Bruna Schelb lança o longa "IMO" e participa de sessão comentada em BH
Cineasta mineira aborda a opressão feminina por meio do universo surrealista do sonho. Nesta quinta (20/3), ela conversa com o público no Cine UNA Belas Artes
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Siga no“IMO”, primeiro longa-metragem da mineira Bruna Schelb Corrêa, será exibido nesta quinta-feira (20/3), às 20h30, no UNA Cine Belas Artes, em BH. É um novo o na carreira da cineasta, que dirigiu 15 curtas nos últimos anos – o primeiro, “O vampiro da ocupação”, foi lançado em 2016.
O longa foi um dos destaques da seção “Aurora” da 21ª Mostra de Cinema de Tiradentes, em janeiro deste ano. Retratando a opressão no cotidiano feminino por meio do absurdo e do onírico, o filme é dedicado às mulheres da família de Bruna, que vai conversar com o público após a sessão em BH.
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A cineasta conta que se inspirou nas três irmãs mais novas. “Queria fazer um filme que falasse para elas que às vezes as coisas nos deixam tristes e nos oprimem, mas é preciso ter força para resistir. Além disso, queria enfatizar que sempre terá alguém para fazer isso por elas, no caso eu”, afirma.
Rodado com pouco mais de R$ 1 mil, o longa tem estética que remonta à formação acadêmica de Bruna, de 32 anos, cujos primeiros filmes se inspiravam no cinema marginal. Natural de Cataguases, ela se formou em cinema e audiovisual pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Sem falas, trilha sonora ou movimentos bruscos de câmera, “IMO” se a no universo onírico. “Quando você se lembra de um sonho, ele não tem as características da linguagem fílmica. A gente tem apenas o que o nosso subconsciente oferece. Com isso, a tentativa era de criar um estranhamento para que o espectador tenha sensações diferentes. O filme exige paciência, mas deixa o sujeito absorto no que está acontecendo com aquelas personagens”, comenta.
A narrativa acompanha a reação de três mulheres à opressão. A primeira personagem, interpretada por MC Xuxu, é dona de casa e exerce trabalho semelhante ao de um escritório. No mundo real, reorganiza a própria casa, enquanto relembra situações de sua vida. No universo onírico, enfrenta a mão masculina, que a impede de realizar seus afazeres.
Dor e libertação
A segunda personagem, Helena Frade, é obcecada pela própria beleza. Procura se libertar desse fardo por meio da higiene, chegando a arrancar os próprios olhos. Ao enterrá-los, eles se transformam em uma flor, posteriormente roubada por um homem e consumida por Helena.
“Ela se liberta do problema naquele momento. Porém, muitas pessoas já me contaram distintas percepções sobre as cenas. É um mérito da narrativa, da fotografia e dos outros setores do filme conseguir criar imagens que geram diferentes interpretações”, diz a diretora.
A terceira mulher é vivida por Giovanna Tintori. A personagem acorda sozinha no próprio quarto e se lembra de uma situação extrema: nua sobre a mesa, está cercada por homens que invadiram seu espaço.
A opressão que as mulheres sofrem em “IMO” é alegórica. “O que fiz foi não criar mais imagens de mulheres apanhando e morrendo, porque acho que isso já tem demais”, comenta Bruna Schelb. “A ideia é subverter o lugar para onde a opressão vai, porque é a reação delas que carrega a narrativa. O que importa é o que elas fazem diante do ruim, do opressor”, afirma a diretora.
“IMO”
(Brasil, 2025, 71min.) De Bruna Schelb Corrêa. Com Giovanna Tintori, Helena Frade e MC Xuxu. Exibição nesta quinta-feira (20/3), às 20h30, no UNA Cine Belas Artes (Rua Gonçalves Dias, 1.581, Lourdes). A diretora participará de debate após a exibição. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), à venda na plataforma Velox Tickets, e R$ 14, à venda na bilheteria.
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria