Beatriz Bevilaqua
Beatriz Bevilaqua
Jornalista e Comunicadora de Startups. Em 2019 e 2021 foi premiada como Melhor Profissional de Imprensa do Brasil pelo "Startup Awards", maior premiação do ecossistema de startups da América Latina. Instagram @beatrizbevilaqua.
MUNDO STARTUP

Como a IA está reconfigurando o trabalho dentro das organizações

Setores istrativos e de atendimento estão entre os mais atingidos pela automação, mas a IA também pode ser uma aliada na criação de empregos

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A inteligência artificial (IA) já deixou de ser promessa futurista para se tornar protagonista silenciosa de mudanças profundas no mercado de trabalho. Em alguns setores, o impacto é quase imediato e visível: cortes de pessoal, reestruturações e novos fluxos operacionais. Em outros, a transformação é mais sutil, mas igualmente radical. Para Fábio Cassettari, sócio-diretor da Career Group, o fenômeno não deve ser lido apenas como substituição de pessoas por máquinas. O momento exige olhar atento e estratégico.
“É inegável que alguns setores sentem o impacto da automação e da IA de forma mais imediata, especialmente aqueles com muitas tarefas rotineiras e digitalizáveis”, afirma Cassettari. Entre os setores mais atingidos, ele cita e ao cliente, back-office istrativo (como RH, finanças e jurídico) e entrada de dados e atendimento bancário. O caso da Klarna, fintech sueca, é emblemático: um assistente de IA assumiu milhões de atendimentos e realizou o trabalho equivalente ao de centenas de agentes humanos, com impacto financeiro relevante.
Estudos reforçam a tendência. O “Future of Jobs Report 2023”, do Fórum Econômico Mundial (WEF), projeta a eliminação de 83 milhões de postos de trabalho até 2027. No Brasil, o Ipea já calculava que 56% dos empregos formais têm alto potencial de automação. E, mais recentemente, em 2024, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estimou que 37% dos postos brasileiros estão expostos à IA generativa.
Ainda assim, a visão de Cassettari é cautelosa, e também otimista. “Acredito que estamos vivendo muito mais uma reconfiguração profunda do trabalho humano do que uma simples substituição em massa”, analisa. O mesmo relatório do WEF prevê a criação de 69 milhões de novas vagas, num movimento que ele chama de “grande dança das cadeiras”.

IA: vilã ou catalisadora?

Segundo o executivo, diferenciar uma demissão motivada por IA de uma reestruturação mais ampla exige atenção. “Se o corte é concentrado em funções rotineiras e não está atrelado a grandes movimentos estratégicos, como fusões ou fechamento de unidades, a IA pode ser o fator preponderante”, explica. Por outro lado, há também empresas que têm usado a tecnologia para preservar e até criar empregos.
A Toyota, por exemplo, desenvolveu o sistema O-Beya, baseado em IA, para capturar o conhecimento de engenheiros e acelerar a inovação – sem reduzir o quadro de pessoal. “Outro exemplo são os cobots, robôs colaborativos que atuam ao lado de humanos em tarefas repetitivas ou perigosas, liberando os profissionais para atividades mais qualificadas”, acrescenta Cassettari.
 
Na própria Career Group, a IA já é parte do cotidiano. A empresa desenvolveu soluções como um assistente de carreira baseado em inteligência artificial, IA para simular entrevistas, captar vagas e gerar conexões profissionais. “O dos clientes tem sido muito positivo, especialmente em relação à agilidade e à sensação de ter uma mentoria 24x7”, comenta. “A IA nos permite escalar o alcance e a personalização do e, sem perder o toque humano onde ele é insubstituível.” 
Para Cassettari, mesmo com todas as inovações, as habilidades humanas seguem como ativo central no futuro do trabalho. “Pensamento analítico, criatividade, empatia, liderança e julgamento ético são competências profundamente humanas e muito difíceis de serem replicadas por algoritmos com a mesma profundidade e nuance”, afirma. “A boa notícia é que há muito que podemos fazer para prosperar nesse novo cenário. A palavra-chave é aprendizado contínuo e adaptabilidade.” 
Ele reforça a importância de dominar o uso da IA como ferramenta – e não como fim em si mesma. “Não é sobre virar programador, mas sobre entender como usar essas ferramentas para gerar valor. Saber fazer boas perguntas, usar IA generativa, analisar dados... isso é o novo básico.” 
Apesar das oportunidades, Cassettari alerta para os riscos éticos, especialmente no uso da IA em processos de contratação e demissão. “Se os dados usados para treinar a IA refletem preconceitos históricos, o sistema pode perpetuar ou até ampliar discriminações”, diz. “Além disso, muitos desses sistemas funcionam como caixas-pretas: não sabemos exatamente por que uma decisão foi tomada.”
Para evitar que a IA aprofunde desigualdades, ele defende investimentos em requalificação ível, especialmente para grupos mais vulneráveis. E aponta um caminho estratégico: “Gostaria muito de ver mais discussão sobre o uso da inteligência artificial dentro do setor público. Aqui na Career Group temos soluções que poderiam ser aplicadas para promover empregabilidade de forma personalizada em cada município do Brasil.”  
Entre as novidades da Career Group para 2025 está a ampliação da IA assistente de carreira, com novas funcionalidades voltadas à recolocação profissional e apoio psicológico. Mas, para Cassettari, o maior diferencial da empresa não está na tecnologia em si – e sim no modo como ela é usada.
“O futuro do trabalho está sendo co-criado agora mesmo. Empresas, profissionais e tecnologias estão montando juntos um novo quebra-cabeça produtivo. A peça central não é a IA em si, mas a forma como usamos essa ferramenta para tornar o mercado mais eficiente e, sobretudo, mais humano e justo”, resume. “Se unirmos ciência de dados, empatia e propósito, a IA será lembrada não como destruidora de empregos, mas como catalisadora de carreiras.”

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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