São 50 anos de carnaval, irreverência, resistência e, principalmente, alegria. Ontem (22/2), a tradicional Banda Mole cantou “parabéns pra você e pra todo mundo”, comemorando seu aniversário em alto estilo no Centro de Belo Horizonte, onde nasceu, cresceu e aparece revigorada no reinado de Momo. Cinquentenária com um “corpinho de 20”, como diz um folião, ela levou para a Avenida Afonso Pena, entre as ruas da Bahia e Guajajaras, ritmos variados: teve samba de raiz, axé, funk, pagode, sertanejo, som da Charanga do Bororó e tudo o mais que a multidão pediu, em cerca de 15 apresentações.


Para animar e festejar a mais nova cinquentona da cidade, o pré-carnaval contou com shows de Akatu, Toninho Geraes, Vira e Mexe, Zé da Guiomar convidando Giselle Couto e Manu Dias, Júlia Rocha convidando Fran Januário, Baile do Maguá, Bloquinho Banda Mole, Banda Meu Rei, Trem dos Onze, Baile do Kin e Charanga do Bororó. A entrada foi gratuita.


“A banda se adaptou às mudanças do tempo, aos ritmos. Quando o axé surgiu, por exemplo, ela já estava com 10 anos. Muitos artistas estiveram aqui. Araketu, Gaby Amarantos...”, orgulha-se o presidente da agremiação, Luiz Mário Jacaré Ladeira.


Na maior animação e elegância, Edson Fernandes, que trabalha na área de saúde em BH, homenageou Elke Maravilha que, se estivesse viva, completaria 80 anos agora. “Era minha amiga. Esta bata e este colar que estou usando pertenceram a ela. Feitos por Elke”, contou Edson, feliz por estar na Banda Mole. “Venho desde criança. Meu pai me trazia. Esta festa agrega as pessoas.”

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Na mistura de Bahia com Minas, o casal Norberto da Cruz, de BH, e Silvia Alves, de Salvador, ambos microempresários, curtiram ao som do Axé. E Carlos José Ribeiro Marques, professor, e Conceição Aparecida de Paula, pedagoga, vieram de Contagem, na Grande BH, para dançar e cantar. Enquanto isso, Luana Rocha, que trabalha na área de saúde, aproveitou o sábado. “Vim direto do serviço”, avisou.


O som da farra


A estrutura foi potente. A Banda Mole trouxe dois trios elétricos para a Avenida Afonso Pena, além de um palco montado na entrada do Parque Municipal Américo Renné Giannetti. “Para esta edição histórica dos 50 anos, nossa curadoria buscou homenagear a diversidade e a rica cultura musical que caracterizam o evento. Quisemos proporcionar uma experiência inesquecível para todos os foliões, celebrando com muita música e alegria nas ruas de BH”, conta o produtor da Banda Mole, Totove Ladeira.


Já a produtora de eventos Polly Paixão, da Lá e Cá Produções, empresa responsável pela organização da Banda Mole 2025, afirma que o evento conta com equipe de segurança especializada. “Como todos os anos, temos apoio da Polícia Militar e da Guarda Municipal de BH em pontos estratégicos na avenida, além de brigadistas, posto médico e UTI’s móveis de prontidão para casos de emergência. Tudo isso para que o folião possa se divertir com tranquilidade.”


Muitas histórias

Como toda essa farra começou? A história tem início em 1975, quando o bloco carnavalesco “Leões da Lagoinha” chegou ao fim. Os foliões da extinta agremiação se juntaram aos filhos e netos das tradicionais famílias da região da Lagoinha e fundaram a Banda Mole. Com homens travestidos de mulher e vice-versa, conforme os organizadores, o bloco abrigou por muitos anos o que posteriormente viria a ser um evento independente do movimento LGBTQIAP+.


Como diz a nota de divulgação da Banda Mole, “O ponto forte sempre foi um estado permanente de liberdade e de valorização da diversidade, com muita animação, críticas políticas feitas com muita irreverência, música de primeira qualidade, tudo regado a muita cerveja gelada.”


Com a palavra, e sempre empolgado, o presidente do grupo, Luiz Mário Jacaré Ladeira. “Comemoramos 50 anos da Banda Mole, nosso amado e tradicional pré-carnaval, que tanto alegra e une as pessoas nessa época de festa e liberdade. Desde 1975, quando o ‘Leões da Lagoinha’ encerrou sua jornada, nós, com muita coragem e entusiasmo, lançamos um novo capítulo em nossos carnavais – o nascimento da Banda Mole.”


E Luiz Mário Jacaré Ladeira conclui: “ Quero compartilhar minha profunda gratidão a cada uma das famílias, foliões, amigos e artistas que, ao longo dessas cinco décadas, desfilaram, cantaram e dançaram a nossa história. É graças a vocês que estamos celebrando um legado de cultura, diversão e inclusão.”

 
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