Mostra "Estado da arte", no Expominas, revela expressões da mineiridade
Evento propõe uma síntese da história e da cultura de Minas Gerais por meio da junção das diferentes áreas que as compõem, da gastronomia à arquitetura
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Siga noTraduzir a mineiridade, incluindo aspectos de sua cultura, sua história, seus costumes e sua gastronomia, entre outros, é a tarefa hercúlea de que a mostra “Estado da arte”, que abre nesta terça-feira (27/5), no Expominas, pretende dar conta.
Diversas áreas da criação, como o cinema, a música, a literatura e a arquitetura são contempladas num projeto que consiste em um ambiente imersivo que é, ao mesmo tempo, uma cenografia, uma exposição de artes visuais e uma instalação.
Idealizada por Tatyana Rubim, da Rubim Produções, que também assina a coordenação geral, a iniciativa tem a expografia assinada por Erika Foureaux ao lado de Isabella Borges e Gabriel Arnaut. A direção artística é de Carlos Gradim.
A curadoria é coletiva, formada por profissionais representantes das diferentes áreas do fazer artístico que integram a mostra. O time foi selecionado com base em suas vivências, experiências e na contribuição que esses nomes já trouxeram para seus ambientes.
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A seleção reúne talentos como Fernanda Vianna (artes cênicas), Maurício Tizumba (música), Chico Mendonça (literatura), Marcus Lontra (pintura e escultura), Mônica Cerqueira (cinema), Juliana Flores (artes urbanas), Leo Castriota e Vilmar Sousa (patrimônio histórico), Felipe Rameh e Zora Santos (gastronomia), João Uchôa (arquitetura urbana) e Ricardo Gomes. O evento é parceria com o Centro de Artesanato Mineiro (Ceart) e Secretaria de Desenvolvimento de Minas Gerais.
Carlos Gradim diz que o grande desafio da mostra foi justamente contar a história da cultura mineira, considerando todas as partes que a constituem, em um espaço delimitado, tentando fazer com que o visitante consiga, de alguma forma, entender, pela ótica do simbólico, o que é a mineiridade.
Coube a ele traduzir e organizar o conteúdo de forma imagética, criando unidade conceitual a partir dos recortes propostos para cada um dos curadores.
“Fizemos um exercício com todos os envolvidos, perguntando o que era ser mineiro, para chegar a uma ideia que norteasse a mostra”, diz.
Pracinha e coreto
Gradim explica que, ao chegar, o visitante se encontra em um ambiente cenográfico que reproduz uma praça, com coreto e algumas construções no entorno, como igreja e casa com fogão de lenha, onde é possível até sentir cheiro de café. Essa dimensão simbólica se cruza com a concretude da exposição de artes visuais, conforme aponta.
“Temos uma galeria real, com obras de ícones do cenário artístico mineiro, como Amílcar de Castro, Niúra Bellavinha, José Alberto Nemer, Carlos Bracher, Maria Helena Andrés e Thaís Helt, entre outros. Nas artes cênicas, temos as três 'catedrais' do estado – Grupo Galpão, Grupo Corpo e Grupo Giramundo – representadas por vídeos e imagens. A Veraneio que o Galpão usou no espetáculo 'Romeu e Julieta' também estará em exposição”, destaca.
O curador diz que a mostra, dessa forma, caminha entre o conteúdo historiográfico e a materialidade das obras expostas. O módulo dedicado à música, por exemplo, traz a animação em vídeo de um trenzinho que percorre a produção do estado ao longo das décadas, desde a primeira metade do século ado até chegar ao Clube da Esquina.
O público poderá conferir, por outro lado, peças de artesanato assinadas por mestres como Noemisa, GTO e Izabel Mendes da Cunha.
Guimarães Rosa
Tatyana Rubim salienta que as linguagens matriciais da mostra, que atravessam todas as outras, são a gastronomia e a literatura, com destaque para a obra de Guimarães Rosa.
Mais conhecida por sua atuação na seara das artes cênicas, com o projeto Teatro em Movimento, ela diz que esta é sua segunda investida no universo das exposições e que tem sido prazeroso trabalhar com diferentes expressões.
“Quando você junta o artesanato com a literatura e os grupos Giramundo e Galpão, cria uma intimidade entre grandes ícones do estado”, diz.
A produtora cultural destaca os trabalhos de curadoria de João Uchôa na arquitetura, fazendo referência ao complexo da Pampulha; de Mônica Cerqueira, trilhando, por meio de cartazes, um percurso que vai de Humberto Mauro à produtora Filmes de Plástico; e de Tizumba, que, na música, resgata nomes que as novas gerações, eventualmente, não conhecem, como Ary Barroso ou Clara Nunes.
“A mostra revela Minas Gerais para os turistas, mas também para os mineiros, porque propicia encontros importantes”, ressalta.
“ESTADO DA ARTE”
Mostra sobre a mineiridade, desta terça-feira (27/5) a sexta-feira (30/5), no foyer do Expominas (Av. Amazonas, 6.200, Gameleira), com horário de visitação das 9h às 19h. Entrada gratuita, com retirada de ingressos pela plataforma Sympla.