CINEMA

Mostra no CCBB de BH exibe 28 filmes de terror dirigidos por mulheres

'Mestras do macabro: As cineastas do horror ao redor do mundo' começa nesta quarta-feira (12/3) e destaca o talento de diretoras de vários países

Publicidade
Carregando...


Pense em cinco mestres do terror. Não é um desafio difícil. De imediato, podem vir à mente os cineastas Brian de Palma, Stanley Kubrick e William Friedkin – como esquecer a icônica cena da personagem de Linda Blair, em “O exorcista”, girando a cabeça em 180 graus?

Aqui no Brasil, temos Rodrigo Aragão com toda a carnificina em seus filmes e, claro, o imortal José Mojica Marins, o Zé do Caixão. Mas e as mulheres?


Elas fazem parte da mostra “Mestras do macabro: As cineastas do horror ao redor do mundo”, com entrada franca, que vai desta quarta-feira (12/3) ao próximo dia 24, levando 28 filmes de horror feitos por mulheres de diferentes nacionalidades ao CCBB BH. A programação contempla produções de 1971 a 2023.

Com curadoria da pesquisadora Beatriz Saldanha, a mostra revela que há algum tempo as mulheres flertam com o terror e com as variações do gênero. Prova disso é o bizarro e controverso “Orgam: Sem limites para o horror” (1996), da japonesa Kei Fujiwara. O longa, que tem média pífia de dois pontos no agregador de críticas Rotten Tomatoes, é uma excursão pelo submundo de Tóquio, onde traficantes de partes de corpos humanos fazem negócios.

“É um dos filmes mais estranhos que já vi”, comenta Beatriz. “Mas ele é importante, porque tem Kei Fujiwara na direção. Ela é uma figura muito interessante. Ganhou projeção como atriz ao estrelar ‘Tetsuo – O homem de ferro’ (1989, de Shinya Tsukamoto), filme bem distópico. Já em ‘Organ’, ela vem com o grotesco”, acrescenta.

Impulsos irracionais

Seguindo nessa linha trash, a programação vai exibir “O massacre” (1982), de Amy Holden Jones, e “Desejo e obsessão” (2001), longa-metragem em que Claire Denis usa o canibalismo como alegoria dos impulsos carnais mais irracionais.


Aos 78 anos, Claire Denis está entre as diretoras mais ecléticas do cinema contemporâneo. Uma de suas principais seguidoras é a brasileira Alice Furtado, que, em “Sem seu sangue” (2020), recorre ao mesmo artifício da sa ao transformar vísceras e corpos decepados em alegoria para revelar como uma das personagens dá vazão à energia catártica.


Saindo do grotesco, “Mestras do macabro: As cineastas do horror ao redor do mundo” conta com o distópico tcheco “O chalé do lobo” (1986), de Vera Chytlová; o thriller psicológico hollywoodiano “Amores divididos” (1997), de Kasi Lemmons; e o nonsense brasileiro “Medusa” (2021), de Anita Rocha da Silveira.


Entre os clássicos de Hollywood celebrados até hoje estão “Cemitério maldito” (1989), de Mary Lambert, e “Psicopata americano” (2000), de Mary Harron.


“Não existem aspectos em comum da direção feminina em filmes de terror. Cada uma tem suas particularidades”, diz a curadora Beatriz Saldanha.


“O que nós queremos com a mostra é a reivindicação de espaço. Quando se fala em cinema de terror, o destaque maior está nos nomes masculinos. Quando se fala de cineastas mulheres nesse gênero, nós nos limitamos às diretoras mais recentes, cujos filmes foram lançados de 2010 para cá”, afirma.

Atriz olha da janela de carro e faz o sinal de silêncio com a mão nos lábios, em cena do filme Amores divididos
'Amores divididos', dirigido pela americana Kasi Lemmons, é um thriller psicológico à moda de Hollywood Reprodução


Há muito tempo, as mulheres fazem filmes de terror, observa a curadora. “O que acontece é que, infelizmente, elas não têm carreira longa nesse cinema de gênero”, destaca Beatriz.


Uma das poucas que fogem à regra é a norte-americana Roberta Findlay. Muito criticada por iniciar a carreira em filmes eróticos (“The altar of lust”, “Fantasex” e “Liquid assets”), ela migrou para o terror, onde se manteve até o início dos anos 2000, quando lançou seus últimos títulos.

“Normalmente, as cineastas mulheres fazem um único filme do gênero e depois migram para a TV ou vão fazer outras coisas”, afirma Beatriz. “Quando analisamos os filmes das décadas adas, percebemos muitos clichês e estereótipos que incomodam. São cenas de nudez e insinuações sexuais que refletiam a imposição da indústria cinematográfica. De uns anos pra cá, felizmente isso vem acabando”,conclui.


Curso de horror

Além da exibição de filmes, “Mestras do macabro: As cineastas do horror ao redor do mundo” programou o curso “Cineastas do horror”, ministrado por Beatriz Saldanha em três módulos. O primeiro encontro ocorre nesta quarta-feira (12/3), às 14h, no CCBB. Os outros dois estão marcados para quinta e sexta, no mesmo horário. Interessados devem retirar ingressos gratuitamente na bilheteria do CCBB.

“MESTRAS DO MACABRO: AS CINEASTAS DO HORROR AO REDOR DO MUNDO”


Mostra de cinema no CCBB-BH (Praça da Liberdade, 450, Funcionários). Desta quarta-feira (12/3) a 24/3, com exibições todos os dias (exceto terça-feira), em diferentes horários. Nesta quarta-feira, “O cemitério maldito”, de Mary Lambert, às 16h30, e “O massacre”, de Amy Jones; às 18h50. Entrada franca, mediante retirada de ingressos na bilheteria ou pelo site do CCBB. Informações: (31) 3431-9400.

Tópicos relacionados:

belo-horizonte ccbb cinema filme-de-terror

Parceiros Clube A

Clique aqui para finalizar a ativação.

e sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os os para a recuperação de senha:

Faça a sua

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay