Bloco homenageia Clara Nunes com banho de manjericão em BH
Bloco reuniu foliões vestidos de branco na Avenida Clara Nunes, no Bairro Renascença, na Região Leste de Belo Horizonte
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Siga noO Bloco Filhas de Clara, que homenageia a cantora e compositora mineira Clara Nunes, reuniu foliões vestidos de branco na Avenida Clara Nunes, no Bairro Renascença, na Região Leste de Belo Horizonte, no último dia do carnaval. Logo no início do cortejo, os participantes foram recebidos com um banho de manjericão.
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De acordo com o produtor do bloco, Arthur Barra, de 24 anos, e a cofundadora, Ayala Melgaço, o banho de manjericão ocorre na abertura do Filhas de Clara e é usado para abençoar todos que estão na festa. "Clara trazia e cantava sobre a afro-religiosidade brasileira e sempre resgatamos isso."
Neste ano, o bloco, que sai pelas ruas da capital mineira desde 2019, destaca o álbum "As forças da natureza", de 1977. A faixa-título foi composta por Paulo César Pinheiro e João Nogueira e interpretada pela homenageada do bloco.
"A intenção por trás da escolha é promover uma reflexão sobre os desafios impostos pelas mudanças climáticas no Brasil e no mundo. As Filhas de Clara têm em mente que o carnaval é tempo de diversão, mas também de questionamentos, e a causa do meio ambiente é uma pauta fundamental, não só para as gerações futuras, mas também se faz urgente no presente, quando já vivenciamos as consequências na pele", explicou a organização do bloco.
Além de resgatar e ressignificar o legado de Clara Nunes, o bloco tem o objetivo de reafirmar a presença feminina em todas as esferas artísticas, ecoando a força e resiliência das mulheres. O bloco é criado e feito por mulheres. Dessa forma, somente mulheres tocam, cantam e produzem o Filhas de Clara.
Para as amigas Fátima Santana, de 65 anos, e Márcia Rodrigues, de 55, que acompanham o bloco desde a criação, o Filhas de Clara representa resistência feminina. "É uma forma de representação, ocupação e valorização do feminino. Estamos aqui porque somos filhas de Clara e filhas da vida."
Além de músicas presentes no álbum de 1977, outros clássicos de Clara estão no repertório do desfile, como "Feira de Mangaio", "O mar serenou", "Canto das três raças" e "Morena de Angola".
"Mesmo com uma carreira tão curta, Clara Nunes foi muito importante para disseminar a música e a cultura popular brasileira, e sua obra continua potente até hoje", conta Aline Calixto, uma das puxadoras e idealizadoras do bloco.
Inclusão
O Filhas de Clara ainda conta com a corda inclusiva, uma área reservada dentro do cordão do bloco, exclusiva para pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida, além de seus acompanhantes.
Ana Luiza Guimarães, de 42 anos, acompanhou e curtiu o cortejo com a mãe, Eleonor Guimarães, de 71. Este é o segundo ano em que Ana participa do desfile do Filhas de Clara. Para ela, a corda inclusiva é essencial. "O bloco é maravilhoso e homenageia uma das maiores cantoras brasileiras. A corda é fundamental para que nós, que somos PCDs, possamos curtir a festa com segurança."
Para ter o a esse espaço, é preciso fazer um cadastro antecipado por meio de um formulário online, cujo link é divulgado na descrição do perfil do bloco no Instagram.
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Os demais foliões são convidados a acompanhar o cortejo com muita alegria e, preferencialmente, vestidos de branco.