BH tem 14.454 pessoas vivendo em situação de rua; no Brasil, são 335 mil
Números não param de crescer em todo o país, de acordo com levantamento divulgado pela UFMG
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Siga noBelo Horizonte é a terceira capital do Brasil com maior número de moradores em situação de rua, segundo levantamento divulgado nesta segunda-feira (14/4) pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua da Universidade Federal de Minas Gerais (OBPopRua/POLOS-UFMG), com base em dados do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.
De acordo com o estudo, em março deste ano, 335.151 pessoas viviam em vias públicas no país. Desse total, 14.454 — o equivalente a 4,3% — estavam em BH, que ocupa o terceiro lugar entre as capitais com maior número de pessoas nessa condição. Em todo o estado de Minas Gerais, 30.355 indivíduos estavam em situação de rua. O estado também aparece em terceiro lugar no ranking nacional, com 9% do total registrado no país.
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As cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, assim como os estados em que estão localizadas, concentram o maior número de habitantes vivendo nas ruas. Com isso, a Região Sudeste reúne a maior quantidade de pessoas em situação de rua no país: são 208.791, o equivalente a 63% do total nacional.
Ranking | Estados | Capitais |
1º | São Paulo: 143.509 | São Paulo: 96.220 |
2º | Rio de Janeiro: 30.997 | Rio de Janeiro: 21.764 |
3º | Minas Gerais: 30.355 | Belo Horizonte: 14.454 |
4º | Bahia: 15.668 | Salvador: 10.025 |
5º | Distrito Federal: 8.591 | *N/D |
6º | Ceará: 12.625 | Fortaleza: 10.045 |
7º | Rio Grande do Sul: 14.750 | Porto Alegre: 5.597 |
8º | Paraná: 15.842 | Curitiba: 4.209 |
9º | Santa Catarina: 11.775 | Florianópolis: 3.773 |
10º | Pernambuco: 6.814 | Recife: 3.725 |
Em termos proporcionais, Belo Horizonte é a quarta capital do Brasil com maior número de pessoas em situação de rua: são seis a cada mil habitantes vivendo nessa condição.
Crescente
A pesquisa revela um crescimento constante no número de pessoas vivendo nas ruas em todo o país. Em 2013, eram 22.922 nessa situação. Esse total subiu para 138.332 em 2018, chegou a 261.653 em 2023 e alcançou 327.925 em 2024. Nos primeiros meses de 2025, o avanço continuou: foram 329.370 em janeiro, 332.180 em fevereiro e 335.151 em março.
Violência
Ainda de acordo com a pesquisa da UFMG, entre 2020 e 2024, o Disque 100 registrou 46.865 casos de violência contra a população em situação de rua, sendo metade dessas ocorrências nas capitais brasileiras. Belo Horizonte aparece como a quarta capital mais violenta do país nesse contexto, com 1.283 registros no período.
Perfil
Ainda de acordo com o levantamento, 294.467 pessoas em situação de rua no país — o equivalente a 88% do total — têm entre 18 e 59 anos. Em relação à escolaridade, 52% não concluíram o ensino fundamental ou não têm nenhuma instrução. Já 272.069 dessas pessoas (81%) sobrevivem com uma renda mensal de até R$ 109.
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Quanto às questões de gênero, 281.269 pessoas em situação de rua (84%) se identificam com o sexo masculino, enquanto 53.882 (16%) com o sexo feminino. Outras 4.718 se declaram com identidade de gênero masculina e 1.074, com identidade de gênero feminina. O levantamento também registrou 29 pessoas não binárias, 346 com identidade transgênero e 78 travestis. Ainda há 329.330 indivíduos sem informação declarada.
Políticas públicas
A pesquisa destaca a "ausência e/ou insuficiência de políticas públicas estruturantes, como moradia, trabalho e educação". Samuel Rodrigues, coordenador do Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR) em Minas Gerais e membro do Comitê Nacional de Acompanhamento e Monitoramento da Política para a População de Rua (Ciamp-Rua), compartilha da mesma visão. Ele ressalta que há subnotificação em relação ao número de pessoas em situação de rua, e que o total pode ser até 30% maior.
"Na minha opinião, os números crescem semanalmente devido à ausência de políticas públicas efetivas para este segmento", avalia. "Ainda é preciso sair da seara da assistência social e da saúde, e iniciar a produção de moradias para essa população, além de outras políticas, como trabalho e renda, segurança pública, cultura, entre outras. Os números continuam crescendo porque não há uma política ou estratégias preventivas que atuem antes que pessoas ou famílias em a viver em situação de rua", conclui.
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Contatada pela reportagem, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que "o Executivo municipal adota uma série de medidas voltadas ao atendimento das pessoas em situação de rua. Nos últimos anos, a PBH reconheceu essa pauta como prioritária, ampliando e qualificando a oferta de serviços em diversas áreas, como habitação, saúde, educação, trabalho e emprego. No ano ado, foi criada, dentro da política de Direitos Humanos, a Diretoria de Políticas para a População de Rua, Migrantes e Refugiados, responsável por dialogar com as diferentes áreas do Executivo municipal e com as instituições envolvidas na temática."