
Anúncio do fim do BDMG Cultural atropela abertura de exposição
Fórum da Música de Minas Gerais planeja protesto no horário do vernissage de "Todas as coisas são infinitas coisas", de Iago Marques, às 19h desta quinta (25/4)
compartilhe
Siga no
A notícia da extinção do BDMG Cultural chegou na véspera da abertura da exposição “Todas as coisas são infinitas coisas”, de Iago Marques, que marca o início do Ciclo de Mostras 2024 da instituição, com nomes selecionados por meio de edital.
24/04/2024 - 04:00 As bruxas estão soltas: mostra no CCBB traz filmes sobre essas personagens 24/04/2024 - 04:00 Mostra exibe os primeiros filmes do diretor mineiro Joel Zito Araújo 24/04/2024 - 04:00 Dorival Caymmi em versão blues em álbum de Adriano Grineberg
Diante do anúncio, artistas ligados ao Fórum da Música de Minas Gerais começaram a articular, imediatamente, manifestação para esta quinta-feira (25/4), às 19h – mesmo horário do vernissage, que, segundo a assessoria do BDMG Cultural, está mantido.
A ideia é chamar a atenção para o fim de uma das principais fomentadoras dos fazeres artísticos no estado, especialmente nas áreas de música e artes visuais. Integrante do Fórum – que reúne mais de 400 artistas mineiros –, o cantor, compositor e instrumentista Makely Ka disse que um chamamento à manifestação segue aberto.
“Na discussão do Fórum, pensamos em aproveitar a inauguração da exposição. Encampamos essa ideia e jogamos para os artistas. Nos sentimos convidados a participar desse processo e estamos ajudando a convocar. Essas coisas não podem ar e, se a gente não diz nada, elas am. A rádio Inconfidência e a TV Minas aram da cultura para a comunicação e ninguém falou nada”, afirma.
Leia também: CCBB-BH recebe a exposição "Tesouros ancestrais do Peru"
Ele aponta um projeto de desmonte da cultura pelo governo Romeu Zema (Novo). “Uma coisa importante de lembrar sempre é que o Partido Novo foi o único que votou contra as leis emergenciais de apoio à cultura, tanto na Câmara quanto no Senado”, diz. “O que se fala é que os programas desenvolvidos pelo BDMG Cultural ariam a ser conduzidos pela FAOP (Fundação de Artes de Ouro Preto), onde já estudei. Ela não tem a menor condição, não tem expertise para assumir isso”, afirma.
Makely Ka observa que “havia a promessa de se criar um prêmio para a canção, nos moldes do BDMG Instrumental, que é fundamental. Todo ano a gente conta com essas ações na agenda. Se você fomenta a música instrumental, você fomenta a cena da música como um todo, porque são os instrumentistas participantes que tocam com a gente”.
Surpresa
Iago Marques diz ter recebido com surpresa a notícia do fechamento do BDMG Cultural. “É bem impressionante, não esperava por isso. Belo Horizonte ainda tem uma carência grande de espaços para novos artistas mostrarem seus trabalhos, o que vale, principalmente, para nós, das artes visuais. A Galeria de Arte do BDMG Cultural é um polo muito importante para a cena local”, disse.
Em “Todas as coisas são infinitas coisas”, ele reúne 25 obras produzidas ao longo do ano ado, de dimensões variadas, que incluem desenhos, colagens, pinturas em acrílica e técnica mista. A exposição tem como ponto de partida o Trabalho de Conclusão de Curso do artista na Escola de Belas Artes da UFMG e é marcada pela abstração e pela utilização de cores fortes e vibrantes, que buscam ressignificar o cotidiano.
Leia também: Casa Nelsa: residência da chef do Xapuri se transforma em centro cultural
“No meu TCC, pesquisei processos artísticos, de ateliê mesmo, com foco na colagem e no desenho e, a partir deles, me aprofundei em temas que vinha desenvolvendo ao longo da graduação”, explica. Ele aponta que esses temas convergem numa dimensão poética do sentido da vida e são atravessados por um quê de espiritualidade e religiosidade. Para o artista, a inspiração vem de situações do ser humano na lida cotidiana.
“Gosto de filosofia oriental, de textos religiosos e da transcendência, de um modo geral. Tenho lido o 'Baghavad Gita', que fala sobre a vida e sobre a destruição da vida. Tem autores que me inspiram, como Ailton Krenak, com o livro 'A vida não é útil', que discorre sobre o sentido moderno da existência. O título da mostra, 'Todas as coisas são infinitas coisas', se refere a isso”, ressalta.
Fragmentos de tudo
Ele salienta que busca expressar essas referências por meio dos elementos básicos da arte – a cor, a forma e a composição. Marques destaca, ainda, que ideias como a não linearidade e a efemeridade da vida, o desgaste e a urbanidade atravessam o conjunto das obras que integram a mostra. “É um trabalho que surge de fragmentos que vou recolhendo com o tempo, de fotografias, pinturas, textos e imagens, em geral, reunindo tudo no meu ateliê”, comenta.
A oportunidade de expor na Galeria de Arte do BDMG Cultural é “muito valiosa”, conforme aponta. “A arte tem o potencial de gerar dúvidas, gerar questões e instigar pesquisas. Esse edital pelo qual fui selecionado é de uma importância enorme, já revelou muitos artistas interessantes, que aram pela Galeria de Arte do BDMG Cultural e hoje estão no mundo. É uma presença forte no circuito cultural de Belo Horizonte”, diz.
“TODAS AS COISAS SÃO INFINITAS COISAS”
Abertura da individual de Iago Marques, nesta quinta-feira (25/4), das 19h às 22h, na Galeria de Arte do BDMG Cultural (Rua Bernardo Guimarães, 1.600, Lourdes). Em cartaz até 2/6, com horário de visitação das 10h às 18h, diariamente, exceto às quintas-feiras (das 10h às 21h). Entrada gratuita.