram orientados a acionar o órgão em caso de agravamento da situação. Ao todo, 21 pessoas tiveram que deixar suas casas e foram acolhidas por familiares. O órgão reiterou a necessidade de uma avaliação técnica especializada, com o objetivo de identificar e solucionar as causas dos problemas estruturais.
A reportagem do Estado de Minas teve contato com os moradores em fevereiro. Segundo relataram, houve um vazamento em canos da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) em frente às casas. No entanto, após a resolução do problema, rachaduras e buracos começaram a surgir no piso dos imóveis da rua. Preocupados, os moradores acionaram a Copasa, mas foram informados de que a situação não era de responsabilidade da empresa.
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A Copasa informou que um laudo pericial independente concluiu que os danos não têm relação com as redes da companhia no local. Segundo a empresa, vistorias na rede de esgoto indicaram funcionamento normal, e inspeções na rede de água mostraram que o vazamento era de baixa pressão e não causou erosão ao redor, sendo insuficiente para provocar danos nos imóveis. Em nota, a Copasa acrescentou que outros aspectos do caso estão sendo discutidos judicialmente.
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Em nota, o advogado Leonardo Silva, representante das famílias afetadas declarou, em função da queda da parede nessa quarta-feira: "É com tristeza e preocupação que observamos a queda de parte do imóvel situado na Rua Cesena, n° 03, no bairro Primeiro de Maio, fato que ocasiona riscos iminentes de novos desabamentos e que podem culminar não apenas no agravamento dos prejuízos patrimoniais, mas também, no próprio risco a integridade física das pessoas que residem e transitam pelo local".
*Com informações de Maria Antônia Rebouças, Melissa Souza e Quéren Hapuque