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Quando o Cruzeiro fez sua preparação aqui na Flórida, em janeiro, lá da cidade de Bradenton, eu disse que o grupo e o time eram muito fortes e que brigaria por taças na temporada. Pouca gente acreditou, mas eu, com 45 anos trabalhando no futebol, aprendi alguma coisa, e quando há comando e comprometimento, a coisa acontece. Não deu certo com Fernando Diniz, mas o caminho ficou aberto para o português Leonardo Jardim, seu sucessor, que teve 40 dias para treinar a equipe. Mesmo assim, o começo com ele não foi dos melhores e a torcida estava desconfiada, mas ele sabia muito bem o que estava fazendo. Nesse período, conheceu o grupo, preparou os jogadores, física e tecnicamente, e recuperou jogadores que não rendiam o que deles se esperava. Conseguiu fazer a estrela Gabigol aceitar a reserva – na verdade, com o mister, há 17 titulares –, e todos se integrarem à filosofia dele. Mandou embora quem não queria entender a mensagem, e, hoje, além da belíssima colocação no Brasileiro, e da estreia com sobras na Copa do Brasil, o Cruzeiro tem um grupo coeso e unido, onde todos correm por todos. Gabigol virou um belo garçom, ele que estava acostumado a ser servido, hoje é um dos maiores adores do time, sem vaidades e totalmente entrosado.
O Cruzeiro ainda não ganhou nada e vai continuar trabalhando com os pés no chão, humildade e muita sabedoria. Se, há alguns meses, os adversários não respeitavam, a chave virou. Hoje, todos temem encarar o time azul. É bem verdade que a eliminação da Copa Sul-Americana não foi bem digerida, mas “há males que vem para o bem”, e o Cruzeiro pode se dedicar apenas as duas competições que está acostumado a ganhar: Brasileiro e Copa do Brasil. E um detalhe: com apenas R$ 350 milhões por ano, 1/5 do que fatura o Flamengo, está coladinho no time carioca e no Palmeiras, que são os ganhadores de taças nos últimos 10 anos. Ganhou do Flamengo, com propriedade e jogando melhor, e terá o Porco, domingo, no Mineirão lotado, para assumir a ponta. Tudo dentro de um respeito, mas ciente que o Palmeiras irá a BH sabendo que vai encarar um dos melhores times do país. Não por acaso, o técnico palmeirense é também português, e são eles que estão em alta no país do futebol.
Gosto muito da postura de Leonardo Jardim durante os jogos. Sereno, observa muito, não é de dar espetáculo e ficar gritando ou pulando, mas sabe muito bem o que dizer ao grupo, no intervalo. Enxerga o jogo como poucos, e, quando muda a equipe, não há queda de qualidade. Muita gente diz que ele “demora a mexer no time”. Demora não! Ele tira o máximo de cada jogador e só faz a substituição quando realmente percebe ser necessário. Se o time está muito bem, fica difícil mexer.
E esse Cruzeiro tem uma característica que é o DNA do clube: faz um gol e quer o segundo. Faz o segundo e quer o terceiro, e assim por diante. Não é um time econômico em gols, pelo contrário. Cássio voltou a ser o gigante que sempre foi. A dupla de zaga está perfeita. Fágner e Kaike, com futebol de primeira linha, e Lucas Silva, Romero e Christian, três fenômenos. Kaio Jorge fazendo seus gols e Gabigol e Wanderson se revezando por ali. Matheus Pereira melhorou muito, está mais participativo e com a qualidade de sempre, sem contar que Eduardo e Bolasie sempre entram bem. Para se ganhar taças é preciso ter time, grupo e banco, e o Cruzeiro está muito bem servido. A torcida anseia por contratações na janela. Talvez um homem de beirada, mais um para o meio-campo e um zagueiro, e o grupo estará completo. A força maior, porém, vem da arquibancada, onde os 14 milhões da China Azul são representados por 61 mil vozes que empurram o Cruzeiro para as vitórias na “Toca 3”. E, domingo, serei uma dessas 61 mil vozes, para o jogão, que mais vai lembrar uma decisão de campeonato. Está tudo azul pelos lados da Toca 2 e essa tranquilidade será mantida, pois o time tem donos competentes, dirigentes de muita qualidade e sabedoria. Farei o JaeciCarvalhoEsportes, no nosso canal de Youtube, direto do Mineirão, domingo, pré e pós-jogo, e conto com a sua fantástica audiência. Como é bom ser Cruzeiro, o maior ganhador de taças nacionais e internacionais das Minas Gerais, no nível de seus pares, Flamengo, São Paulo, Palmeiras e Grêmio. Já estamos ansiosos para que domingo chegue logo!
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.