Paulo Guerra
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Você transformaria seu cérebro em um computador?

A biocomputação promete unir o melhor do cérebro humano com o melhor da computação

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João está com problema de desempenho no seu computador, vai então a um laboratório e retira uma pequena amostra de sangue da coluna espinhal. Seu sangue é enviado para uma empresa suíça que cultiva os neurônios coletados em um ambiente específico. Semanas mais tarde, João recebe em sua casa um pequeno chip criado a partir dos seus próprios neurônios. Ele então instala o chip em seu biocomputador e os problemas de desempenho desaparecem. Parece algo super futurista, né?

Mas essa não é uma realidade tão longe quanto parece. A linha que separa o ser humano da máquina está se tornando cada vez mais tênue e as responsáveis por esse estreitamento são as pesquisas da área da biocomputação, que estão transformando células cerebrais em unidades computacionais.

Para você ter uma ideia, a startup Cortical Labs, lançou o CL1, o primeiro biocomputador disponível comercialmente. Ele é feito de células cerebrais humanas combinadas com chips de silício, criando uma forma de inteligência biológica híbrida.

Outro exemplo vem da startup suíça FinalSpark. Ela desenvolveu um biocomputador capaz de interagir com células cerebrais vivas. Esses feitos tecnológicos são importantíssimos, pois pesquisadores da área de Inteligência Artificial consideram que esse é um o essencial para fazer a IA saltar da caracterização restrita para a geral. Como assim? - você deve estar se perguntando.

É o seguinte: tudo o que conhecemos de inteligência artificial atualmente está enquadrado em um conceito que chamamos de Inteligência Artificial Restrita ou Fraca. Esse tipo de IA é caracterizada pela sua impossibilidade de aumentar as próprias capacidades, ou seja, ela faz aquilo que foi projetada para fazer. Esses sistemas não possuem consciência nem capacidade de raciocinar fora do contexto para o qual foram programados. Mas a IA Geral é diferente. Essa inteligência pode compreender o contexto em que está e se autodesenvolver. Ela tem habilidades cognitivas flexíveis, podendo resolver problemas diversos sem necessidade de reprogramação, ou seja, ela resolve problemas que não foi programada para resolver. É esse o salto que alguns pesquisadores atribuem ao potencial da biocomputação. E não para nisso.

O cérebro humano foi aprimorado ao longo de milhões de anos. Ele é considerado uma das estruturas mais complexas do universo. Com aproximadamente 86 bilhões de neurônios, os cientistas estimam que nosso cérebro é capaz de processar cerca de 100 milhões de instruções computacionais por segundo. Para se ter uma ideia do tamanho disso, um chip Intel 7 é capaz de processar pouco mais de 170 mil instruções computacionais por segundo, ou seja, a capacidade de processamento do nosso cérebro é 588 vezes maior do que um computador atual. Segundo dados da FinalSpark, ele tem essa capacidade gastando 1 milhão de vezes menos energia. Ainda no aspecto positivo, o desenvolvimento da biocomputação tem gerado novos tratamentos para doenças neurodegenerativas.

Entretanto, todo esse avanço levanta dilemas éticos igualmente importantes. A ideia de integrar a biologia à tecnologia desperta receios quanto à desumanização e à manipulação das mentes humanas. Quem controla esses dispositivos? E quais impactos isso poderia ter em nossa autonomia e individualidade? Seriam esses organóides (nome dado às células cultivadas) escravos modernos? Eles sentiriam dor ou qualquer tipo de sofrimento? Seriam considerados seres vivos? Quais são os limites? Transformar corpos humanos em sistemas computacionais nos levaria a um novo conceito de vida e de consciência?

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Não se tem respostas para a maioria dessas perguntas, por isso, a biocomputação não é apenas uma tendência, mas um convite à reflexão. Há perguntas também de outros campos do conhecimento. Você estaria disposto(a) a conectar seu cérebro com um computador?

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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