A orquestra de frevo que acompanhou a equipe de “O agente secreto” em sua chegada ao tapete vermelho de Cannes preparou o público para a première do filme de Kleber Mendonça Filho. Após a primeira sessão hoje (18/5), o thriller é apontado como forte concorrente à Palma de Ouro. Foi ovacionado por quase 10 minutos.

Muito aplaudido, o filme estrelado por Wagner Moura foi apontado pela “Variety” uma “robusta imersão sensorial e de memória de Kleber Mendonça Filho nas paisagens, sons e clima sufocante — tanto político quanto meteorológico — que o diretor brasileiro associa ao Recife de 1977.”

Mais de 100 mortes e desaparecimentos marcam a trama que traz influências, ainda segundo a “Variety”, de Martin Scorsese, Alfred Hitchcock, Brian De Palma e Johm Carpenter.

“Em termos de tom, 'O agente secreto' é uma mistura inesperada do entusiasmo sangrento de 'Bacurau' e da abordagem mais reflexiva do filme mais recente do diretor, o documentário ‘Retratos fantasmas’, com seu fascínio por arquivos, histórias orais e os cinemas que outrora existiram nas cidades brasileiras”, destacou o “Screen Daily”.

"O agente secreto", afirmou a "Variety", não é Marcelo (um pesquisador universitário, personagem de Moura), mas uma mulher chamada Elza (Maria Fernanda Cândido), que arranjou seu pseudônimo, bem como um emprego para ele no cartório de identificação. Lá, ele tem liberdade para vasculhar os registros em busca de qualquer documento que possa estar ligado à sua falecida mãe — cuja importância fica clara na conclusão atual do filme (onde Moura, barbeado, aparece em um segundo papel).

O terno do ator Jeremy Strong, membro do júri do festival, combinou com os tons da Palma de Ouro de Cannes Valery Hache/AFP
De verde, a modelo brasileira Alessandra Ambrosio fez do tapete vermelho de Cannes sua arela Sammer Al-Doumy/AFP
Com seu vestido branco, a atriz chinesa Wan Quianhui desobedeceu à proibição de figurinos volumosos no tapete vermelho Sammer Al-Doumy/AFP
O surpreendente véu, calça comprida e cauda formaram o look da atriz sa Juliette Binoche, presidente do júri de Cannes 2025 Sammer Al-Doumy/AFP
Modelo brasileira Luma Grothe escolheu vestido brilhante e decotado para cruzar o tapete vermelho de Cannes Valery Hache/AFP
Atriz americana Ariana Greenblatt em sua estreia no tapete vermelho de Cannes Valery Hache/AFP
Atriz sa Pom Klementieff apostou no longo superdecotado em tom lilás Sameer Al-Doumy / AFP
Elenco de "Missão: Impossível" 8 após a exibição do filme no Festival de Cannes Miguel Medina/AFP
Atriz Hayley Atwell usou vestido vermelho com volume na sessão de "Missão: Impossível" 8 Sameer Al-Doumy/AFP
Atriz americana Andie MacDowell exibiu terninho preto no tapete vermelho do festival francês Sameer Al-Doumy/AFP
Tom Cruise combinou gravata borboleta com franjinha para a exibição do novo filme de "Missão: Impossível" Valery Hache/AFP
A atriz americana Halle Berry manifestou publicamente sua preocupação com a proibição a vestidos volumosos e prometeu ajustar seu look. Ficou assim... Sameer Al-Doumy/AFP
O ator americano Robert De Niro com a mulher, Tiffany Chen, e filha, Helen De Niro Valery Hache/ AFP
A atriz americana Eva Longoria apostou no vestido brilhante com discreta cauda preta Miguel Medina/AFP
Casal impecável: o diretor Quentin Tarantino e a mulher, Daniella Pick Sameer Al-Doumy / AFP
Apesar da proibição a caudas longas, a modelo alemã Heidi Klum desafiou as novas regras com seu vestido cor-de-rosa Sameer Al-Doumy/AFP
Modelo americana Bella Haddid apostou no pretinho ousado para a abertura do festival francês Sameer Al-Doumy/AFP

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, também esteve presente na sessão de gala. Antes de embarcar para a França, ela havia se reunido com o cineasta em Brasília, ocasião em que lhe desejou sorte.

Além do elenco do filme, onde também se destacam Gabriel Leone e Hermila Guedes, outros presentes no tapete vermelho foram Camila Queiroz, Juan Paiva e Juliana Paes.

A coprodução entre Brasil, França, Holanda e Alemanha foi filmada de junho a agosto de 2024 em São Paulo, Brasília e Recife. Com US$ 4,7 milhões, é o projeto de maior orçamento de Mendonça Filho até o momento.

O thriller, ambientado em 1977, acompanha Marcelo Alves (Wagner Moura), um especialista em tecnologia que retorna ao Recife fugindo do próprio ado. Não demora a perceber que o local está longe de lhe proporcionar o alento que busca.

Em entrevista publicada hoje pelo “Screen Daily”, Mendonça Filho comentou que mesmo fazendo um filme ambientado durante a ditadura militar (1964-1985), “O agente secreto” não é uma história sobre o período de exceção.


“Os anos 1970 não me fazem pensar necessariamente no pau de arara. Também não penso nos assaltos a banco, que ajudaram a financiar a resistência na época. Isso já foi feito em outros filmes”, afirmou o diretor.

“O agente secreto” é o terceiro filme do diretor que compete pela Palma de Ouro. “Bacaurau” (2019), seu longa de ficção anterior, levou o Prêmio do Júri em Cannes. O festival segue até o próximo sábado (24/5), quando serão anunciados os vencedores.

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