O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) vai começar, a partir de 26 de maio de 2025, o pagamento dos valores descontados indevidamente de aposentados e pensionistas em todo o país. A medida atende a uma série de denúncias envolvendo fraudes cometidas por associações que falsificaram autorizações para realizar descontos ilegais em benefícios mensais.
A operação deve atingir milhares de segurados e representa um dos maiores ressarcimentos já realizados pela Previdência Social brasileira. A devolução será feita diretamente na conta bancária dos beneficiários, de acordo com um calendário que vai até o dia 6 de junho.
Como vai funcionar o reembolso do INSS
Segundo o órgão, os valores serão creditados automaticamente, sem necessidade de solicitação formal. Os segurados que receberam notificações devem apenas confirmar, por meio dos canais oficiais do INSS, se autorizaram ou não os descontos aplicados.
O calendário de pagamentos foi dividido conforme o número final do benefício:
Benefícios até um salário mínimo
Final 1: 26/05
Final 2: 27/05
Final 3: 28/05
Final 4: 29/05
Final 5: 30/05
Final 6: 02/06
Final 7: 03/06
Final 8: 04/06
Final 9: 05/06
Final 0: 06/06
Benefícios acima de um salário mínimo
Final 1 e 6: 02/06
Final 2 e 7: 03/06
Final 3 e 8: 04/06
Final 4 e 9: 05/06
Final 5 e 0: 06/06

Fraudes podem ter desviado mais de R$ 6 bilhões
As investigações conduzidas pela Polícia Federal, CGU e Ministério da Previdência revelam um cenário alarmante: associações teriam desviado bilhões de reais entre 2019 e 2025, aplicando golpes em idosos e pensionistas por meio de falsificações.
O valor total pode ultraar R$ 6,3 bilhões, sendo que a AGU já conseguiu bloquear judicialmente R$ 2,56 bilhões em bens das entidades envolvidas para garantir o ressarcimento. A apuração continua, e novas medidas judiciais devem ser adotadas.
Crise provoca queda de ministros e turbulência política
O escândalo gerou forte impacto no cenário político nacional, resultando na queda de figuras importantes do governo. O ex-ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, e o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, deixaram seus cargos em meio à pressão pública e à repercussão das fraudes.
O governo Lula afirma que as irregularidades começaram durante o mandato anterior, de Jair Bolsonaro, e nega omissão. A oposição, por sua vez, acusa o atual governo de negligência e lentidão na apuração dos casos.
Oposição quer I para investigar o escândalo
Com o agravamento da crise, partidos de oposição articulam a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (I) para investigar a fundo o esquema fraudulento. A proposta já conta com apoio crescente no Congresso, mas enfrenta resistência da base governista, que teme ampliar a exposição política.
Enquanto isso, a pressão por responsabilização aumenta, tanto nas redes sociais quanto entre entidades de defesa dos aposentados.
INSS corre contra o tempo para restaurar a confiança
O governo federal agora tem o desafio de recuperar a confiança dos beneficiários e da opinião pública. Além de efetuar os ressarcimentos, o INSS promete reforçar seus sistemas de controle, ampliar a transparência e exigir mais rigor na relação com entidades conveniadas.
O futuro das investigações será decisivo para determinar se o episódio será apenas mais um escândalo esquecido ou um ponto de virada para a proteção dos direitos dos aposentados brasileiros.