
Filho de Cássia Eller emociona o público no Teatro Sesiminas
Chico Chico cantou composições próprias e músicas de Rita Lee e Bob Dylan, acompanhado da Orquestra Sesiminas
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Há um bom tempo a formalidade não é pré-requisito para concertos sinfônicos em Belo Horizonte. Por isso, o público que lotou o Teatro Sesiminas na quinta-feira (3/4) recebeu com simpatia Chico Chico. O filho de Cássia Eller, convidado da Orquestra Sesiminas para abrir o projeto Encontros Musicais 2025, entrou em cena de chinelos e parka camuflada cobrindo o short. Bastaram os primeiros acordes da orquestra para “irável gado novo”, de Zé Ramalho, que ele emendou com “Toada”, de sua autoria, para o jovem cantor conquistar a plateia. Em duas horas de show, o público se emocionou com o repertório de Chico Chico.
Curiosamente, a maioria da plateia era formada por pessoas acima dos 45 anos, que dificilmente acompanham a trajetória de Chico Chico, nome de destaque da jovem cena independente. Claro que boa parte é fã de Cassia Eller e foi ver o filho da grande cantora brasileira no teatro que oferece conforto para a turma 45+. Chico Chico, de 31 anos, lançou seis discos, iniciou sua carreira há uma década, foi indicado duas vezes ao Grammy Latino e prefere ficar longe do nome da mãe famosa.
Em entrevista ao Estado de Minas, Chico Chico declarou: “Tenho muito orgulho do que faço, mas, por outro lado, tenho consciência de que minha trajetória é fruto de um sistema desigual. Não acho que isso desmereça minha música, mas reconheço que me coloca em uma posição de vantagem. Mesmo sem usar o nome da minha mãe, isso abre portas para mim.”
• “ESTOPIM”
Chico Chico não cantou músicas de Cássia Eller. A base do repertório do show em BH foram as canções de “Estopim”, disco lançado por ele no ano ado, acompanhadas pelo grupo regido pelo maestro Marco Antônio Drummond. Fundador da Orquestra Sesiminas e aposentado desde 2019, Drummond substituiu o titular Felipe Magalhães, que está de licença médica. A apresentação teve duas partes. Na segunda, Chico Chico dividiu o palco com o pianista Pedro Fonseca, o baixista João Rafael e o baterista Thiaguinho Silva. O ponto alto foi “Menino bonito”, canção de Rita Lee.“Girl from the North Country”, de Bob Dylan, e “Motor”, música da banda Maglore que Chico Chico disse amar, também estavam no roteiro.
• “NORTE”
O show já caminhava para a metade quando Chico Chico trocou as primeiras palavras com a plateia. “Tô nervoso para 'caraleo'”, disse. Quando alguém gritou “relaxa!”, ele respondeu, com humor: “Relaxa? Fala você daí, né?”. O convidado da noite não parou quieto. Enquanto a orquestra tocava, ele, com olhar de encantamento, circulava entre os músicos. Foi lindo quando, após mostrar sua versão de “Sun is shining”, de Bob Marley, ele dividiu a plateia e a colocou para cantar “Norte”, de Carlos Posada. Um lado entoava “as coisas acontecem de uma hora pra outra/mesmo que demorem a vida inteira para acontecer”, e outro completava: “O amor nunca falhou”. Desinibido e animado, Chico Chico regeu o público antes de chamar a orquestra de volta ao palco. Foi uma noite inesquecível para o Teatro Sesiminas.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.