Mostra em BH homenageia Ruy Guerra, que participa de sessão comentada na 5ª
Diretor, de 93 anos, vai conversar com a plateia sobre o 'Aos pedaços', no Centro Cultural Unimed-BH Minas
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Siga noNascido em Moçambique e radicado no Brasil desde 1958, o diretor Ruy Guerra, de 93 anos, nome fundamental do Cinema Novo, ganha mostra no Centro Cultural Unimed BH-Minas, com exibição dos clássicos “Os cafajestes” (1962), nesta terça (11/3), e “Os fuzis” (1964), na quarta-feira. O cineasta virá à capital mineira na quinta (13/3) para comentar seu filme “Aos pedaços” (2020).
Para o programador da mostra, Samuel Marotta, a potência de filmes de Guerra como “Os cafajestes” e “Os fuzis” permanece atual. “Ainda que se em nos anos 1960, inerentes às celebrações da política no mundo da época, não são peças de museu que você vê só para irar. Os filmes do Ruy reverberam e são muito potentes vistos a qualquer momento, seja hoje ou daqui a 100 anos”, diz ele.
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Influenciado pelo Neorrealismo italiano e pela Nouvelle Vague sa, o Cinema Novo era fruto do incômodo com a importação de narrativas hollywoodianas. Surgiram, então, filmes com histórias que desconstruíam a lógica tradicional e desafiavam tabus sociais.
Em “Os cafajestes”, Ruy Guerra retrata os amigos Jandir (Jece Valadão) e Vavá (Daniel Filho), jovens da classe média de Copacabana. Diante da crise financeira do pai de Vavá, a dupla decide chantagear o tio do personagem com fotos comprometedoras de sua amante Leda (Norma Bengell).
O longa teve trajetória comercial conturbada, enfrentando censura e proibições devido à abordagem livre de cenas de sexo e uso de drogas, incomuns nos anos 1960.
Outra característica do Cinema Novo é o foco no sertão. Em “Os fuzis”, soldados são enviados para Milagres, pequena cidade da Bahia, para impedir que a população saqueie depósito de alimentos destinados à capital.
Com os atores Nelson Xavier, Maria Gladys e Hugo Carvana, o filme aborda a crise social e econômica do país, enquanto questiona a ividade da população diante da opressão.
“Aos pedaços” foi produzido seis décadas depois dos dois sucessos. Desta vez, Ruy adota narrativa menos linear, diluindo fronteiras entre realidade, obsessão e paranoia.
A trama acompanha Eurico Cruz (Emílio de Mello) em seu casamento com duas mulheres, Ana e Anna (Simone Spoladore e Christiana Ubach), idênticas a ponto de não conseguir diferenciá-las, Eurico acredita que uma delas vai matá-lo.
“Ruy Guerra é mente inconformada. Assim como os filmes do Cinema Novo lidam com as questões do mundo, este também o faz. É até interessante perceber as mudanças significativas na obra desse autor tão importante. Entender como, aos 93 anos, ele lida com as questões estéticas e políticas que envolvem a produção de um filme”, conclui Samuel Marotta.
“RUY GUERRA: TRÊS TEMPOS”
Hoje (11/3)
• 18h20: “Os cafajestes” (1962), de Ruy Guerra
Quarta (12/3)
• 17h20: “Os fuzis” (1964), de Ruy Guerra
Quinta (13/3)
• 19h30: “Aos pedaços” (2025), de Ruy Guerra. Sessão comentada pelo diretor
• Centro Cultural Unimed BH-Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Entrada franca, com retirada de ingressos meia hora antes
do início da sessão.
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria