Quem enfrenta um diagnóstico de câncer costuma ter muitas dúvidas sobre o que pode ou não comer. Entre os mitos mais comuns está a crença de que a carne faz mal ou piora a doença. A Dra. Janaína Koenen (CRM-MG 39.049 | RQE 33648), endocrinologista e metabologista, esclareceu essa questão de forma direta em vídeo publicado no Instagram @janainaendocrino: “A carne não causa câncer e nem piora o quadro oncológico.”
Apesar disso, ela faz uma ressalva importante sobre o excesso de proteína na dieta, especialmente quando o paciente está seguindo uma estratégia cetogênica no contexto oncológico. Nesse caso, a quantidade de carne e outros alimentos proteicos deve ser ajustada com critério, sempre com o acompanhamento de um nutricionista especializado.
Carne faz mal para quem tem câncer?
Não. A Dra. Janaína é categórica ao afirmar que não existe relação direta entre o consumo moderado de carne e a piora do câncer. Ao contrário do que muitos pensam, a carne em si não é um vilão. O problema pode estar no contexto geral da alimentação e, principalmente, no excesso de proteína consumida sem necessidade específica.
Em uma dieta cetogênica voltada para o tratamento auxiliar do câncer, o objetivo é reduzir a oferta de glicose, que é usada como combustível por muitas células tumorais. Porém, o excesso de proteína também pode estimular vias metabólicas que promovem o crescimento celular, como a via do mTOR.

O que é a via mTOR e qual sua relação com tumores?
A via mTOR (Mammalian Target of Rapamycin) é uma rota metabólica envolvida no crescimento, na proliferação e na sobrevivência celular. Essa via é ativada naturalmente pelo corpo em resposta à insulina, aminoácidos e fatores de crescimento. Ou seja, proteínas em excesso também podem estimular o mTOR.
Em contextos de câncer, isso pode representar um risco, pois tumores também utilizam essa via para crescer. Por isso, uma dieta cetogênica oncológica precisa controlar não apenas os carboidratos, mas também as proteínas.
Dieta cetogênica para câncer é igual à de emagrecimento?
Não. A Dra. Janaína reforça que a cetogênica usada como coadjuvante em casos oncológicos é diferente da versão voltada para perda de peso. Embora ambas tenham em comum a restrição de carboidratos, a versão terapêutica é mais precisa, com controle rigoroso de macronutrientes, monitoramento laboratorial e, idealmente, prescrição profissional.
Ela enfatiza que qualquer plano alimentar para pacientes com câncer deve ser conduzido por uma equipe especializada, com nutricionista funcional ou oncológico que compreenda os mecanismos da doença e os efeitos metabólicos da alimentação.
E o que a ciência diz sobre carne e câncer?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já classificou carnes processadas como potencialmente carcinogênicas, o que não se aplica às carnes in natura, como frango, peixe ou carne vermelha fresca. Mesmo assim, não há consenso científico de que o consumo moderado de carne fresca cause ou piore o câncer.
A preocupação atual da comunidade científica é com padrões alimentares inflamatórios, sedentarismo, obesidade e ultraprocessados. A carne pode ser parte de uma alimentação equilibrada, desde que inserida dentro de um contexto saudável.
Fontes oficiais e diretrizes atualizadas
- Instituto Nacional de Câncer (INCA): https://www.inca.gov.br
- Organização Mundial da Saúde (OMS): https://www.who.int
- PubMed – Protein intake and cancer metabolism: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov
Esses órgãos alertam sobre o cuidado com dietas radicais sem acompanhamento profissional e reforçam que o equilíbrio e a individualização são a base do tratamento nutricional seguro em pacientes oncológicos.
A carne pode estar no prato, mas o exagero não pode estar na rotina
Comer carne não causa câncer, mas usar proteínas em excesso, especialmente em estratégias como a dieta cetogênica, pode ativar mecanismos celulares indesejados em pacientes oncológicos. A mensagem da Dra. Janaína Koenen é clara: não se trata de excluir alimentos, mas de ajustar quantidades e objetivos terapêuticos.
Se você ou alguém da sua família está enfrentando o câncer, procure orientação nutricional e médica antes de fazer qualquer mudança alimentar. O acompanhamento especializado é o que garante segurança, equilíbrio e eficácia nas estratégias de e ao tratamento.